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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


CLÁUDIA ROQUETTE-PINTO

CLÁUDIA ROQUETTE-PINTO

nasceu no Rio de Janeiro, em 1963. Formou-se em tradução literária pela PUC-RJ. Dirigiu, durante cinco anos, o jornal cultural Verve. Tem cinco livros de poesia publicados: Os Dias Gagos (Edição da autora, RJ,1991);  Saxífraga (Editora Salamandra, RJ, 1993);  Zona de Sombra (Editora 7 letras, RJ, 1997); Corola (Ateliê Editorial, SP, 2001 – Prêmio Jabuti de Poesia/2002) e Margem de Manobra (Editora Aeroplano, 2005).

Página da autora:  www.claudiaroquettepinto.com.br

 

Veja também textos em PORTUGUÊS E ESPAÑOL 

 

POEMA SUBMERSO

olho: peixe-olho que
desvia a mão enguia
a pele lisa a
té o umbigo e logo
a flora de onde aflora
(na virilha) o
barbirruivo a
ceso bruto an
fíbio: glabro

dedos tão tentáculos
e crispam esmer
ilham dorso abaixo a
cima abaixo brilha
o esforço — bravo
peixe tentando escapar       mas

ei-lo ao pé da frincha que
borbulha (esbugalha?)
roxo incha e mergulha em
brasa estala
e agora murcha
peixe-agulha e
vaza
vaza


RETRATO DE PABLO, VELHO

da sombra seu rosto se lança
um peixe
uma lua africana
boiando à superfície gasta e gris
a calva não dava um aviso
dos olhos vivos
de água, vivos
que engendram antes de ver
a testa de touro tem brio
empurra um nariz repartido:
uma face enfrenta,
a outra subtrai
o resto são rugas e ricto
papiro
e o som de cascos ancestrais

 

NO ÉDEN

peça a ela que se desnude
começa pêlos cílios
segue-se ao arame dos
utensílios diários
(insônia alinhavando-se
de tiros,
a infância     seus disfarces)
é preciso
que se arranque toda a face
deixar que os olhos descansem
lado a lado com os sapatos
na camurça oscilante
de um quarto
isso, se quer (sequer desconfia)
tocar o que se fia (um par
de presas, topázios)
entre os vãos das costelas
abra o fecho ela desfecha
no escuro o quadrante onde vaza
a luz e suas arestas

 

Poemas extraídos de NA VIRADA DO SÉCULO: poesia de invenção no Brasil, organização de Claudio Daniel e Frederico Barbosa.  São Paulo: Landy, 2002.  348 p. 

 ISBN 85-87731-63-7

 

De
ROQUETTE-PINTO, Claudia. 
Claudia Roquette-Pinto / por Paulo Henriques Britto. 
Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010.   84 p.  (Coleção Ciranda de Poesia)  
ISBN 978-85-7511-177-2

 

“Já uma peça como “Blefe”, porém, o manejo dometro é muito mais flexível, com enjambements, quebras de ritmo e efeitos de som e sentido (como adjetivo “gago” comentando a sucessão de “quês” do mesmo verso) que prenunciam a maestria écnica dos livros posteriores —

        
catódica essa luminosidade
         estranha o sol repele o sol. Intacto
         o tique que quedou meus dias gagos


—, tudo isso respeitando as convenções do decassílabo clássico.”      
                                                                           PAULO HENRIQUES BRITTO

 

Blefe

 

pois esse é o mês bastardo, azinhavre

engole o que há de doce nos metais

silêncio embaça a pele dos diários

lençóis têm cor de áridos lençóis

 

existe azul, mas é um azul de asma

que a nitidez da tarde faz em cápsula

espelhos só devolvem olheira e pragas

um gesto que de fácil despedaça

 

catódica essa luminosidade

estranha o sol repele o sol. intacto

o tique que quedou meus dias gagos

 

a rima fica lívida nos lábios

e dor sem voz passeia o seu contágio

um gato eletrifica. arrisco maio.

