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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PARNASIANISMO - POETAS PARNASIANOS

 

 

CARLOS MAGALHÃES DE AZEREDO

(1872-1963)

 

 

Carlos Magalhães de Azeredo, jornalista, diplomata, poeta, contista e ensaísta, nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1872, e faleceu em Roma, Itália, em 4 de novembro de 1963. Foi um dos dez intelectuais convidados para integrar o quadro dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Escolheu para patrono Domingos Gonçalves de Magalhães, a quem coube a Cadeira n. 9. Foi o mais novo dos fundadores, aos 25 anos, e o último deles a falecer, aos 91 anos de idade.

Foram seus pais Caetano Pinto de Azevedo, falecido havia três meses quando Carlos nasceu, e Leopoldina Magalhães de Azeredo. Fez as primeiras letras no Colégio de São Carlos, no Porto, Portugal, de 1879 a 1880, continuando seus estudos no Colégio São Luís, de Itu, SP, onde ficou até 1887. Cursou a Faculdade de Direito de São Paulo, na qual se bacharelou em 1893. Ingressou na carreira diplomática em 1895, ocupando os seguintes cargos: segundo secretário da Legação do Brasil no Uruguai (1895-96) e na Santa Sé (1896-1901); promovido a primeiro secretário em 1901 e conselheiro em 1911; ministro residente em Cuba, na América Central (1912) e na Grécia (1913-14); ministro plenipotenciário na Santa Sé (1914-19) e embaixador na mesma (1919-34). Atingindo esse posto máximo da carreira de diplomata, Magalhães de Azeredo nele se aposentou, continuando, porém, a residir em Roma. Sua morada na Via de Villa Emiliani, 9, no Parioli, era freqüentemente visitada por escritores brasileiros de passagem por Roma.

 

A vida diplomática, levando-o para fora do Brasil, prejudicou-lhe o contato com as novas gerações literárias, embora tivesse se dedicado desde cedo às letras. As 12 anos escreveu um pequeno volume de versos, "Inspirações da infância", que ficou inédito. Estudante, colaborou em diversos jornais em São Paulo e no Rio, onde residiu antes de seguir para Montevidéu, em função diplomática. Em 1895, publicou Alma primitiva, em prosa, e, em 1898, Procelárias, o seu primeiro livro de poesias.

Vivendo a maior parte do tempo no exterior, manteve-se em contato com Machado de Assis e Mário de Alencar, através de copiosa correspondência, que se encontra guardada no Arquivo da Academia. Tinha ele 17 anos quando dirigiu a Machado de Assis a sua primeira carta. Logo o mestre lhe reconheceu o valor, como poeta. Andando o tempo, fez mais o grande romancista: pôs nas cartas que lhe dirigiu as suas principais confidências de escritor, numa prova de confiança que não dera a outro amigo. Essa correspondência foi reunida pelo professor americano Carmelo Virgilio e publicada, em 1969, pelo Instituto Nacional do Livro. A correspondência que ele entreteve com Mário de Alencar, além de interessar à biografia dos dois escritores, diz respeito igualmente ao espaço de vida literária brasileira demarcado pela extensão dos seus diálogos. Magalhães de Azeredo também pertencia ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, à Academia Internacional de Diplomacia e ao Instituto de Coimbra.

 

Obra poética:  Procelárias (1898); Portugal no centenário das Índias (1898);  na aurora do século XX (1901); Horas sagradas  (1903); Odes e elegias  (1904); O hino de púrpura  (1906); Vida e sonho (1919); A volta do imperador (1920); Laudes do Jardim Real de Atenas  (1921).

 

Fonte: Academia Brasileira de Letras.

 

 

 

O CHANCELER

 

O velho chanceler é triste e carrancudo;

Sobre o peito, cismando, a calva fronte inclina,

E apóia a forte mão, que exércitos domina,

No seu melhor amigo —um grande cão felpudo.

 

Dir-se-ia Fausto ancião, que, concentrado e mudo,

Devorando o amargor da dúvida que o mina,

Mergulha o frio olhar pela opaca neblina,

Que, na terra e no céu, vai envolvendo tudo ...

 

Que idéia agita agora a mente do ministro?

O passado? o remorso? a tirania? a glória?

Um plano de vingança? um combate sinistro?

