Fonte: http://www.glauciadesouza.com.br/
GLÁUCIA DE SOUZA
Gláucia de Souza nasceu no Rio de Janeiro, mas hoje vive em Porto Alegre. É formada em Letras com especialização em Literatura Infantil. Professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, também é autora de muitos livros. Participa do Projeto Autor Presente, promovido pelo Instituto Estadual do Livro.
Veja também: POESIA INFANTIL de GLÁUCIA DE SOUZA
SOUZA, Gláucia. Bestiário. Ilustrações de Cristina Biazetto. Porto Alegre, RS: Editora Projeto, 2006. 72 p. ilus. 17x19 cm. ISBN 85-85500-55-7 Apresentação de Ricardo Albuquerque Arnt. Inclui um glossário ao final. “ Gláucia de Soua” Ex. bibl. Antonio Miranda
HIDRA
Às vezes, perco
e, às vezes,
toda cabeça
cabe em várias.
A cada cabeça
que perco,
vencem sete,
ou nascem outras
vezes sete.
CENTAURO
Quanto mais rumo ao centro,
pleno movimento,
mais me resta um pouco
do que invento:
parte humana,
animal que parte.
Extraído de:
COLETÂNEA DE POESIA GAÚCHA CONTEMPORÂNEA. Organizador Dilan Camargo. Porto Alegre: Assembleia Legislativa, 2013. 354 p. ISBN 978-85-66054-002 - Ex. bib. Antonio Miranda
BONDE ANDANDO
Quando a tarde continua
sem saber o pó que escorre,
das ruas, das retas, dos carros,
surgem os povos das praças:
crianças, aposentados, malucos, desempregados...
Quando a tarde
é minha, é sua,
sem saber que o dia corre,
surgem os povos das praças!
Crianças, aposentados,
malucos, desempregados,
com suas conversas descabeladas
pelo orvalho da noite...
CRICRILO
Me disseram que texto é tecido... Eu cri. E teci um manto de verbos, junto aos grilos da noite...
Me disseram que lua
é linimento... Eu li.
E untei um mundo de vermes,
junto aos gritos da noite...
Me disseram que a vida
é vento... Eu vi.
E ventei as sementes dos verdes
noite e dia, dia e noite...
A PEQUENA VENDEDORA DE BALAS
A menina que arrasta
o sapato no chão,
úmido, gelado,
pé e dedão,
se agarra nos calçados,
—calçados em contramão —
e se veste de babado
que bala caiu no chão?
A menina que arrasta
meia bala pela mão
sonha com a bala inteira:
aquela que não se gasta
solado de imensidão —
e se despe de prata e cor
para as bocas do céu
em licor.
Página publicada em setembro de 2014. Página republicada em maio de 2018.
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