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GILBERTO MAHA
Um boêmio andarilho, nascido em 16/10/1948, na cidade de Niterói/RJ, Veio para dar continuidade a uma família de contistas, prosistas e poetistas, como Jodir Marra, Sirley Marra e Francisco. Concluiu seus estudos entre Niterói e Santo Antônio de Pádua/RJ. Quando jovem no internato em Pádua, fugia durante as noites semanais para tocar, cantar e declamar poesias nos bordéis desta cidade e em Pirapetinga/MG. J
]á nos finais de semana, seguia para Itaocara/RJ — cidade banhada pelo rio Paraíba do Sul, que o despertou para a poesia. "Foi nessa época que conheci e vivi Alaor Scisínio e J.G de Araújo Jorge. Foram os maiores poetas que conheci pessoalmente, em minha vida." — Enfatiza o emocionado Gilberto.
Prestou serviço militar em plena repressão (contra a sua vontade) tornando-se um militar rebelde, pois que já escrevia protestos anti-militarismo, e por isso vivia em "cana". Amante da vida e pela vida! Boêmio por natureza.
Dois casamentos que lhe deram 3 filhos e 4 netos. Viveu 19 anos entre idas e vindas, pela Europa, África e Oriente Médio. Hoje, Economista com Pós-doutorado, assiste tecnicamente advogados, juízes e desembargadores.
Livro nenhum publicado, embora existam alguns prontos. Como ele mesmo diz: "livro de poesias só dá dinheiro depois de morto, então prefiro não publicá-los. Participou de sua primeira antologia poética no XIV Congresso Brasileiro de Poesia, em Bento Gonçalves/RS.
Ainda assim, continua vivendo para a Poesia. (Por: Jaque Serávia)
POESIA DO BRASIL. Vol. 5. Org. Ademir Antonio Bacca. Bento Gonçalves: Proyecto Cultural Sur - Brasil, 2007. 308 p.Ex. bibl. Antonio Miranda.
Se
Se ficasse. Se saísse
Se voltasse. Se fugisse
Se dissesse. Se quisesse
Se sim. Se não
Se diz. Seduz
Se fala. Se cala
Se canta. Se encanta
Se conta. Se encontra
Se afronta. Se defronta
Se ri. Se ria
Seria. Semente
Se mente. Se vai
Se sente. Sedento
Se foi. Se esvai
Se senta. Sessenta
Setenta. Se tenta
Se cai. Se levanta
Se lança. Se alcança
Varredor das cinzas
Sou um simples e humilde
gari do amor
Varro em cada guia
esperança e dor
Varro todos maus tratos
desacatos, boatos
E seja lá por quem for
jogada uma flor
Talvez por um desfeito amor
ao som de um tambor
Varro alguns sorrisos
entre lágrimas e até suor
Sigo cantando o meu conflito
em meu lá menor
Varro outros conflitos
já em si menor
Junto todos os pedaços
de arlequim e palhaços
Fantasias de duques em estilhaços
Varro esta vida
em completa solidão
nesta loucura incontida
entre boêmia e violão
Vou varrendo
como varro meu coração
Sim, é assim
que a vida segue em frente
nada é diferente
amanhã é quinta
e de repente
o sol já surge
vindo do oriente
Sim, é assim
como o carinho meu
que foi jogado na sarjeta, ao breu
ou dentro de um carrinho
de algum outro gari como eu
que hoje faz parte de ti
seguindo e varrendo
todo o sonho meu
Varro por ironia
varro também a minha dor
e o seu amor
e seja lá como for
Outros carnavais virão
talvez me transforme
de gari em barão
mas até lá
solidão, solidão... solidão
The end
Já chegando ao final da estrada
depois de tanta caminhada
vejo tudo chegando ao fim
Perdi até o fio da meada
onde tudo pra mim é nada
Não sei se valeu a pena assim
Curva-me as costas agora
Muito breve chega a minha hora
de dizer adeus, enfim
Não me importa se fico ou vou embora
Já vem raiando a minha aurora
Ouço ao fundo o som do clarim
Tenho nada a reclamar
desta vida em terra e mar
que Deus reservou pra mim
Deixo meus escritos à recitar
que para mim foi o meu ar
meu alimento e o meu jardim
Página publicada em novembro de 2019
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