 

Silêncio! Ele contempla uma visão estranha:

Vê surgir, um por um, dentre as sombras da história,

Os vultos colossais das lendas da Alemanha ...

 

Procelárias (1898)

 

 

AFINIDADES

 

A ânfora equilibrando, com graça real, na cabeça,

vai a jovem Romana pelo pórtico umbroso.

 

Pura pobreza veste-a, do leve corpete às sandálias:

mas que tesouro as formas! nos gestos que harmonia!

 

No pórtico ergue os olhos, passando, a uma grega Afrodite,

e por instinto sente: Somos da mesma raça ...

 

Odes e elegias (1904)

 

 

DESPEDIDA

 

Não me coroes, Alma querida, de rosas: o encanto

da Juventude é efêmero; e a minha é quase extinta.

 

Também não me coroes de louros: a Glória não fala

ao coração, nem o ouve; passa, longínqua e fria.

 

Coroa-me das heras, que abraçam as graves ruínas:

são da humildade símbolo, e da tristeza eterna ...

 

 

Procelárias (1898)

 

 

A ESTÁTUA MUTILADA

 

De alvíssimo pentélico as formas divinas refulgem.

Certo, gerou-te a pátria da Beleza,

 

a Hélade eterna. Ó corpo sublime, que bárbaras garras

torpes te mutilaram atrozmente?

 

Psique, Afrodite ou Juno, quem quer que tu foste, sem pena

o martelo sacrílego feriu-te,

 

os brancos pés quebrou-te, rompeu-te os esplêndidos braços

(onde essas mãos liriais foram dispersas?);

 

nívea petrina, seios em flor, belos flancos polidos

como urnas ... nada, ah! nada te pouparam!

 

Somente o rosto. Intacto, sereno ele brilha. Sereno,

hierático, impassível, e perfeito.

 

Eram assim as Deusas. Tu és uma Deusa. Debalde

te ofenderam, debalde ignaras gentes

 

aqui te relegaram supina, nesta orla do bosque,

numa rústica e sórdida morada.

 

Debalde, ano após ano, por séculos lentos e escuros,

entre almas incapazes de entender-te,

 

de te sentir o arcano prestígio, dormiste em silêncio,

tu sabias (as Deusas tudo sabem)

 

que eu de longínquas terras viria, de terras selvagens;

para te amar, ó Deusa,-de joelhos ...   

 

 

Procelárias (1898)

 

 

AZEREDO, Carlos Magalhães.  Odes e elegias. Roma: Tipografia Centenari, 1904.  138 p.  14x20 cm.  Col. A.M.

 

A UM ROUXINOL DO PALATINO


Rouxinol que cantas escondido, e o frágil ninho

tens no cavo tronco de um carvalho centenário,

ou num muro ha vinte longos séculos erguido !

tu que cantas simples, espontâneo, sem orgulho,

. por que a Natureza te poz na alma essa harmonia,

sabes que, se a tua ténue voz neste momento

se fizesse muda para sempre, fora como

se a nitente aurora se extinguisse em negra noite,

repentinamente, sobre a immane glória d'estas

obras de gigantes, sobre toda a augusta Roma ?...

 

O' genial Poeta misterioso das ruinas !

não ; nem a elegia de Tibullo ampla e dolente,

nem o sonoroso carme esplêndido de Horacio,

nem a tuba heróica, nem a mesma avena amada

de Virgílio dizem o qus dizes tu, Poeta !

Dizes a grandeza bella e santa e inviolável

da perenne Vida renovada eternamente,

que floresce e brilha sobre os túmulos humanos,

sobre os carcomidos esqueletos dos impérios !

Tu com a innocencia do teu canto purificas

as sinistras lendas, as memórias de ignominia,

que no sacro monte vagam torvas ululando ;

no turbado espírito o pavor e a ira aplacas.

Tu mais doce tornas o que é doce aqui — e é tanto !

ha por ti mais alma no silencio que te escuta,

mais profundas notas na folhagem e nas fontes,

mais verdor nos mirtos, mais sensual calor nas rosas,

mais amor na sombra dos bosquetes solitários...


ALBUM DE POESIAS.  Supplemento d´O MALHO.   RJ: s.d.  
117 p.  ilus. col.  Ex. Antonio Miranda

 

 

Página ampliada e republicada em abril de 2019



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