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JULIO RIBEIRO

 

RIBEIRO, JulioCaravelas.   Versos. Barra do Pirái, RJ: Of. Gráficas da Prefeitura Municipal de Barra do Piraí, 1943.  92 p   (Coleção Barrense)  17x24 cm.  Encadernado sem a capa.  “ Julio Ribeiro “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Observação: Não confundir com o escritor Julio Ribeiro, autor do livro “A Carne”, abolicionista, que viveu no século 19. O presente Julio Ribeiro é fluminense, viveu em Barra do Piraí, onde foi publicado este livro de poemas em 1943. Não temos a biografia nem o retrato do poeta. Quem puder ajudar-nos, enviar mensagem para antmiranda@hotmail.com.

 

Caravelas

 

                    Ao Dr. Paulo da Silva Fernandes

 

Lancei ao mar as minhas caravelas

—Ligeiras naus das visionárias frotas,

Para, vencendo a fúria das procelas,

Levar meu sonho às plagas mais remotas.

 

Mas, temeroso pela sorte delas,

Meu coração, nas asas das gaivotas,

Seguindo, sem sossego, as brancas velas,

Foi-se arrastando, assim, nas mesmas rotas.

 

Os perigos que, aos nautas temerários,

Podem surgir, nos maus itinerários,

Deixam minha alma em grave desconforto

 

Lutas de heróis,, ataques de corsários,

Chorando, assisto, em prélios tumultuários,

Sem ver, de volta, a frota entrar meu porto!

 

 

 

Conselho

 

          Ao Adroaldo

 

Quero dizer-te uma verdade assaz

proclamada e de todos conhecida:

quanto mais te apegares a esta vida,

tanto mais longe dela te acharás.

 

Julgas a vida assim como se a vida

fosse o próprio viver de cada um:

ela não é nem coisa parecida,

mas o viver de todos em comum.

 

Nem vale mais a tua do que a minha,

pois somos todos parte de um só todo:

Almas —- a luz que a todos alumia!

Corpos — do barro vil, do mesmo lodo!

 

Não basta, ás vezes, o ouro de mil lavras

para saciar de muitos a ambição:

entanto, os que são bons de coração

têm a fortuna no ouro das palavras.

 

 

 

Lema

 

          Ao Professor Rosendo Pimenta

 

Quem tiver seu pecúlio amealhado,

Deve trazê-lo sempre bem seguro:

Pois nunca deve ser menosprezado

Aquilo que se tem de bom, de puro.

 

Quanto a mim, tenho o meu que, bem guardado,

Escondo, no mutismo em que perduro.

Se for, como há de ser, bem aplicado,

Poderá garantir-me de futuro.

 

Terá destino assaz útil e nobre:

Servir amigos, socorrer o pobre,

Dar, ao faminto e nu, pão e agasalho.

 

Deve ser este o lema preferido

Por quem, como eu, apenas tem vivido

Pelo bem, pela fé, pelo trabalho!

 

 

Página publicada em fevereiro de 2015

 

 

 
 
 
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