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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FERNANDA YOUNG

 

Fernanda Maria Young de Carvalho Machado (Niterói, 1 de maio de 1970) é uma escritora, atriz, roteirista e apresentadora de televisão brasileira. Sua formação literária foi em parte constituída durante a travessia da baía de Guanabara em barcas ou ônibus.

 (...) Frequentou a faculdade de Letras da Universidade Federal Fluminense, sem chegar a se formar. Ainda viria a cursar Jornalismo na Faculdade Hélio Alonso e, depois de mudar-se para São Paulo e iniciar sua carreira de escritora, virar aluna de Rádio & Televisão na FAAP, mas não terminaria nenhum dos cursos. Fernanda teria jurado nunca mais pisar em um campus universitário após as experiências. Em 1995, foi roteirista do programa televisivo A Comédia da Vida Privada, da Rede Globo. (...)Entre 2002 e 2003, Young coapresentou, ao lado de Rita Lee, Mônica Waldvogel e Marisa Orth, o programa feminino Saia Justa no canal a cabo GNT. Seus próximos livros, o romance Aritmética e a coletânea poética Dor do Amor Romântico, sairiam, respectivamente, em 2004 e 2005.   Fonte: wikipedia

 

 

 

YOUNG, Fernanda.  A mão esquerda de Vênus. São Paulo: Glkobo Livros, 2016.  333 p.  ilus.     16x23 cm  ISBN 978-85-250-6225-3   “ Fernanda Young “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

                    Me nego a desistir!
                    Cuspo, vomsito,
                    Xingo.
                    Mas escrevo
                    Te amo.

 

 1

 

 Eu bordo o labirinto quente das minhas veias.
 Repito as palavras como mantaras, nas voltas que agulha faz.
 Por vezes me futo e não o pano, gosto de levar ese susto.
 É a digital de sangue que deixo ali:
 minhas lágrimas, cervejas, rompantes.
 Se me revelo expondo as fraquezas, confusão, raiva,
 Há muito cansei de
 Desculpar-me.
 Sou essa, e aceito não ser querida,
 Se me arrependo de algo,
 Digo aquí e bordarei:
 Foi ter saído de mim,
 Para deixar alguns entrarem.

 

 

          19

 

          Há certas águas que não matam a sede,
          você já notou?
          Como a saudade que não nos conduz a
          Nenhuma epifania.
          Saudade deveria sempre render um verso
          Perfeito, visto que para nada serve.
          Acordamos cansados por
          Sentí-la.
          Se é que dormimos.
          Ela nos rouba o presente,
          Nos nega o futuro.
          Estou assim agora: presa
          Ao passado quando
          Estive com você.
          É claro, sou sábia, que nada
          Do que lembro
          É verdade.
          O criei numa memoria, toda
          Feita de
          Papelão pintado.
          Uma maquete de arquetipos
          Românticos.
          Nesse local em que rosas
          Amarelas,
          De você ganhei,
          Nos mantenho
          Grampeados.

          Lábios e braços.

          Mente tonta essa mina,
          Não me canso de desenhar
          Um outro ideal que me
          Deixa sempre.
          Poemas salvam-me da
          Eterna estupidez de
          Sentir-me abandonada, mas
          Eles são tão
          Raros…
          Já sei, já sei, repito a
          Rejeição da infancia,
          Quando matei minha mãe e
          Perdi meu pai para uma
          Nova mulher
          Me explicaram direitinho,
          Sou uma doente
          Muito bem medicada.
          Reconheço ser viciada em
          Desprezo.
          Estarei sempre esperando,
          Na tal escada já
          Tantas vezes descita, um
          Alguém que voltará
          — precisará ir, senão não há
          como voltar —
          Para mim, com as rosas na
          Mão, e um pedido
          De desculpas nos olhos,
          Lábios e braços.

          Nada em minha direção.
          Rezo atordoada pela
          Insônia, crendo que você
          Seja digno do meu
          Perdão, e sigo com sede.00
         

 

 

 

YOUNG, FernandaDores do amor romántico.  Rio de Janeiro, RJ: Ediouro, 2005.   s.p.  Design e direção de arte da capa:Kélio Rodrigues.    ISBN 85-00-01872-0  Ex. bibl. De Antonio Miranda

 

Estou por um triz. De novo.
Parece, de fato, encenação.
Creio até que seja mentira
essa minha cara com esses
olhos caídos. Aprendi tal
olhar, lendo os poemas de
alguns, ou são os remédios.
Eu vinha crente que não mais
precisava disso. Disso: caneta,
papel, calmante e pijama.
Dancei muitas músicas e ri
de mim mesma. Aquela que
se repete. Eu. Eu mesma:
corpo e a cabeça cheia de
cabelos.
Meu cérebro está empapado,
do tamanho de uma barata.
Quando vou ao banheiro
e olho-me no espelho.
Quase acredito ser uma boa
atriz.
E tudo mentira!
Um batom, um perfume e
vestidos me levariam ao
shopping. A um bar. A um beijo.
0 problema é que quero muitas
coisas simples,
então pareço exigente.

 

Não vou aguentar. Não, não vou aguentar
mais. Essa vontade de despir-me inteira
e mostrar aquilo que fará de mim apedrejável.
Então vou. Vou. Terei de aguentar.
Sofrer quietinha. Sofrer quietinha.
Deixar para lá essa ideia
de que o amor é o meu ofício.
De que o meu verso é imprescindível
e que somente os homens podem amar assim,
tantas vezes, e sem pudores.
Sim. Isso. Somente os homens são poetas.
Livres. Metafísicos. Sem compromissos.
Eu sou mulher. Punida sempre. Vagabunda.
Indecente.
Vou. Vou aguentar. Pois o que pulsa é
a língua portuguesa. Não a carne vermelha
— também língua — que guardo entre as pernas.
Nem essa, mais molhada, dentro da boca.
Não. A maldição veio com os grandes
navegadores: carrapatos, impetigos,
escorbutos e piolhos. Saudades. Paixão.
Saliva. Poesia.
A culpa não é sua, nem minha.
Mas serei eu a que irá arder nas chamas,
porque bruxos não existem.
0 que há no mundo das paixões e erros
são putas. Putas. Putas. Putas. Sou uma puta.
Serei eu quem morrerá primeiro.

 

Com um livro sobre o colo estéril
versejo uma ideia que me foge,
aquela frase exata que sempre busquei.
Com o exato momento da palavra,
que tivesse o tom do improvisado jazz
e a razão de um vidente esquizofrênico.
Ai, como eu gostaria de ter escrito
certos versos que neste livro leio!
Cercaria meus sonhos com grandes muros,
no jarro de minha mesa sorririam flores
e tudo isto já não mais seria plágio.

 


         
 Página publicada em maio de 2016. Ampliada e republicada em abril de 2018.
 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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