LUIS ESTRELA MATOS
Luis Estrela de Matos é professor universitário, jornalista, ensaísta e escritor. Nascido em Condeixa-a-Nova (Portugal), veio para o Brasil aos 5 anos incompletos. Escreve desde os 18 anos e já participou de antologia de contos da editora carioca UAPÊ. Tem artigos, contos e poemas em alguns sites: Portal de Educação do Rio de Janeiro, Revista AGULHA, Revista Verbo21, entre outras. No jornalismo impresso fundou um jornal cultural em Niterói nos anos 90, Informando e Educando. Semanalmente escreve para o Correio de Sergipe, Jornal da Cidade (SE) e o Correio das Artes (Paraíba). Mestre em Literatura Brasileira pela UERJ e atualmente doutorando em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Organiza material para a publicação de um livro de poemas inéditos.
LÁ
O cenário que vem tomando conta de nossos
OlhOs
Este oceanário pós-moderno falido
De peixes medíocres
E falsos tubarões
Nem a baleia assassina consegue resultados
Alguma coisa toma conta de nossos olhos
Essas coisas tão míopes, tão extraviadas,
Tão sem rumo que teimam em nos vincar
Que insistem em nos perseguir
Eu estaria lá
se pudesse
Eu estaria lá
se houvesse
Mas aqui é o que tenho
É o que me acontece
De ter vistas presas neste palco
Grande circo virtual
Grave, desigual e anômalo
Eu realmente estaria lá se pudesse
Eu realmente estaria
Se alguém me quisesse
Onde eu lá
Eu nunca
Estivesse
Mais.
CINZA DOS OLHOS
(Aracaju, 05 de nov de 2013)
O dia deu em cinza
Aracaju cinza
com direito
a chuva e asfalto molhado
privilégio dos olhos
e da alma.
Viver o cinza em sua plenitude mortífera
todos os matizes do indefinido
e tudo podendo acontecer
e eu dentro do carro
e as ruas dentro de mim
e Lô Borges cantando vento de maio
neste novembrino nascente
de árvores se mexendo com gosto
e dançando dispersas
com folhas pelo chão
e os parques úmidos e felizes
e a natureza gozando gostoso
Morrer poderia ser isso
essa alegria pelo cinza tão vivo
tão certo,
quase certeiro,
quase mim
como a certeza do horizonte
que meu carro procura pelas rodas
para chegar numa linha
ainda mais plena
de cinza
e de sins.
Extraído de
REVISTA TRIPLOV de Artes, Religiões e Ciências
nova série | número 47 | agosto-setembro | 2014
© Maria Estela Guedes - PORTUGAL
Página publicada em agosto de 2014
|