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FRANCISCO ORBAN

 

Poeta e jornalista, Francisco Orban estreou na literatura em 1990 com o livro Sobrado das horas, publicando em seguida Cesto das canções com pássaros, em 1994, Recomendações aos sonhadores, em 2001, e o infanto-juvenil O cavalinho de água, em 2004, adotado pelo Programa Nacional do Livro Didático.

 

 

ORBAN, Francisco.  Estaleiros de vento.   Montes Claros, MG: Orobó Edições, 2005.      ISBN 85-l87151-14-2.  Projeto gráfico e edição Anelito de Oliveira.  Imagens de capa e miolo: Conceição Melo. “Orelhas” do livro: Ped. Lauro Palú.  “Prêmio Walmir Ayala – União Brasileira de Escritores 2003”.

 

“Francisco Orban ergue um canto de voz solidária e plural. Em vez da assepsia minimalista e narcísica de algumas vertentes da produção contemporânea, o verso de Orban se lança, desguarnecido, num mundo

de arestas e fraturas, mas onde a convocação do outro se faz cada vez mais premente. Uma poesia de alcance social, mas que, para sê-lo, se realiza primordialmente como poesia, esteticamente realizada”.

Antônio Carlos Secchin

 

Há um ânimo de celebração na poesia de Francisco Orban. O poema como epifania. E Gerardo Mello Mourão, que sabe as coisas, o situou na família   

espiritual de Rilke. De fato, Orban é um elegíaco, um iluminador da matéria por vezes seca do cotidiano, para quem os "poemas são pássaros de claridade que carregamos nos bolsos da alma". Sem dúvida, é poeta que repercute e permanece na memória do leitor.

André Seffrin

 

 

 

Praça dos momentos

 

Eis que são de vento

essas palavras que passam

e que colho

nesta praça dos momentos

onde me ergo

alicerçado no nada

Cada uma tem seu gosto

e a elas conferimos

estradas

Cada palavra é passagem

com sua paisagem

inacabada

 

 

 

Casca

 

Alagados do destino

o mundo que não é de todos

no rosto de um menino

 

De pés descalços

no agora

nas palafitas das horas

 

Definhando sem poesia

até tornar-se só casca

do que a claridade

prometia

 

Pernoites

 

E não há estação de fuga

pernoite em terras amenas

Os poemas são descuidos

nas horas secas do mundo

 

Cacos

 

Do infinito perdido

que restou em mini

ficaram uns quintais de sombra

que resvalam das mãos para a tarde

Na verdade só são uns cacos

onde o gosto do que não houve

corta mais do que o vivido

 

 

 

Página publicada em setembro de 2014


 

 

 
 
 
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