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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: http://www.oficinaeditores.com.br/

 

CELI LUZ

 

nasceu no Rio de Janeiro, é poeta, professora e ficcionista.
Formada em Letras pela UFRJ, com pós-graduação em Língua Portuguesa.
Livros: O Sol da Palavra, 2009, Ibis Libris; Senhorita Eme, (infantil) 2013, Oficina; seu livro Na Morada do Tempo, 2014, Oficina, obteve o Prêmio Vicente de Carvalho, no Concurso Internacional de Literatura pela UBE, na categoria livro inédito, 2013, 2o lugar. Diversos prêmios em prosa e verso.

Publicação em antologias nacionais e estrangeiras. Convidada da Feria dei Libro San Lorenzo, 2013, Argentina. Membro da APPERJ, da UBE e da Academia Brasileira de Literatura, ABDL, titular da Cadeira n° 21, patronímica de Guilherme de Almeida.

 

 

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  - TEXTOS EM PORTUGUÊS

 

 

 

 

 

 

 

NÃO NEG[UE]ÓCIO

 

Celi Luz

 

Borboleta espiralou-se

e, uma clave no céu,

acordes de violino

 

horas desmarcadas

dias soltos ao léu

voantes dos calendários.

 

Dias domingais são beijos

desenhos e versos no papel,

bálsamo para a pele,

 

há que desprender,

descoser o véu

puxar o fio do novelo,

 

depois, com tal zelo

sentido anti-horário

 

 

 

 

OLIANI, Luiz Otávio.  entre-textos 2.  Porto Alegre, RS: Vidráguas, 2015.  104 p. 14x21 cm.  ISBN 978-85-62077-19

Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

 

        FLAGRANTE

 

             Celi Cruz

 

       Debruça na janela ao lado
o velhinho,
bem no momento em que
o beija-flor
seu néctar colhia.
O velho sorri
e bebemos
um instante de alegria.

 

                   (De O sol da palavra, RJ: Ibis Libris, 2009)

 

 

 

 

 

                   CENA DE UM DIA COMUM

 

                    Luiz Otávio Oliani

o velhinho vê o beija-flor
colher o néctar da alegria

de instante a vida
é feita

a vida é feita de instantes

mas o flagrante
só nos olhos do poeta

 

 

 

 

 

LUZ, Celi.   50 Poemas escolhidos pelo autor.  Rio de Janeiro: Edições Galo Branco,  2018. 92 p.  12,5 x 21 cm.  (Coleção 50 poemas escolhidos pelo autor).          ISBN  978-85-7749-137-7  
Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

IDENTIDADE PERDIDA

 

 

Líquen sobre a pele, pelos, cabelos

pelo dialeto diluído sem apelos.
Onde raízes?

 

 

O quê das águas corridas? Corridas...
O quê incomum? O quê semelhante?
Briga eterna.

 

Livre gozo de orgasmo virtual
tudo e todos, todos e tudo igual.
Onde aldeia?

 

Não se trata de rebeldia, seria comum.
Trata-se de identidade. Coisa de único.
Cada tribo.

 

Traços talvez, herança global desfaça
traços culturais sejam enterrados.
Restem apenas robôs e soldados.

 

 

 

 

BRASIS DENTRO DE MIM

 

 

Língua ouro a lamber as águas
o som a se desprender de febres
e, sempre volto à fonte de lavras.

 

Do Círio de Nazaré, fui procissão
do carimbo e do siriá fui Norte
da Amazónia, pássaro na vastidão.
Sou frevo do Nordeste e dança do coco
de maracatu e capoeira me encanto
de cordel, até entendo um pouco.
E o pantanal, o siriri, a cavalhada
o repente e a procissão do fogaréu
no Centro-Oeste sou ave em revoada.
Nos pampas o gaúcho a cavalgar
a chula, o chimarrão bendito seja!
O Sul da uva e do vinho a me alegrar.
De fandango, congada e carnaval
de samba, sol, de lua no bar
o Sudeste é a poesia do sarau.

 

Dos Brasis tão díspares, tão pés
dos verde-amarelos tão distintos
sou eu, as tantas Marias e Josés.

 

 

 

 

LUZ, Celi.  Na morada do tempo.    Rio de Janeiro: OFICINA Editores, 2014.  Reimpressão 2016.  ISBN 978-85-8051-057-7
Ex. bibl. Antonio Miranda  

 

 

 

CONTEMPORÂNEA

 

 

Poderia ser nada

meus olhos não se azulariam

ser pó ou estrela, ser água ou vento

nenhum corpo ardendo de amor;

 

ser caça ou caçador
nunca ser casa, nem templo
viver de gestos, de jogos orais
deixar os símbolos na pedra;

 

na ágora, ideias e leis
tecido e germe da filosofia
poderia ter dez séculos de trevas
ou, inventar esse tal capitalismo;

 

mas, entre as Guerras Mundiais
a dor da bomba, e a Guerra Fria
freneticamente múltipla e simultânea
caminho visual, digital e poesia

 

 

 

 

FLORES AUDÍVEIS

 

 

Soam sinos sacratíssimos
soam gregorianos.
Operários rotineiros
salve sineiros!
Soam matinais
soam maternais
convidam infância
um acorde de dobres.
Soam nossos ais
tão adeuses
tão memoriais.

