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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



LUCIA FONSECA

 

Formada em Historia Natural, trabalhou alguns anos em pesquisa, com artigos publicados na área de genética humana. Entre 980-2000, atuou em administração de ciências, na Financiadora de Estudos e Pesquisas – FINEP. Começou a escrever regularmente no início da década de 70, publicando poemas em suplementos literários de alguns jornais.

Em 1980 aparece o primeiro livro, Invenções do Silêncio, pela Livraria José Olympio Editora. Nesse mesmo ano recebe o Prêmio Emílio Moura da Secretaria de Cultura do Estado de Minas Gerais, com Rede Fluvial, publicado em 83, também pela José Olympio. Publicou ouros livros em poesia, romance e memórias, participando ainda de antologias e livros de contos.

O Paraíso era antes é o oitavo trabalho e o primeiro em que aparece como ilustradora. É casada, tem três filhos e três netos, a quem o referido livro é dedicado.

“Conheço a pessoa e acompanho a obra da autora há anos. Nas funções de pesquisa e administração na Capes, no CNPq e na UnB cruzei com Lucia algumas vezes. Eu também encarava a literatura como uma atividade paralela, mas com a mesma intensidade que ela, e li trabalhos dela com admiração. Foi um prazer receber e publicar seus textos no Portal de Poesia.”  Antonio Miranda

O PARAÍSO ERA ANTES

De
O PARAÍSO ERA ANTES
poemas e ilustrações

Rio de Janeiro: Editora da Palavra, 2008.
ISBN 978-85-98348-14-8


RETORNO

4

Meu olhar dos cinco anos,
grave e atento — o rosto sério,
as plantas oferecidas,
toda a natureza quieta,
um segredo em cada pedra,
cada semente — um mistério.

Tocar uma sensitiva
— olhos e dedos alertas —
ver meu toque se espraiando
como arrepio correndo,
traço riscado na espinha,
rápida escala ao piano.

Olhos abertos diante
daqueles outros — fechados,
fina linha verde — clara
de folíolos ordenados
par de lábios que nos calam
a resposta desejada.

Meu olhar dos cinco anos:
a menina toda quieta.
Um segredo em cada esquina
pelos caminhos do tato,
sem saber o tempo todo
que eu mesma era a sensitiva
de mim para mim — fechada.

 

SEMPRE

I

Verão

No centro da folha
palpita a cigarra,
seu sonho dourado
escorre na tarde.

Nos sono da folha
palpita a cigarra,
seu grito de ferro
é mel que borbulha
fervendo, escorrendo
no sono da tarde.

No sono da tarde
crepita a cigarra,
qual trêmula chama,
fogueira que estala,
serrote de cobre
serrando os azuis,
cortando os fantasmas
das árvores mortas.

No centro da tarde
palpita a cigarra,
deusa diminuta
nutrida das horas,
da cor que circula,
resina que escorre
do seio da tarde.

Picado no centro,
palpita, sangrando,
e vai desmaiando
o coração da tarde.

 

A  CASA

5

Desenho

O pingo de luz desliza sobre o fio da tela,
como uma roldana sobre um cabo.
E vai-nos desvendando seu caminho.


6

Aquário

Os frutos verdes à sombra do fícus.
Pequenos estalos espalhados sob os pés.
O colo de bronze das estátuas.
As mãos desvendando o mistério dos traços imóveis
de tudo ausentes.
O sol em silêncio,
o amplo quadrante da praça,
os quatro cantos do vento: infância.

 

 


De

cantares

Rio de Janeiro: Editora da Palavra, 2007 

 

NOTURNO II

 

         Eu creio em noites

            RAINER MARIA RILKE

 

 

Aqui é noite.

Definitiva noite

como dentro de um fruto.

Um peixe que se percebesse só no oceano

talvez sentisse medo.

E no entanto é só que ele nada

o mais das vezes. Aqui é noite.

Apalpo sementes no ventre escuro do sono.

Tudo é tão quieto, calado, enrodilhado em pelúcia.

Que longas, as gestações!

O mendigo, o palhaço, o príncipe, o bêbado, o triste

se fazem assim, no escuro — só mais tarde, sob as luzes

serão coroados.

Nessa hora, entre todas, a mais silenciosa,

imóveis dormem sonhos e poemas — sementes na bruma.

Ouvir-lhes o silêncio, o sono,

confiar — eis tudo.

 

 

RESÍDUO

 

Palavras brotaram desconexas e esparsas.

Sua seiva era de lágrimas.

Incompreensível.

E rosas são as que ficaram fenecendo

em meus jardins de pasmo.

Caules se inclinam, se adelgaçam

no crescer, no confiar.

Verde-tenro se quebram, estalando leve,

choram seiva.

Navios se afastam do cais

e brechas surgem onde o corpo afunda

nutrindo vazios.

 

De tudo que fomos de caules,

de pequenas pedras, de penugem;

de tudo que fomos de sutil e tênue,

de troca de pólen e seiva,

de pequena ternura;

de tudo que fomos de fremir de abelhas,

de corola e aquiescência e espanto,

resta esse campo desolado na manhã

coberto de geada e assombro.

 

 

ESTRADA

 

Por todas as curvas do caminho

há sempre um paraíso perdido,

um amor abortado

um podia ter sido

aberto em flores vermelhas.

 

Adiante o que é: áspera dormida estrada branca.

 

 

TEMPO

 

Vê-se a noite. Os relógios calam.

Um pêssego apodreceu no aparador.

O tempo põe manhãs nos dias, flores em cada primavera,

o que se vê é a morte.

E flores roxas como gritos,

insônias e febres.

A criança constrói de espanto balbucio e olhar,

constrói de leite pétalas internas.

Os relógios calam.

A vida nos vive, garganta aberta.

E a luz que pousa sobre a lua

vai perseguida por um véu de sombra

— caçada.

O tempo põe manhãs nos dias, flores em cada primavera.

Um pêssego apodreceu no aparador.

O que se vê é a morte. Os relógios calam.

 

 

 

Editora da Palavra

helena ortiz22@gmail.com

fone/fax 2257-4962, Rio de Janeiro

 

Página publicada em março de 2008


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