DORA LOCATELLI
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LOCATELLI, Dora. A Raiz do tambor. Rio de Janeiro: Editora da Palavra, 2011. 113 p. 14x22 cm. Capa: Gabriel Voser sobre escultura de Julia Forte. Prefácio: Igor Fagundes. ISBN 978-85-98348-26-1
DESCOBERTA: 2 DE ABRIL DE 2005
Diante do mistério
a solenidade do sagrado
se impõe.
Eu mesma raiz
e árvore.
Finco os pés
estendo os braços
e me cubro
de perplexidade.
DESTEMPERO
Canto como quem risca a pedra,
(Hilda Hilst)
Nunca serei comedida.
Do tronco velho de meus versos
as palavras escorrem
dilacerações sem pudor
secreções de morte e vida.
Sou um animal comovido.
CARIMBO
A memória do tempo
deixa seus sinais:
nódoas de dedos
nas folhas da janela
marcas de suor
nos óculos inúteis da avó
esquecidos no fundo da gaveta.
No suspiro de um susto
ela está diante de mim e inteira
as chaves na cintura
o coque grisalho
os olhos de desespero
os gemidos da agonia.
Tempo de sobressaltos.
A ameaça da morte vem,
como uma espada pairando acima
atada a fino fio de cabelo.
O coração desembestado
ó nó na garganta:
cravados em mim
como carimbo
por toda a eternidade.
DESTEMPERO
Canto como quem risca a pedra,
(Hilda Hilst)
Nunca serei comedida.
Do tronco velho de meus versos
as palavras escorrem
dilacerações sem pudor
secreções de morte e vida.
Sou um animal comovido.
CARIMBO
A memória do tempo
deixa seus sinais:
nódoas de dedos
nas folhas da janela
marcas de suor
nos óculos inúteis da avó
esquecidos no fundo da gaveta.
No suspiro de um susto
ela está diante de mim e inteira
as chaves na cintura
o coque grisalho
os olhos de desespero
os gemidos da agonia.
Tempo de sobressaltos.
A ameaça da morte vem,
como uma espada pairando acima
atada a fino fio de cabelo.
O coração desembestado
ó nó na garganta:
cravados em mim
como carimbo
por toda a eternidade.
Página publicada em janeiro de 2012
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