 

Flores auditivas
borboletas aurículas
convivas

no vento do tempo dos natais

há mais

de 2000 anos.

 

 

LUZ, Celi.  TravessiaRio de Janeiro: Batel, 2020.  104 p.  14 x 21 cm.          ISBN  978-85-71740-49-5  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

“Prêmio Álvares de Azevedo” – Livro Inédito,
Concurso Internacional de Literatura da União Brasileira de Escritores, ano 2019,”

 

 

LXVI

 

 

Cantam aves em mim

salvam-me do mecanicismo

se leio poetas antigos:

as odes de Píndaro; a Ilíada, de Homero;

os poemas de Safo e os de Teresa de Espanha.

 

Horas redondas tocam o sino.
Tenho alma de trem com seu apito
se leio poetas modernos:
Anna Akhmatova, Francisca Júlia
e também os contemporâneos.

 

Onde chego quero um poema.
Os versos estão em meus passeios.
Sou turista de livrarias, e livro
é o meu
suvenir para a volta.

 

Sempre em busca da palavra
feito o vento a vasculhar em todo lugar.
Se leio poetas de todos os tempos
tenho mais um dia infinito.

 

 

 

 

LXXVI

 

 

Cajueiro de braços estendidos
tão antigo

mil histórias de raízes.
Meu amigo

estende os braços, fala de Nísia Floresta

feminina em sua lida.

O lagarto meio verde parecido

com o ambiente

surpreende-me, e o meu silêncio

estende-se.

Os meus braços ramificam-se
nas árvores

pela trilha das rendeiras
e dos amantes.

 

 

 

 

LUZ, Celi.  Em razão do amor. Por lo del amor.   Tradução para o Espanhol: Helena Ferreira.  Edição bilingue.  Rio de Janeiro: Edições Galo Branco, 2017.  163 p.   13,5 x 21 cm   Ex. bib. Antonio Miranda

 

 

INFINITO ENQUANTO VERÃO

 

        A Vinícius de Moraes

 

 

 

As águas vêm e vão

na carícia das praias

doce espera das areias

céus abençoam vazantes e cheias.

 

Poder de água fria

remanso da manhã

braços navegam-me o dia

a tantos nós, quanto à vida louçã.

 

Já não sei se sou barco

que parte, se sou parte

se me deixo navegar

mar aberto, de rosas, de mar a mar.

 

Minha alma de sereia

tua alma de marinheiro

teus olhos de mar costeiro

teu braço de mar é laço, é verão.

 

 

 

       A CASA E O TEMPO

  

A casa era o tempo que corria

corria no vento

pelos corredores

brincando com a gente

e com a cadela

ia pela janela

saía nos fundos

subia nas árvores

descia as escadas

a casa era o tempo que era enorme.

 

A hora dimensionou a casa

já não era tão grande

assim, com tantos de nós

e, o tempo era a casa

passando, passando.

Então, um por um

foi saindo, aos poucos,

a casa ficando outra vez, enorme.

 

A casa e o tempo brincam no vento

passando, andando

na sala e no jardim.

Hoje, não corre a casa

vai mais devagar

mas o tempo ainda passa por lá.

 

 

A Érico Veríssimo (1905-1975), autor do romance O tempo e o vento.

 

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

 

INFINITO MIENTRAS ES VERANO *


                A Vinicius de Moraes

 

 

 

Las aguas vienen y van

en la caricia de las playas

dulce espera de las arenas

cielos bendicen la bajamar y la pleamar.

 

Poder de agua fría

remanso de la mañana

brazos me navegan el día

a muchos nudos, en cuanto a la vida lozana.

 

Ya no sé si soy barco

que parte, si soy parte

si me pongo a navegar

mar abierto, de rosas, de mar en mar.

Mi alma de sirena

tu alma de marinero

tus ojos de mar costero

tu brazo de mar es lazo, es verano.

 

Mi alma de sirena

tu alma de marinero

tus ojos de mar costero

tu brazo de mar es lazo, es verano.

 

 

 

*Paráfrasis del verso — que seja infinito enquanto dure - en "Soneto de Fide­lidad", de Vinicius de Moraes (1913-1980), diplomático, poeta y compositor popular brasileño.

 

 

 

LA CASA Y EL TIEMPO

 

La casa era el tiempo que corría

corría por el viento

por los pasillos

jugando con la gente

y con la perra

iba por la ventana

salía por los fondos

subía a los árboles

bajaba las escaleras

la casa era el tiempo, que era enorme.

 

La hora dimensionó la casa

ya no era muy grande

así, con muchos de nosotros

y el tiempo era la casa

pasando, pasando.

Entonces, uno a uno

iba saliendo poco a poco,

la casa se quedó de nuevo enorme.

 

La casa y el tiempo juegan con el viento

pasando, andando

por la sala y el jardín.

Hoy no corre la casa

ella va más de espacio,

pero el tiempo aún pasa por allí.

 

 

A Erico Yeríssímo (1905-1975), autor de la novela O lempo e o vento.

 

 

 

 

 

Página publicada e ampliada em outubro de 2020


 

 

 
 
 
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