JOAQUIM OSORIO DUQUE ESTRADA
(1870-1927)
Nasceu em Pai de Alferes, Rio de Janeiro. Poeta, professor e teatrólogo, é o autor da letra do Hino Nacional Brasileiro, cuja música é de Francisco Manuel da Silva.
HINO NACIONAL BBASILEIRO
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Ó Patria amada,
Idolatrada.
Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido,
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza,
Terra adorada!
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada,
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
Deitado eternamente em berço esplêndido,
ao som do mar e a luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Do que a terra mais garrida,
Teus risonhos lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida"
"Nossa vida" no teu seio "mais amores".
Ó Pátria amada,
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
Brasil de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
— Paz no futuro e glória no passado -
Mas se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte,
Terra adorada!
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada,
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
VELHO TEMA
Fatigado viajor, que do deserto,
Ledo, percorre o areal que o sol castiga,
Busca um pouso na terra, onde se abriga,
Vendo as sombras da noite que vem perto.
Assim também — ó minha doce amiga! —
Em meio ainda do percurso incerto,
No teu regaço, para mim aberto,
Fui repousar , exausto de fadiga...
De uma planta fatal, que em meio à trilha
Em flores perfumadas se desata,
Bene a morte o viajor que o sono pilha...
Assim teu beijo a vida me arrebata
— Beijo que guarda como mancenilha
O mesmo aroma que envenena e mata!
(Seleção de Napoleão Valadares,
para JORNAL DA ANE, junho/julho 2015).
MAIO DE 1888: Poesia distribuídas ao povo, no Rio de Janeiro, em comemoração à Lei de 13 de maio de 1888 / Edição, apresentação e notas de José Américo Miranda: pesquisa realizada por Thais Velloso Cougo Pimentel, Regina Helena Alves da Silva, Luis D. H. Arnauto. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1999. 220 p. (Coleção Afrânio Peixoto, 45 )
Ex. bibl. Antonio Miranda
Poema sobre a Abolição da Escravatura:
DEPOIS DA NOITE
Recitada pela menina Luísa Couto
Há pouco, os ferros, o azorrague imundo,
As algemas cruéis, a gargalheira,
Que gaguejando andavam pelo mundo:
— É de sangue e lama essa bandeira!
Prantos, soluços, ais, gritos, gemidos,
Ecoavam no ar sinistramente...
Em toda parte os corações partidos,
O coração partido a toda a gente!
Salve ao herói que luta e que trabalha!
Cinjam-lhe a fronte novos esplendores;
Já que foi bela e grande essa batalha
Uma batalha olímpica, de flores...
A liberdade já criou raízes
Onde reinavam dor e sofrimento:
O amor dos pobres e dos infelizes
Já pode se nobre sentimento.
*
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Página publicada em fevereiro de 2021
Página publicada em maio de 2009; ampliada em julho de 2015.
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