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Sobre Antonio Miranda
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LÚCIO CARDOSO

( 1912-1998 )

por

ÉSIO MACEDO RIBEIRO
 

 

 

 

“O Riso escuro ou Pavão de luto: um percurso pela poesia de Lúcio Cardoso & bibliografia anotada”

 

é o título da obra do poeta Ésio Macedo Ribeiro, lançado pela Edusp em co-edição com a Nankkn editorial em 2006. Recebeu menção honrosa no Prêmio Vivaldi Moreira 2004 da Academia Mineira de Letras. Um trabalho de pesquisa acadêmica que mereceu as devidas adaptações para transformar-se em livro. Aparece no momento em que a vida e a produção artística e literária de Lúcio Cardoso é revivida no país, resgatando-o de uma injusta desmemoria. Ésio desvenda a trajetória do imaginário criativo do autor e de sua vida tão fértil e emblemática, de quem rompeu tabus e venceu preconceitos, impondo-se por seu talento indiscutível. Como ressalta Ruth Silviano Brandão no prefácio “Lúcio Cardoso é um escritor que ocupa um lugar singular na literatura brasileira. Durante muito tempo foi deixado no limbo por uma crítica ideológica, marcada por pressupostos e preconceitos que reduzem o texto a estritos limites políticos e culturais, deixando em segundo plano o trabalho com a escrita, essencial à literatura. Como outros de sua geração, Lúcio foi considerado um escritor intimista, dono de um texto predominantemente subjetivista, o que facilmente o colocou na categoria de alienante ou restrito em termo de seu olhar sobre o mundo.”

 

A pesquisa de Ésio nos revela um Lúcio com sua vitalidade poética em que vivência e imaginação se irmanam engastadas em seu tempo e em sua transcendência. “Sua originalidade está principalmente no sentimento do mundo e no pensamento próprio transfigurados em seus versos nas imagens noturnas, sombrias, quando não exatamente funéreas, avatares de uma melancolia  sem remédio.”

 

E temos ainda o legado de uma bibliografia anotada preciosa que vai de 1934 a 2005, compreendendo os livros publicados — Lúcio Cardoso foi um polígrafo que exercitou do romance à novela, da poesia aos diários, passando por peças teatrais, literatura infanto-juvenil, ensaios, opúsculos e traduções, e inclui também os livros, dissertações e teses, e toda uma vasta documentaçãosobre o autor de “O Desconhecido” e “Crônica da casa assassinada”, que serviu de base para sua abrangente e profunda pesquisa sobre a poesia cardosiana.     Antonio Miranda

 

(Joaquim Lúcio Cardoso Filho, conhecido com Lúcio Cardoso  nasceu em Curvelo, Minas Gerais e viveu no Rio de Janeiro. Livros de poesia: Poesias (1941) e, Novas Poesias (1944) e Poemas inéditos (obra póstuma de 1982).


 POEMA

 

Quando na escuridão o teu riso retinia,

eu chamava baixinho: Egito ...

E ela desnudava a espádua onde estava gravada

como marca de fogo, a rosa do amor.

Egito! O ar palpitava como se um pássaro voasse

e eu fechava os olhos - tão grande era a paixão que me queimava.

Às vezes, quando a noite nos envolvia na sua ânsia mortal,

sentia o seu coração bater - e dizia comigo que ela era humana

e sua alma estava aprisionada à minha.

 

Mas nós ainda jazíamos por trás das grandes muralhas.

As flores faziam-na fremir como dedos vorazes,

as cantigas dos rios deixavam-na febril,

o grito dos chacais causava-lhe desmaios.

Egito! Ó Egito, por que me abandonaste,

por que envenenaste o ar que eu respirava?

Junto de ti as violetas fenecem, o mel se torna ácido,

junto de ti o meu amor não é senão castigo e tormento.

Ah, de que terrível noite nasceste, ó desejo,

de que fonte de amargura, ó luz crepuscular!

Egito! Mistério do céu infinito

desdobrado sobre mim como negro sudário —

­que força me revelará o teu verdadeiro nome,

Esmeralda, Safira, constelação de astros efêmeros e malditos!

 

 

POEMA DO FERRO E DO SANGUE

 

Esqueceram os campos revolvidos

onde vegetam perdidos

os ossos obscuros

calcinados

de dez milhões de mortos.

 

Esqueceram as cruzes improvisadas

erguendo para o alto

preces de galhos retorcidos.

 

E esqueceram o rumor das granadas

revolvendo a terra e os vivos

devorando os mortos

destruindo.

 

 

ÚNICO POEMA DE AMOR

 

tudo tão calmo

a vida dormindo

como agora que tombasse sem murmúrio

na planície do meu pensamento ...

folhas mortas que não voam,

pássaros imóveis que não cantam,

água parada que não corre ...

 

e teu corpo como um lírio sobre a terra,

e a terra muda impregnada de perfume,

teus olhos grandes como flores noturnas,

flores que se abrem na doçura do silêncio

e minha sombra como uma nuvem perdida

debruçada sobre teus cabelos imóveis

que bóiam na água da planície...

 

 

Extraído de:
2011 CALENDÁRIO   poetas     antologia
Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2010.
Editor: Edson Guedes de Morais

 

/ Caixa de cartão duro com 12 conjuntos de poemas, um para cada mês do ano. Os poetas incluídos pelo mês de seu aniversário. Inclui efígie e um poema de cada poeta, escolhidos entre os clássicos e os contemporâneos do Brasil, e alguns de Portugal. Produção artesanal.

 

 

 

FACSÍMILE DE UM POEMA DE LUCIO CARDOSO

 

 

De

CARDOSO, LúcioPoesia completa. Edição crítica [de] Ésio Macedo Ribeiro.  São Paulo:  Editora da Universidade de São Paulo, 2011.  1120 p. ilus. formato 15,5x22,5 cm.  Inclui fac-símiles de manuscritos com poemas com a caligrafia do autor e também datilogrfafados em reproduções a cores.  Design e editoração eletrônica de Negrito Produção Editorial. Impresso o miolo  em papel Chamois Fine Dunas 80 g/m2. Tiragem de 1000 exs. capa dura e acabamento da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.  Belíssima e bem cuidada edição. iISBN978-85-314-1276-9 Col. A.M. (EE)

 

CARDOSO, Lúcio.  Lúcio Cardoso 1912-1988.  Jaboatão dos Gurarapes, PE: Editora Guararapes EGM, s.d.  50 p.  13x20 cm.  Editor: Edson Guedes de Morais. Edição artesanal, de apenas 30 exemplares, fora de comércio. " Lúcio Cardoso " Ex. bibl. Antonio Miranda


 

 



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