ISA HELENA O. G. DE ALMEIDA
Nasceu no Rio de Janeiro.
"Espero ter conseguido nestas páginas, transmitir alguma coisa de bom, de real, de vida, apesar de haver muito de mim. (...)
Poesia é um grito, é uma libertação de algo represado, é uma ilusão, e também uma realidade." ISA HELENA
ALMEIDA, Isa Helena O. G. de. Simplesmente Eu. Capa: Francisco Regis. Planejamento gráfico: Gustavo Zuñiga. Apresentação: Ruy de Lima Pessoa, Ministro do STM. Brasília: Papelaria H .P. Mendes Ltda, 1985. 46 p Ex. bibl. Antonio Miranda
ALERTA
De dentro de mim nasce um grito,
não sei se de amor, dor ou espanto.
De dentro de mim cresce um grito,
quer será grande como um canto.
De dentro de mim sai um grito,
um grito de amor pelo mundo em que vivo;
um grito de espanto pelo que vejo refletido
no horizonte do futuro;
um grito de dor, pelo que fazem hoje, os homens,
se pensar no amanhã já tão escuro.
PARA NÃO FALAR DE FLORES...
Para não falara de flores,
falarei de amores,
horrores.
Cantarei louvores
aos poderosos e também,
aos temerosos
que se não puderem
ou quiserem
falar de flores,
falarão de dores,
de horrores,
menos de... amores.
LAMENTO TER QUE LAMENTAR
Por que fazer do mundo
um caos universal?
Por que em vez de dores,
não mostramos e colhemos flores,
em meio a verdes campos?
Por que a dor, a guerra, a morte,
semeiam de sul a norte,
o que deveria se paz?
Por que as vozes se alteiam,
gemendo e lamentando
a falta de pão, da mão amiga,
do irmão?
Será que os olhos se fecham
e só olham o inverso do belo e do bom,
e isto será a resposta para salvar o que ainda resta
deste universo fendido, amargurado
e totalmente envolto em véus de dor, incompreensão
e desamor?
PEDAÇOS
Pedaços meus
marcados, lançados ao mundo
qual farrapos, bandeiras mudas.
Pedaços meus
brilhantes, esvoaçantes
qual brilho de cetim.
Pedaços meus.
Sou eu, todo eu,
desfeitos em luz.
Página publicada em novembro de 2020
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