GRAÇA LOPES
Graça Lopes é natural de Teresópolis (RJ). É formada em Letras (Língua, Linguística e Literatura). Nas experiências com outras dimensões da arte, é autodidata. Costuma afirmar que produz literatura em tempo integral, mesmo quando está pintando ou esculpindo. Define-se como “escritora-artesã da palavra”, o que inclui outros materiais e suportes além da linguagem escrita, sempre com o propósito de dar vazão à potência artística interior transformada em objeto estético: “Quando me expresso em qualquer dimensão, estou explorando nuances da constituição dos sentidos da linguagem, na linguagem e pela linguagem. Mesmo quando parece que saio da literatura, é ainda ali que estou, para ‘me dizer’ e ‘dizer ao mundo’ de variadas formas”.
Fonte de biografia e foto do poema visual em pedra: http://historiahoje.com/o-livro-de-pedra/
ANTOLOGIA DO DESEJO / VÁRIOS AUTORES. LITERATURA
QUE DESEJAMOS. PARATY 2018. Editor e organizador; Eduardo
Lacerda. Ilustração e projeto gráfico: Fernando Mathias.
São Paulo: Patuá, 2018. 358 p. 13,5 x 20, 5 cm..
ISBN 978-85-8297-614-2 Ex. bibl. Antonio Miranda
Códigos
Liberto de vidro ou corpo
e visto no microscópio
um coágulo de sangue
se parece com um livro
As suas plaquetas páginas
seixas coifas e lombadas
cintas em torno de orelhas
e seus sentidos cruzados
São ruídos antiquíssimos
que cientistas interpretam
pra devolverem a mortos
uma gota a mais de vida.
Ah!
Os dias são estreitos
percebe — meu amor
em quantos cucos cabem
as vinte e quatro horas
Mas se amas — e às claras
esquece as dimensões
domínios funções e cálculos
limitantes e estrábicos
Amar é coisa d´asas
de infinitude — mágica
de expansivas frentes
de cantos e de ágoras
Então eu retifico
com lente mais propícia
meu amor — ah! note isto:
os dias são larguíssimos.
Página publicada em agosto de 2019
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