 

 

FAIT-ACCOMPLI

antes que houve ou vice-
versa, os céus de nice
antes que florença me invadisse
a bici-
cleta abrisse o zíper
da tardinha (venice beach) an-
tes que a mão cúmplice no rinque
em viena descobrisse a
nova língua, perna-a-perna
antes vence, antes
cacos de matisse al
guém ergueu um verso liso sem
indício de andaime — e nem
por isso tinha pisa um hall de hotel

 

                 (de Saxífraga)

 

 

 

        CHAMA

as tulipas acenderam
— espadas, coroas,
cabelos —
seu ruído no quarto
na cama sem repouso
um rosto avesso ao rosto
intransigente, do espelho,
busca equilíbrio
sobre o cânion dos lençóis
paira, fogo contido,
gêmeo do incêndio das flores
ardendo em contínuo
silêncio,

        no halo da lucidez


                 (de Zona de Sombra)

 

 

 

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TEXTOS EN ESPAÑOL


CLAUDIA ROQUETTE-PINTO

Claudia Roquette-Pinto nació en Rio de Janeiro en 1963. Tiene formación en traducción literária. Dirigió durante cinco años el periódico Verve, publicación mensual de arte y cultura. Publicó três livros de poesia: Os dias gagos (1991), Saxífraga (1993) y Zona de Sombra (1997).

 

 

Poemas extraídos da revista TSÉ=TSÉ n. 7/8 otoño 2000,

[Traducciones de Florencia Fragasso, revisadas por C.R.-P.]

 

 

 

mínima moralia

 

só a pétala mais rara

carna-

dura estriada

sem transparência de luz

só a pétala folheada

de água

onde mora (aguarda)

o som de uma floresta

pulsação dos fluidos das floresta

quando o tímpano estala

 

 

mínima moralia

 

sólo el pétalo más raro

carna-

dura estriada

sin transparência de luz

sólo el pétalo hojoso

de agua

donde mora (aguarda)

el sonido de un bosque

pulsación de los fluidos del bosque

cuando el tímpano estalla

 

 

os reinos

 

1.       tempo

         a se desprender do tempo

         lenço a lentamente

         elucidar-se em frêmito

         enquanto cai

 

2.       insone

         crivo por crivo

         ergueu-se do exíguo leito

         e abandona a sombra atônita,

         desatada

 

3.       nimbo

         globo que assoma

         de halo hialino

         explode

         contra a lâmina das águas

 

 

  los reinos

 

1.       tiempo

         a desprenderse del tiempo

         lienzo a elucidarse

         lentamente en áspero rumor

         en cuanto cae

 

2.       insomne

         punto por punto

         se yergue del exíguo lecho

         y abandona la sombra atônita

         desatada

 

3.       nimbo

         globo que asoma

         de halo hialino

         explota

         contra la lámina de las águas

 

 

vão

 

palavra-persiana

poema-lucidez

imanta o ar fora do cômodo

das frases              um outono

rente à janela

ouro tonto sobre a tarde derrubada

entrementes, entre dentes

(e quatro paredes)

tua boca ainda invoca

equívoca e pobre.

na penugem além da vidraça

os deuses-de-tudo-o-que-importa

cerram as pálpebras de cobre

 

 

 

vano

 

palabra-persiana

poema-lucidez

imanta el aire fuera de lo cômodo

de las frases                    un otoño

junto a la ventana

oro tanto sobre la tarde derrumbada

entremedio, entre dientes

(y cuatro paredes)

tu boca aún invoca

equívoca y pobre.

en la pelusa más Allá del vidrio

los dioses-de-todo-lo-que-importa

cierran los párpados de cobre


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De
 Heloisa Buarque de Hollanda

Otra línea de fuego - Quince poetas brasileñas         ultracontemporáneas.
Traducción de Teresa Arijón. Edición bilingüe.
Málaga:  Maremoto;  Servicio de Publicaciones, Centro de Edciones de la Diputación de Málaga, 2009.  291 p
ISBN  978-84-7785-8

 

 

Cinco líções de inglês

 

That summer he missed his lover — Ele puxou do bolso, com máximo

cuidado, a última carta, a qual imediatamente rasgou-se ao longo das

dobras puídas.

