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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: https://www.joaopedrororiz.com/

 

JOÃO PEDRO RORIZ

 

 

João Pedro Roriz nasceu em 1982, em Niterói. Reside no Rio de Janeiro, onde exerce função de escritor, ator e jornalista.

Como ator, iniciou a carreira aos 14 anos, integrando o famoso espetáculo teatral "Violetas na Janela" (1997-2007). Trabalhou em diversas produções teatrais e televisivas na Rede Globo, Futura, TVE e TV SENAC.

Integrado desde cedo ao Movimento Poético do Rio de Janeiro, destacou-se na produção de poemas dramáticos, de onde busca a beleza proveniente da tristeza, através do enfoque momentâneo que a vida cotidiana lhe apresenta. Por esse motivo, é comum Roriz se apresentar em diversos estabelecimentos culturais e educacionais com suas performances poético-teatrais. Esse trabalho culminou na produção do livro/Cd "A Poesia Teatral" (Íbis Librs Editores) lançado em 2006.

Formado em Comunicação Social pela Universidade Estácio de Sá, é colaborador da "Revista Mandala " (RJ) e colunista dos sites "O Portal Que Acontece " e "Crônicas Cariocas", onde também é Editor de Cultura. Escreveu as peças teatrais "Carmen - O Musical" e "Perdas e Danos".

Recentemente lançou o livro "Liras Dramáticas" (ViaNapole Editores, 2007). É Coordenador do Sarau Poético "Um Castelo de Palavras " e da "Oficina Literária Novos Autores ", no Castelinho do Flamengo.

 

 

 

POESIA DO BRASIL.  Vol. 5.  Org. Ademir Antonio Bacca.  Bento Gonçalves: Proyecto Cultural Sur - Brasil, 2007.  308 p.Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

 

 

Solidão da madrugada

 

Quatro horas da manhã,

a chuva iniciou seu ritual de verão.

É cheiro de terra molhada,

é cheiro de vida! Logo a passarada

despertará a aurora.

 

Oh, renascença da alma

— caminhada de descobertas diárias, —

abarcar perpétuo da vida!

Quando se viaja cego pela madrugada,

cada segundo é semeadura.

 

A poesia pura escoa pelos dedos
e perde-se na eternidade.

 

Resguardo a saudade por meus parnasos
sem medo da marginália
que, durante a noite de inspiração,
açoita o cabaré dos seres pensantes.

 

A padaria ao lado de casa,

exala um delicioso cheirinho de pão.

 

É pão fresquinho, primeiro poema...
solidão quente, igual a gente,
igual ao padeiro, igual ao poeta.

 

 

 

 

Epitáfio

 

Por favor,

sem sombras ou amparos de inúmeras feições,
sem brados desmontados de queixos caídos no chão,
nem risos de um escárnio ou gritos de horror,
tampouco o silêncio odioso entre uma
ou
outra oração.

Por favor.

 

Só lendas e sendas de um vibrante trovador,
bocas cantando os versos de uma canção,
dedos volitando pelas cordas de um violão
e alegria, nostalgia, sem medo, angústia ou dor.
Por favor.

 

 

 

Ode à palavra chilena

 

Vem, Pablo Neruda, abraçar teu Chile,
com os versos campesinos de um asceta.
A palavra da boca te resile,
canta a vida, oh poeta!

 

Grita a palavra sóbria de Mistral,
igual ao violento vento francês.
Seu pranto feminino de altivez,
enche as ruas de sal.

 

No cântico da pátria varonil
— alcorca de muitos versos andinos, —
a palavra de ensejo pastoril,
assina-te os hinos.

 

Soturnos corações almejam o céu
e a boca acende o fogo das palavras.
Da arte soberana, Chile, és fiel.
Poesia tu lavras!
 

 

 

 

Acalanto

 

Meu filho, quando, no calar da madrugada,

fenecer os seus sentidos, sorria!

Pois este que lhe fala,

chorou suas noites amarguradas,

por não ter tido a sorte

de empenhar a morte

nos braços do pai querido.

 

Se a sorte deixar-lhe o peito

e, num gracejo do destino, o medo

aprisionar-lhe ante os portões do paraíso;

saiba que ajoelhado, em prece,

ao lado de seu leito, farei um pedido:

que entre um choro e outro, você dê um sorriso

nos braços do pai querido.

 

Meu filho, durante a noite,

a alma brinca na imensidão do céu.

Roube, de açoite, uma estrela cadente,

ou experimente, no escuro, contar planetas a granel.

Tal qual um anjo-caído,

seu sorriso estará seguro

nos braços do pai querido.

 

 

 

Página publicada em novembro de 2019


 

 

 
 
 
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