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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ELAINE PAUVOLID


Elaine Pauvolid é carioca, nascida em 1970. Autora de Leão lírico, edição própria, em que assina também o projeto gráfico. Com esse livro, participou da noite coletiva de autógrafos na OFF-FLIP 2008. Ganhadora do prêmio Biguá, concedido pela SADE - Sociedade Argentina de Escritores, de 2006.

Participou da Antologia Como ángeles en llamas/Algunas voces latino-americanas dei S. XX / Selección, Editorial Maribelina, sello de Ia Casa del Poeta Peruano / Lima (abril/ 2004, Uruguay). Em 2003, juntamente com os poetas Márcio Catunda, Ricardo Alfaya, Tanussi Cardoso e Thereza Christina Rocque da Mota, lançou o livro Rios, pela Ibis Libris. Seu segundo livro chama-se Trago (edição artesanal da autora, 2002). Com prefácio de Gerardo Mello Mourão.

Colaborou com crônicas para o Jornal da Tarde, de São Paulo, na coluna Arte pela Arte. Edita «Aliás, revista eletrônica de cultura» - www.aliasrevista.com.br.

A partir de 1999, tornou-se ensaísta freelancer. Publicou resenhas no Jornal do Commercio, O Globo, Jornal do Brasil e na revista Poesia para Todos (Galo Branco), atividade à qual se dedica até hoje. Em 1998, estreou como poeta com Brindei com mão serenata o sonho que tive durante minha noite-estrela... (Imprimatur / 7 Letras).

É funcionária pública federal desde 1995 e bacharel em Psicologia pela UFF, em 1994.  Seu site pessoal é www.elainepauvolid.net.

 

Ao entender que a poesia é uma linguagem do ser, o filósofo foi mais longe e a situou como uma categoria do ser. É preciso ir mais longe ainda: a poesia não é apenas uma categoria, mas a categoria do ser.

 

Elaine Pauvolid sabe disso, como se pode ver nos breves poemas reunidos sob o sugestivo título Trago, o qual acena desde logo como o twilight de sua ambiguidade, numa abertura poética, que tanto pode ser o substantivo trago, como a primeira pessoa do verbo trazer ou do verbo tragar — o convite ao vinho, à embriaguez, ou a alegria do gesto de beber—, ou ainda o anúncio da portadora de mensagens e oferendas que nos chegam de repente, trago aqui minha rosa e minha voz — digamos.    Gerardo Mello Mourão (1917-2007

 

 

LEÃO LÍRICO
De
Elaine Pauvolid
LEÃO LÍRICO
Rio de Janeiro: 2008
144 p.  ISBN 978-85-908034-0-9

 

 

 

CARTA

 

Meu caro amigo,

estou cansada de tentar

fazer o correto;

tudo me desalinha.

Sigo, decerto,

sem a menor noção

do que é certo;

vou bem.

 

 

***

 

Escrevo e desenho

para pedir socorro,

mandar um sinal,

senão eu morro.

 

Alguém ouve o traço,

vê o grito e manda resposta.

 

Ou sou eu que leio, vejo, traço,

respondo e movo

o que não é novo.

 

 

***

 

As solicitudes estavam todas guardadas.

Os tormentos ela amontoava à direita,

no móvel quadrado.

Os desejos ela ligava por um fio

à tomada.

 

 

 

VERTENTES

De
VERTENTES  

Coletânea de poemas e fortuna crítica.
[Poemas de] Elaine Pauvolid, Marcia Carvalho,
Márcio Catunda, Ricardo Alfaya, Tanussi Cardoso.
Rio de Janeiro: Fivestar, 2009.  195 p.

ISBN  978-85-62038-02-0

 


O mundo não cabe no mar

 

O mundo não cabe no mar

Ou é o mar que não cabe no mundo?

 

 

Entre viver e navegar

 

Que escrever se não tenho vivido,

e sim, navegado?

Falar das viagens por estes mares

desconhecidos,

dos monstros e anjos que tenho encontrado,

dos seus cisnes?

Poderia dizer sim de tudo isso

e é mesmo o que tenho dito.

 

Mas seria tão grato viver

nem que fosse por momentos ínfimos...

Se minha vida for este navegar,

esta tentativa de não ser submersa,

qual a diferença, eu pergunto,

entre viver e navegar?

