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O poeta Hermínio DUQUE Estrada COSTA nasceu no bairro de São Cristóvão, no Rio, em 22 de juiho de 1894. Eram seus país os professores Alfredo Antonio da Costa e Celina Caminha Duque Estrada. Fez seus primeiros estudos nos Colégios Pedro II e Militar. Ingressou multo jovem na Faculdade de Direito, em 1911 e, no 4.° ano, foi eleito Diretor-Redator Chefe da tradicional revista literária A ÉPOCA, até hoje existente naquela Faculdade. Quem quer que se disponha a pesquisar a vida literária no Rio, São Paulo e Belo Horizonte, nos idos de 1920, ha de constatar a presença fulgurante de Duque Costa. Depois, o silêncio. Muito mais tarde, Andrade Muricy, em seu monumental PANORAMA DO MOVIMENTO SIMBOLISTA BRASILEIRO (2.a Edição, 1973, 2.° Volume) transcreveu os seguintes poemas de Duque Costa: Rapsódia da Hora Parada, Revería Poética de Inverno, Balada Patética, Legenda da Beleza Nova, Elogio Exótico, Visão de Maio, O Último Noturno, O Antifauno, Taca Vazia, Sombra Ignota, Neurose de Ausência, A Tempestade e Blue Devil. Algumas delas, e outras até então inéditas, foram reunidas em livro de 1980 na 1.a Edição de O LIVRO POÉTICO DE; DUQUE COSTA, livro póstumo.
Austregesilo de Athayde escreveu:
Nos anos vinte Duque Costa era um símbolo. Nele víamos o romântico a resistir as primeiras investidas do realismo, não se fala de literatura, mas do realismo da vida, das novas concepções que passaram a dominar a sociedade de todos os países depois da primeira guerra mundial. O tipo clássico do poeta alheio aos problemas da vida que se impunha em contornos tão diversos dos tempos dos bebedores de absinto, buscando na embriaguez os contatos com a genialidade.
Muitas vezes, Duque Costa perdia-se em reminiscências da vida. de Byron, morrendo na luía pela independencia da Grécia, e Shelley era um irmão de sua alma. Os "satânicos" como Baudelaire povoavam a sua mente e em tudo por tudo era refinado, singular, até bizarro; revivia em nossa lembrança o tipo que deveria ter sido o de Álvares de Azevedo.
Poeta de extraordinaria sensibilidade, o último dos grandes simbolistas, recusava-se a publicar livros.
“Nos seus amplos poemas derrama-se uma atmosfera outonal, muito diferente da perquisição vocabular do parnasianismo. A tessitura do seu verbo afasta-se do joalheirismo ornamental e do didatismo, basilares àquela escola. A procura de grandes sonoridades orquestrais é ausente da poesia de Duque Costa, motivada por impulsões de trama movente da música de câmara. (...) A virtuosidade expressional é valorizada por subitâneos jogos semânticos e, ainda, pelo uso de metáforas e aliterações.” Andrade Muricy
/ Caixa de cartão duro com 12 conjuntos de poemas, um para cada mês do ano. Os poetas incluídos pelo mês de seu aniversário. Inclui efígie e um poema de cada poeta, escolhidos entre os clássicos e os contemporâneos do Brasil, e alguns de Portugal. Produção artesanal. ------------------------------------------------------------------------------------ SOMBRA IGNOTA
Oh! venerando sombra companheira — alma do Além — quero beijar-te os pés; venho te procurando a vida inteira. Amo-te. Existes. E não sei quem és. . .
Vens através de todos, e através de ludo o que, no mundo, se me abeira; mas, chegas sempre no último revés, e partes sempre na ilusão primeira.
És a quimera azul, que se perfuma de beleza e do amor, que tanto anseio, e nunca tive de ilusão nenhuma. . .
Minha ventura está, no que contém o transcendentalismo de teu seio, Oh! veneranda Sombra de ninguém.
(Rio, 1918)
"BLUE DEVIL"
No ânsia incontida, na ânsia frustrânea de amar a vida, Eu aprendi a morte, a morte que é o tédio absoluto da vida.
E depois decepei o desejo das minhas mãos, E as minhas mãos vazias Ficaram estendidas para sempre nas distâncias infinitas
E depois de ludo, oh! de ludo! Eu cerrei os meus olhos, E os meus olhos morreram. . . Afinal, morreram os olhos que ¡á viram ludo.
POEMA EXÓTICO
Andam línguas pelo ar coligando-te; e dedos trêmulos e macios, em segredos sombrios, na peluda langue do teu corpo exangue!. . .
Morna, a minha ronda insaciável aumenta, e, lenta, lânguida, longa, elástica, em ondas redondas, vai reptando, vai serpeando, e se estica, e se alonga, num delírio branco!. . .
lenta, lânguida, longa, elástica — serpente indolente, lassa, estanguida, resvala, e vai, voluptuosamente. . . queima-te a carne e morde-te os seios vermelhos, e cheios, e se enrola, e te abraça os tornozelos, e te enlaça os joelhos o ventre, as mãos, o dorso e tudo pálpito e desnudo!
Sangra-te a boca e vai, como urna trepadeira num arranco, espiralada no teu corpo branco buscando-te os refolhos, e te algema, e se esgueira, e sorve todo o olhar dos teus olhos.
E, em recurvos recôncavos, e eróticas (Rio, 1916)
(Poemas extraídos da obra: o livro poético de DUQUE-COSTA. Prefácio de Andrade Muricy. 2ª edição. Rio de Janeiro: Paulo Duque, 1983. Obra póstuma.
Página publicada em agosto de 2009, ampliaeda e republicada em janeiro de 2011
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