DIANA ARAUJO PEREIRA
(Rio de Janeiro, 1972) é poeta, professora de espanhol e de literaturas hispânicas, além de tradutora. Doutora pela UFRJ/Universidad de Sevilla. Atualmente trabalha como pesquisadora PRODOC/Capes junto à Pós-Graduaçâo em Literatura Hispano-americana da UFRJ. Tem colaborado
com poemas, críticas e traduções em diversas publicações (www.
revista.doc, www.lagioconda.art.br, Cult, Sibila, Poesia Sempre, Et cetera. Jornal do Brasil, K Jornal de Crítica). Traduziu José António Marina (O quebra-cabeça da sexualidade, Ed. Guarda-chuva, RJ, 2008), Adolfo Montejo Navas (Da hipocondria, Ed. 7Letras, RJ, 2005), Anna Bella Geiger {Territórios, passagens, situações, Ed. Casa da Palavra, RJ, 2007) e Adriana Calcanhotto (versão espanhola do disco infantil Adriana Partimpirn). Editou
uma plaquette poética, Ventreadentro, 2006 (com A. M. Navas).
Atualmente, trabalha no livro de prosa poética Horizontes partidos e com Mariluci Guberman na organização do volume de crítica Provocações da cidade.
PEREIRA, Diana Araujo. Outras palavras. Otras palavras. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008. 18x14 cm. ISBN 978-85-7577-507-3 Bilingue, com duas capas, uma para cada idioma. Capa: imagem de “O poeta”, de Bené Fonteles. Orelha escrita por Adolfo Montejo Navas. Col. A.M.
TEXTOS EM PORTUGUêS - TEXTOS EN ESPAÑOL
Ou talvez você se acostume ao vazio, e já não tenham importância magníficas palavras (por melhores preços que coloquem). Você já sorveu algo deste nada que te absorvia, e agora te incomodam menos seus espelhos, suas visões, seus orgasmos. Você se encaminha solenemente ao lugar nenhum de todos os nomes e vales.
De que matéria é feito o nome?
Os que não o têm comparecem à televisão todos os dias, como sílabas ou letras de uma frase partida, de um alfabeto quebrado. Alguns pedem ajuda, outros se tornam cada vez mais sombra na longa sombra de toda uma vida. Escrevo de dentro da fome, da dor e da morte. Escrevo de dentro da perda de sentido.
As veias-palavras comunicam-se sob os mesmos céus de todos os séculos, latitudes, paragens. As palavras-veias intercambiam e transmutam o sangue do mundo, estabilizam os sistemas
humanos e reverberam os humores solares.
A suavidade desfaz-se em nós de espera.
A manhã transforma-se em fortaleza de dentros.
A fornada de novas palavras cheira na rua distante.
Sacrifício que oficia em teu cabelo o sendeiro e o tempo. Mas da semeadura tardia, a erva e o soluço do canto. Entristecem-se as sobrancelhas, treme a folhagem.
Todo o esforço para que se cumpra o verão em todas as partes.
TEXTOS EN ESPAÑOL
O quizás te acostumbras al vacío, y ya no te importan magníficas palabras (por mejores precios que les pongan). Ya sorbiste algo de esta nada que te absorbía a ti, y ahora te molestan menos
sus espejos, sus visiones, sus orgasmos.
Te conduces solemnemente al lugar algún de todos los nombres y valles.
¿De que materia está hecho el nombre?
Los que no lo tienen acuden a la tele todos los días, como sílabas o letras de una frase partida, de un alfabeto roto. Algunos piden ayuda, otros se vuelven cada vez más sombra en la larga sombra de toda una vida.
Escribo desde el hambre, el dolor y la muerte. Escribo desde la perdida dei senado.
Las venas-palabras se comunican bajo los mismos cielos de todos los siglos, latitudes, parajes.
Las palabras-venas intercambian y transmutan la sangre dei mundo, estabilizan los sistemas humanos y reverberan los humores solares.
Lo suave se deshace en nudos de espera.
La mañana se convierte en fortaleza de dentros.
La nómada de nuevas palabras huele desde la lejana calle.
Sacrifício que oficia en tu pelo el sendero y el tiempo. Pero de la siembra tardia, la hierba y el sollozo dei canto. Se entristecen las cejas, tiembla el follaje.
Todo el esfuerzo en cumplirse el verano por todas partes.
Página publicada em julho de 2012. |