Fonte: www.pos.eco.ufrj.br/docentes/prof_jcaiafa.html
JANICE CAIAFA
Formada em Antropologia, professora da Escola de Comunicação da UFRJ. Publicou, entre outros, Jornadas Urbanas e Aventura das Cidades (Ediora FGV); Neve Rubra, Fôlego, Cinco Ventos e Ouro (7Letras). Traduziu As Rosas, de Rainer Maria Rilke (7Letras).
De
Janice Caiafa
ESTÚDIO
Rio de Janeiro: 7Letras, 2009
LE PLI
Pelo meio a dobra
de novo por todo lado,
constante drapeado
múltiplo e cheio
facetado, variável
a matéria ágil
de mundos que mudam,
rochedos que se enrugam —
a matéria dura também
o tempo fura
bifurcando a rocha
erodida, mudando
dobrando —
origami do vivido.
Dobra entra e sai
— saia de pregas —
vai para fora,
nos milênios e nas eras
é o tempo que dura
que muda ao criar,,
textura, a dobrar
diferentemente.
Para Gilles Deleuze
NÃO APRENDEMOS COM A DOR
a sofrer menos da próxima vez.
O pensamento do que nos fez
feliz, o sofrimento do que for
nos faltar nos faltará ainda assim.
Mas a que por sofrer chegamos
é ela própria que guardamos:
isto sim. Então é esta
a melhor sorte que nos resta.
Afetos que se encontram ali
perto da vida/morte únicos
é o que fazem: tiram de Si,
de um consigo - é o que ensina.
Um cultivo disso que se sente
muda o nosso presente: isto aprendemos.
CHEIO D´ÁGUA
Mareja a água
na forma do olho,
o olho é um outro
lado do corpo
e lago convexo.
Dois lençóis d'água
depositados
a turvar a mirada
embaçada
no espelho de 2 lados.
Os espaços
dos olhos marejados
são a virada
dos avessos
pela lágrima.
Página publicada em fevereiro de 2010 |