Talvez os mares que desejo

ainda não tenha conseguido alcançar...

E, se um dia eu chegar,

quererei voltar?

 

 

Sei que sou de forma alguma

 

Não confio em desafios

desmedidos e nem acredito

em sonhos tranquilos.

 

Louca, vago solitária

em mim mesma.

Sei que sou? De forma alguma,

e essa vaga impressão de mim

engana-me, fazendo-me crer

no dia de poder ser una.

Sou nua em poemas em prosa,

mais nua em versos.

Converso sem nexo,

mas converso, e é

a voz que procuro.

 

 

Luna

Lâmpada erguida, pequenina e nua,

lá fora misturam-se ruídos.

Esgueiro-me feito cola. Ácida.

Rodas de bilha roçando pedras

úmidas; vento bailando folhas,

o lume do pensamento exato.

 

Um blues, a garrafa aberta,

cortes de memória repletos indo e vindo,

projetados no branco, voláteis.

 

Vontade de contornar a noite

e debato-me pelo seu abraço.

Depois, vencido, tomba o rosto

milhares de vezes tombado,

lentamente, em cada cena real,

acordando em cada uma delas,

recomeçando, renascendo uma vez mais.

Como quem se lava n'água fria,

como quem a alma batiza.

 

 

Minhas boas persianas

 

"a persiana pode ser horizontal

ou vertical; você pode regular sem

se levantar da cadeira onde está

 

Oh sucessão do dia

E da noite"

Joan Brossa

 

 

As persianas não mentem.

Sobretudo as claras, quase brancas.

Anunciam a hora exata no dia,

delineiam nossa silhueta à noite.

Atrevidamente lânguidas,

permitem os barulhos todos

e passar, generosa, a brisa.

Jamais se erguendo totalmente,

sem revelar, feito boa noiva,

o que ocorre nos interiores.

E se envelhecidas entortam,

consentimos ainda em abrigá-las,

se bem dominarmos suas cordas.

 

 

A vela

 

         A Gerardo Mello Mourão in memorian

 

Sólida, esqueci de ser eu mesma.

Areia, virei estrela.

Mas estrelas que são,

senão rasgos da luz nova?

 

Palavras utilizadas, lume.

Palavra, dobrada palavra.

Por minhas entranhas encontrá-la

dita e salgada, cristalizá-la.

Fechar os olhos, lembrar-me do mar.

O mar que lembra o fechar dos olhos

e o riso deles nos nossos ouvidos.

Vela acesa nas noites sonâmbulas.

Deixá-la queimar perene e calma,

transportando o silêncio para além,

prometendo a eternidade na chama

queimando, penitente,

a transmutar-se chama sempre,

queimando por dias, ensolarada

vela de insônia, do sem-nome.

Um homem que, podendo navegar

e cerrar os olhos, o faz serenamente.

 

 

 

QUADRIGRAFIAS: Elaine Pauvolid, Márcio Catunda, Ricardo Alfaya, Tanussi Cardoso. Rio de Janeiro: Uapê, 2015.  212 p.  14X21 cm.  ISBN 978-85-8154-017-7  Ex. bibl. Antonio Miranda


 

       viver ao
       silêncio
       quando

       *

      o silêncio como usura da mão
      o silêncio como vontade de chão
      o silêncio como vontade do sim
      o silêncio como entrega do não

 

       *

       poemas não sei o que são
       sei que nascem e flutuam
       vidências

 

OFICINA – cadernos de poesia  29.   Rio de Janeiro: OFICINA Editores, 2001.  108 p. 23 cm.    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

                               À SOLEIRA DA PORTA

            
Não sei de fado
             Deixo-o sem glória e saio.
             Sem segredo do desvelo
             piso na vida com tal zelo
             que não nego os que me              chegam
             nem tampouco me cegam ódio              e medo.
             Contraditória e calma
             varro à soleira da porta
             pensando nos meus erros
             com humildade de caseira
             e plenitude de idólatra.

 

*

 

Página ampliada e republicada em novembro de 2022

 

 

 

 

 

Página publicada em julho de 2010, a partir de um exemplar da obra enviado por Luiz Otávio Oliani, poeta e assessor de Imprensa da editora, com a devida autorização para a divulgação dos textos. Ampliada e republicada em agosto de 2015

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