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                   MODESTO DE ABREU 
                    
                    
                  Nascimento: 1901 - Maricá,  RJ.   Contista, biógrafo, crítico, poeta,  jornalista, teatrólogo                 
                    
                    
                  
                  ÁLBUM DE  POESIAS.  Supplemento d´O MALHO.    RJ: s.d.    117 p.   ilus. col.  Ex. Antonio Miranda 
                    
                  
                    
                    
                    
                  
                  REZENDE, Edgar.  O  Brasil que os poetas cantam.  2ª ed. revista e comentada.  Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos,  1958.  460 p.  15 x 23 cm. Capa dura.   Ex. bibl. Antonio Miranda  
                    
                    
                  A GLÓRIA DE CAXIAS 
                   
                  Nestas horas de horror, nestas  horas sombrias,  
                    Quando a Pátria recebe estúpida agressão,  
                    Paira por sôbre o altar da Brasília Nação,  
                    Qual nume protetor, a imagem de Caxias! 
                    
                  Nestes dias de dor, de luto e  de aflição,  
                    Em que as fôrças do mal, as negras tiranias,  
                    Tudo querem destruir — nestes nefastos dias —  
                    Seja o Duque de Ferro a nossa inspiração. 
                    
                  Dele o amparo nos vem, na paz  como na guerra;  
                    Como ele, sem temor, em defesa da terra 
                    Saberemos lutar, com as armas na mão. 
                    
                  Quem Brasileiro for, há de seguir-lhe o exemplo. 
                    E Luís Alves de Lima há de ter sempre um templo  
                    Em nosso pensamento e em nosso coração! 
                                                  (“Idioma Pátrio”) 
                    
                    
                  QUERIDO SÍMBOLO DA TERRA. 
                    
                    
                  Percorreu  longes terras, cruzou mares,  
                    Passou por diversíssimos lugares,  
                    Lutou, sofreu, amou e foi feliz;  
                    E, entre os prazeres e as vicissitudes,  
                    Que teve, nas mais várias latitudes,  
                    Não se lembrou jamais do seu país... 
                    
                  Certa  vez, um patrício, um brasileiro  
                    Que viajava também pelo estrangeiro  
                    Um presente lhe deu, original:  
                    Era um objeto de uso cotidiano  
                    De cujo fôrro no sedoso pano  
                    Se estampava a bandeira nacional... 
                    
                  O nômade  volúvel, venturoso, 
                    Raras vezes porém buscava o gozo  
                    De olhar, da Pátria, o símbolo gentil:  
                    Tantos anos no meio de outra gente  
                    Haviam-no deixado indiferente  
                    Às lembranças da terra do Brasil! 
                    
                  Mas,  um dia, a fortuna foi-lhe adversa,  
                    E sua alma, na dor, na mágoa imersa,  
                    Longe dos seus, nenhum consolo achou...  
                    Só então, ao olhar para a bandeira,  
                    A saudade da terra brasileira  
                    No transviado coração lhe entrou. 
                    
                  E êle,  qual filho pródigo, voltando  
                    Ao pátrio lar, contrito, vem chorando  
                    De alegria, de terna comoção...  
                    Que o regaço da Pátria é um seio amigo 
                  De mãe  bondosa, um sacrossanto abrigo,  
                    Uma enseada de paz e de perdão. 
                    
                  À  sombra dêsse lábaro formoso  
                    Quem não se sentirá forte e orgulhoso,  
                    Intrépido, valente, varonil?  
                    Imagem palpitante, que é, da terra,  
                    O auriverde pendão retrata e encerra 
                    A alma boa da gente do Brasil! 
                    
                                              ("Idioma  Pátrio")  
                    
                    
                  ICARAÍ 
                    
                    
                  Virgem branca nas ondas reclinada,  
                    Acendes, pela noite, as ardentias  
                    Do teu colar de fulvas pedrarias  
                    Com que imitas a abóbada estrelada. 
                    
                  Por escabelo tens as penedias  
                    E, de vales e bosques circundada, 
                    Recebe, na água, azul de que és banhada,  
                    A bênção das equóreas melodias. 
                    
                  Entre tuas irmãs és soberana,  
                    Pois nenhuma te excede na beleza,  
                    Na sedução que do teu corpo emana. 
                    
                  E, se o padrão mais alto da riqueza 
                    Entre tôdas firmou Copacabana,  
                    Tu as vences nos dons da natureza. 
                    
                    
                  ("Inédito",  1951) 
                    
                  
                  A MULHER NA POESIA DO BRASIL. Coletânea organizada por Da Costa  Santos.  Belo orizonte, MG:  Edições “Mantiqueira”, 1948.  291 p.  14x18 cm.   Capa de Delfino Filho.   
                  Ex. bibl. Antonio  Miranda 
                    
                    
                    
                  MULHER FATAL 
                    
                  Em  seu perfil, de linha masculinas, 
                    Sem formas, sem contornos, desnalgada, 
                    Essa mulher sem si não tinha nada 
                    Que a exaltasse entre as outras concubinas; 
   
                    Nem o andar, nem os olhos, nem a arcada 
                    Dos seios, nem as pernas, — que eram finas, — 
                    Nem as fogosas formas libertinas, 
                    Nem dos dentes a alvura imaculada... 
   
                    No entanto, essa mulher, irresistível, 
                    Causara as mais estúpidas loucuras 
                    De maneira mais trágica e impossível. 
   
                    E que, se com seu todo informa e atroz 
                    Não prendia a mais torpe das criaturas, 
                    Seduzia e encantava pela voz. 
                    
                    
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                  http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/rio_de_janeiro.html  
                    
                  Página publicada em setembro de 2021 
  
                    
                    
Página  publicada em abril de 2019; página ampliada em 2019 
                
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