FERNANDO JORGE UCHÔA
Escritor, jornalista e poeta várias vezes premiado, o Doutor Fernando Jorge Vieira Uchoa nasceu no Rio de Janeiro, dia 02 de maio de 1921, filho de Armando de Castro Uchoa, oficial do Exército Brasileiro e de Dona Maria José Vieira Uchoa. Experimentou desde a primeira infância sérias limitações. Não teve a sorte de nascer na época das maravilhosas descobertas do grande benfeitor da humanidade Doutor Albert Sabin.Não teve a sorte de nascer na época das maravilhosas descobertas do grande benfeitor da humanidade Doutor Albert Sabin.
. Acometido de paralisia infantil aos 3 anos de idade. Até completar 10 anos de idade foi submetido a nove dolorosas cirurgias, quase uma por ano. Faleceu no dia 07 de maio, vítima de choque séptico, sepse pulmonar, pneumonia agravada por uma insuficiência respiratória aguda.
(resumo. Biografia completa em:
http://www.conexaoitajuba.com.br/itajuba/novo-tempo-2/23855/s23855;jsessionid=13oa5veijypih)
UCHÔA, Fernando Jorge. A Face e o Tempo. Poesias. Rio de Janeiro: Pongeti, 1960. 11 p. 13X19 cm “ Fernando Jorge Uchôa “ Ex. bibl. Antonio Miranda
ANO PROVADO
Cavalos de avanço atraídos para o campo,
assim passam os meses por seu turno.
A fome diária masca o sal da noite,
praia aberta esperando os mares que não vêm.
Certa a ceifeira parda,
sentindo o fruto maduro,
recorta o homem
que confunde no olhar o horizonte com o fim.
Solidão. Exercícios de alegria.
Rolamos águas ígneas
de certeza e ilusão.
Mas de repente somos o rio...
e o rio tem sentido.
AS FACES
Pastor de cantos me gravei na pedra,
manhã andei com os ventos inconstantes,
deixei fontes nas faces onde medra
tempo silente que não fora antes.
Fui sonho de um futuro ainda em segredo
que o silêncio pensava a resguardá-lo
antes que a noite pastoreasse o medo
e o dia retornasse, esperto galo.
A memória nascia-me nos ossos,
o corpo não dormia com os destroços
da minha face que seria esfinge.
Agora que sou quase madrugada,
revisto-me de um tempo que se finge
ser um dado irreal jogando o nada.
RODA ESTAÇÃO
Somos feitos de outros dias,
de vento e transformação,
seguindo as aves cantamos
o que ainda é estação.
Página publicada em julho de 2015
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