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LUIZ PEIXOTO

Retrato, por E. Di Cavalcanti, 1964

LUIZ PEIXOTO

 

Luiz Carlos Peixoto de Castro nasceu em Niterói (RJ), no dia 02-02-1889, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), em 14-11-1973. Foi letrista, teatrólogo, poeta, pintor, caricaturista e escultor. Teve várias atividades paralelas ao teatro, trabalhando em jornais e revistas, como redator e caricaturista.

Suas poesias foram musicalizadas por compositores como Ari Barroso, Almirante, Tito Madi, Hekel Tavares, Custódio Mesquita, Henrique Vogeler e José Maria Abreu.

“Luiz Peixoto, mai atraído pelos aspectos naturais da vida escusa das cidades, com irresistível graça e, sobretudo, com uma notável observação, canta a existência simples e natural de seu moradores, o pitoresco dos seus usos e de seus mais exóticos costumes”. LUIZ EDMUNDO

Poemas extraído da obra POESIA DE LUIZ PEIXOTO.  Rio de Janeiro: Editora Brasil-América,  1964,

 

CASA DE CABOCLO

— Vancê tá vendo essa casinha
simplezinha,
toda banca, de sapê?
Diz que ele veve no abandono,
não tem dono,
ou se em, ninguém não vê.

Uma roseira cobre a banda
da varanda,
e, num pé de cambujcá,
quando o dia se alevanta —
Virgem Santa! —
fica assim de sabiá!

Deixa falá toda essa gente
mardizente;
bem que tem um morado...

Sabe quem mora dentro dela?
Zé Gazela,
o maió dos cantado.

Quando Gazela viu Siá Rit,
tão bonita,
pôs a mão no coração.

Ela pegou, não disse nada,
deu risada,
pondo os oinho no chão.

E se casaro, mas um dia —
que agonia!  —
quando em casa ele vortou,

Zé Gazela viu Siá Rita
muito aflita —
tava lá Mané Sinhô!
--------------------

Tem duas cruz entrelaçada,
bem na estrada,
e escrevero por detrás:

“Numa casa de caboco,
um é pouco,
dois é bão, três é demais.”


SAUDADE

Sodade é uma dô que dá,
mas não é dô de doê.
É vontade de alembrá,
é vontade de esquecê.

É dô de dente,
machuca,
mas onde dói não se vê.

E a gene pega, catuca,p
pra não deixá de doê...

 

 

Extraído de

 

ALBUM DE POESIAS.  Supplemento d´O MALHO.   RJ: s.d.  R$ 26,  117 p.  ilus. col.  Ex. Antonio Miranda

 

 

O MALHO -  23 DE ABRIL DE 1956 ANNO XXXV NUMERO 151   p. 15

 

 

Página publicada em setembro de 2008; ampliada em março de 2019; páagina ampliada em abril de 2019


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