 

The letter confused her — Mesmo depois de ler e reler a carta, ela não

conseguia impedir que suas maiores expectativas e seus piores temores

—crianças numa gangorra— se alternassem em sua mente.

 

She felt very sad — Ela andava, dia e noite, como se levasse no peito a

vidraça que uma pedra acabara de acertar.

 

He was angry — Ele batia com insistência a ponta do sapato no rodapé,

e, repentinamente, repetia entre dentes alguma frase incompreensível,

que pontuava com um soco.

 

She begged him to stay — Ela agarrou-se à manga de sua camisa sem

dizer palavra.

 

Cinco lecciones de ingles

That summer he imssed bis lover — Saco dei bolsillo, con sumo cuidado,
la última carta, que se rasgo a lo largo de las dobladuras gastadas.

The letter confused her — Aun después de leer y releer la carta, no conseguía impedir que sus mayores expectativas y sus peores miedos
— niños en el subibaja — alternaran en su mente.

She felt very sad — Andaba, día y noche, como si llevara en el pecho elcristal que una piedra acabara de quebrar.

He was angry — Golpeaba con insistencia la punta del zapato contra el zócalo, y, repentinamente, repetía entre dientes alguna frase incom-prensible, que puntuaba con un puñetazo.

She begged him to stay — Se aferró a la manga de su camisa sin decir ipalabra.

 

 

VILLARREAL, José JavierPoesía brasileña, Antología esencial.  Madrid: Visor Libros, 2006.  587 p. (Colección La Estafeta del Viento, vol. 13)  Dirigida por Luís García Montero y Jesús Garacía Sánchez.  ISBN 978-84-9895-098-4   Inclui os poetas brasileiros Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Jorge de Lima, Mário de Andrade, Murilo Mendes, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Mario Quintana, Vinicius de Andrade, Manoel de Barros, João Cabral de Melo Neto, Lêdo Ivo, José Paulo Paes, Haroldo de Campos, Ferreira Gullar, Adélia Prado, Roberto Piva, Armando Freitas Filho, Carlito Azevedo, Claudia Roquette-Pinto. 

A antologia inclui seis poemas de Claudia Roquette-Pinto, em português e em español. Selecionamos dois — os mais curtos — por razões de direitos autorais, apenas com a intenção de promover as traduções de José Javier Villarreal.

 

HOMEM: MODO DE ABRIR

Com os lábios e com a língua
e qualquer palabra que sirva
para a imagen a ser descascada:
uva túrgida,
auto-suficiente,
súbita inclinando-se ao
verter do próprio sumo
se adequadamente envolta
pela boca
sábia que adivina (conhece?)
a concentração de urgencia e
doçura
dormindo, agora, ali.

                   (De Margem de manobra, 2005)

 

HOMBRE: MODO DE ABRIR

Con los labios y con la lengua
y cualquier palabra que sirva
para la imagen de quitar la cáscara:
uva redonda,
auto-suficiente,
de pronto inclinándose al
verter su propio jugo
si adecuadamente envuelta
por la boca
sabia que adivina (¿conoce?)
la concentración de urgencia y
dulzura
durmiendo, ahora, allí.

 

MARESIA

         Para Antonio Cícero

Por duas vezes a lâmina manchada
(furacão no lume do espelho)
que o aço, ao oxidar-se, escavou.
No reflexo sobre a pia do banheiro
(onde, antes, mãos com asas
risos, beijos de manhã).
No círculo de prata
de um CD antigo
(ali cochilam, irrecuperáveis,
seis noturnos).

         (De Margem de manobra, 2005)

 

OLOR A MAR

Para Antonio Cícero

En dos ocasiones la hoje manchada   
(huracán en el destello del espejo)
que el acero, al oxidarse, carcomió.
En el reflejo sobre el lavabo del baño
(donde, antes, manos con alas
risa, besos matinales).
En el círculo de plata
de un antiguo CD
(allí dormitan, irrecuperables,
seis nocturnos).

 

Página publicada em janeiro de 2009; ampliada e republicada em dezembro 2010; ampliada em dezembro de 2016. Ampliada em abril de 2020


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