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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

LUIZ PISTARINI

(1877-1918)

 


LUIZ PISTARINI nasceu em Resende, Estado do Rio, à rua dos Voluntários, e faleceu, aos 41 anos de idade, naquela mesma cidade, no começo do ano de 1918. Publicou dois livros de poesias: Bandolim e Sombrinhas e Postais, deixando, inédito, um terceiro: Agonias e Ressurreição. Fundou e dirigiu a revista A Crisálida e o jornal O Domingo. Residiu durante algum tempo na Capital Federal, onde colaborou em vários jornais. Foi um atormentado pelas enfermidades. Criador do Hino de Resende.

 

 

BILHETE DE DOENTE

         Recebi, minha flor, com muito agrado,
         o mimo e mais os beijos, que agradeço;
         beijos… de longe, que outros não mereço,
         principalmente neste triste estado!

         Ah! nem sabes, talvez, quanto padeço!
         Mas vivo agora tão desalentado,
         que, com o mínimo excesso, empalideço,
         desmaio e tombo, exânime e prostrado…

         Não me visites, pois… não! Tem paciência!
         Ninguém resiste à tentação que adora,
         e o doutor me proíbe essa imprudência…

         Perdoa: mas dispenso-te a visita:
         para quem sofre, como eu sofro agora,
         faz muito mal uma mulher bonita!

 

 

TEXTO EN ITALIANO

 

Extraído de

MIRAGLIA, TolentinoPiccola Antologia poetica brasiliana.  Versioni.  São Paulo: Livraria Nobel, 1955.  164 p.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

O SEU RETRATO

 

Ela mandou-me, há dias, o retrato,

— Um belo mimo em platinotipia —

Que eu não canso de ver, e, dia a dia

Mais se me torna bem querido e grato,

 

Porque quando entre angústias me debato,

Triste nas horas de melancolia,

Basta fitá-lo, para que a alegria

Banhe de luz o meu viver ingrato.

 

Lembro-me dela, então saudosamente;

E, a sorrir, nesses rápidos instantes,

Eu me inflamo de amor de um modo tal,

 

Que lhe beijo o retrato longamente,

Com o mesmo ardor com que beijava dantes,

Jubiloso e feliz, o original...

 

 

BILHETE DE DOENTE

 

Recebi, minha flor, com muito agrado,

o mimo e mais os beijos, que agradeço;

beijos.., de longe, que outros não mereço,

principalmente neste triste estado!

 

Ah! nem sabes, talvez, quanto padeço!

Mas, vivo agora tão desalentado,

que, com o mínimo excesso, empalideço,

desmaio e tombo, exânime e prostrado…

 

Não me visites, pois. Não! Tem paciência!

Ninguém resiste à tentação que adora,

e o doutor me proíbe essa imprudência…

 

Perdoa; mas, dispenso-te a visita:

— Para quem sofre, como eu sofro agora,

faz muito mal uma mulher bonita!

 

 

 

 

A MENSAGEIRA Revista literária dedicada á mulher brasileira. VOLUME II. São Paulo. SP: Imprensa Oficial do Estaddo S.A. IMESP. Edição fac-similar. 246 p. Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Uma relíquia

 

A Coelho Netto

 

Acho-te, emfim, mimosa luva, é agora
Rôta, senil, tão feia e tão judiada!
Quanta vez, no entretanto, em ti calçada,
Não apertei a sua mão outr'ora!

 

Essa, por quem, talvez ha um anno, usada
Foste, e que foi tua gentil senhora,
Velha te achando, natural, que fóra
Te houvesse, um dia posto, oh maltratada

 

Luva! Entretanto eu quero-te commigo!
Doce relíquia, é no mais casto abrigo
Que, em casa houver, heide guardar-te, visto

Que tu me trazes a lembrança amena
D'aquella mão tão branca e tão pequena,
Que ella deu-me, no Altar, junto de Christo!



(Do De Luto) Luiz Pistarini

 

 

 

REZENDE, Edgar.  O Brasil que os poetas cantam.  2ª ed. revista e comentada.  Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1958.  460 p.  15 x 23 cm. Capa dura.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

TERRA NATAL

 

 

Terra do meu amor! Sim, me abrigas, de novo!
Que eu repouse esta fronte exausta no teu colo!
Que minhalma se expanda, e eu soluce uma queixa, Palmilhando, de novo, o teu bendito solo!

 

Um dia eu te deixei... Como outros tantos filhos

Que tiveste, parti; lá fui — mundos em fora,

Do enganoso porvir pelos ásperos trilhos

Que enche de urzes a dor, mas que a esperança enflora..

 

... Era noite de luar a anterior à partida;

E a cismar, no meu quarto, em completo abandono,

Eu já sentia nalma esta fatal ferida

A que Deus me negava o bálsamo do sono!

 

Deixar-te — era deixar tudo o que eu mais amava:

— Minha mãe, a dormir, na sepultura!

Era deixar Lais, cuja face eu beijava

Nessa noite, febril, e às portas da loucura...

 

Era deixar Carlota — aquela santa amada,
Que, subindo comigo o calvário da vida,
Cansou, beijou-me a boca e, em meio da jornada,
Foi pedir um descanso à paz de uma jazida...

 

Era deixar meu pai, no seu leito marmóreo,
Era ir viver, depois, numa vigília,
Eu — um poeta infeliz — cujo destino inglório
Tinha fadado já — coveiro da família...

 

Era deixar alguém, que de angústias me mata,
Alguém, por cuja causa, inãa hoje, às vezes, choro;
Alguém que me ama e que, contudo, me maltrata;
Que me odeia talvez, mas que, contudo, adoro...


Terra de meu amor! sim, me abrigas, de novo!
E as doces expansões deste dia festivo
É, talvez, amargar a alegria do povo,
Mostrar-lhe a eterna dor a que jungido eu vivo...

 

 

 

 

 

TEXTO EN ITALIANO

 

Extraído de

 

 

MIRAGLIA, TolentinoPiccola Antologia poetica brasiliana.  Versioni.  São Paulo: Livraria Nobel, 1955.  164 p.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

MADRE

 

Morta, sublime, o cara e santa morta,
Fa tempo, ma le lacrime non freno !
La tua carezza piu non mi conforta
E nè mi stringi piu al casto seno.

 

Ah ! Mi ricorclo ancor, ignaro e alieno,
Bimbo, giocavo allor in sulla porta
E, vedendo il tuo corpo, tutto pieno
Di fiori, non pensai che fossi morta.

 

Ma un giomo passo, un mese, un anno . . .
E due e tre e piu e, o disinganno,
Mai piu, o Madre mia, ti vidi meco.

 

Non ti vidi mai piu ! Ed al soffrire
Mi si transforma in versi il sovvenire :
Madre, perché, non mi portasti teco ?

 

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2016; ampliada em novembro de 2016. Ampliada em julho de 2019


 

 

 
 
 
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