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                     EDUARDA DUVIVIER 
                     
                     
                    Artista plástica e poeta. Nasceu no Rio de Janeiro e  vive em São Paulo. 
                    “Eduarda Duvivier  já foi a poetisa mais nova do mundo, virou estrela e teve Manuel Bandeira como  padrinho  
                      
                    Gilberto  Amendola 
                    Eduarda Duvivier, de 63 anos, abre uma  pasta de recortes sobre a mesa. Na página amarelada do Jornal de Letras, de  1951, uma garotinha linda e sorridente, um mix de Shirley Temple com a menina  Maísa, do SBT, abraça o poeta Manuel Bandeira. “Eu tinha cinco anos. Era  considerada a mais jovem poetisa do mundo”, conta.   (...) 
                    Eduarda dizia coisas como “os dentes são  como flores, eles nascem outra vez”. Animada, Ivna reuniu os melhores poemas da  filha e cometeu a audácia de enviá-los para o poeta Manuel Bandeira. “Meus pais  eram artistas (o pai, Edgard, trabalhava como escultor), gostavam deste  universo, e acho que se realizaram por meio do meu dom.” 
                      
                    Bandeira ficou boquiaberto com o que leu. E  mostrou o material a alguns amigos, entre eles, o jovem Thiago de Mello. Um  poema o impressionou mais: “Eu ia andando num mato escuro/ Lá longe vi uma luz/  Cheguei, era uma casa/ Bati, era a casa do gigante/Mas era um gigante tão  pequenininho que atirei uma bola de gude em cima dele/ E ele caiu no chão.”” 
                    Extraído de: http://www.jt.com.br 
                      
                    
                    De 
                      Eduarda  Duvivier 
                      Sou como sou 
                          São  Paulo: Massao Ohno; M. Lydia Pires e Albuquerque, editores, 1982.   
                            s.p.  ilus.  col. 
                    
                    NOITE AFORA 
                      
                    Tem  dia que a gente fala  
                    tem  dia que a gente cala  
                    tem  dia que a gente ri  
                    tem  dia que a gente chora  
                    tem  dia que a gente trepa  
                    tem  dia que a gente ora  
                    tem  dia que a gente nasce  
                    dia  em que vai embora 
                      
                    e  o que tem na noite afora? 
                      
                      
                    TRANSA 
                      
                    Ele  me faz ter o céu  
                      ele me faz ser o sol  
                      ele me faz crer nas nuvens  
                      ouvir o vento e os grilos  
                      andar na chuva e no chão  
                      ele me faz não ter medo  
                      de viver sempre em perigo  
                      perder tudo ou morrer cedo 
   sua vida é uma canção  
                      minha vida é um segredo  
                      onde está meu coração?  
                      Nesta transa de brinquedo. 
                      
                      
                    SETE 
                      
                    Sete  donzelas dançaram  
                    sete  espadas se cruzaram  
                    no  mar revolto crispado  
                    sete  homens naufragaram  
                    no  fogo ardente envolvente  
                    sete  serpentes nasceram  
                    sete  sóis se desmancharam  
                    nas  nuvens ruivas do ar.  
                    Sete  profetas falaram  
                    segredos  de amedrontar  
                    sete  arco-íris fizeram  
                    sete  voltas pelo ar  
                    sete  lábios me beijaram  
                    sete  vezes com ardor  
                    sete  mãos me agarraram  
                    me  desfolharam no amor  
                    sete  centauros vieram  
                    sete  vezes me buscar. 
                      
                    Eu  fui sonhando, sonhando  
                    nos  sete braços do mar. 
                      
                    
                      
                      
                    Página publicada em abril de 2011 
                
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