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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CARLOS GÓES
(1881-1934)

 

O ilustre professor, escritor, poeta e filólogo Carlos Góes, nasceu no Rio de Janeiro, filho de Domingos Góes e de Maria Eugênia Machado Góes. Cursou Humanidades nos colégios Abílio e Externato Aquino, formando-se em Direito pela Faculdade do Estado de Minas Gerais. Mudou´se do Rio de Janeiro para Minas Gerais, tornando-se Promotor Público em Mozambinho, até ingressar como Professor Catedrático de Português no Ginásio Oficial de Minas Gerais, por brilhante concurso onde alcançou o 1º lugar, sendo muito cumprimentado pela brilhante tese “Da Linguagem”.Publicou inúmeros trabalhos didáticos: “Dicionário de Galecismos”, “Dicionário de Raízes e Cognotos” (premiado pela Academia Brasileira de Letras), “Dicionário de Afixos”, “Método de Análise”, “Sintaxe da Regência”, “Sintaxe da Construção”, “Gramática Expositiva Primária” e “Pontos de Língua Pátria”., Apaixonado pela Literatura e, em particular, pela poesia e primoroso diletante da bela arte, publicou os livros “Crótulos” (1888), “Cítara” (1904) e “Espelhos” (1924). Dramaturgo, escreveu a peça histórica “O Governador das Esmeraldas” e algumas comédias e dramas. Foi titular da cadeira nº 11 da Academia Mineira de Letras. No ano de 1931 veio residir em Petrópolis e aqui impressionou a sociedade intelectual e cultural com seus talentos oratórios e de escritor, ingressando na Academia Petropolitana de Letras, na cadeira nº 38, patronímica de Casimiro de Abreu, tomando posse a 10 de setembro de 1933. Por pouco tempo enriqueceu a Academia e a Cultura de Petrópolis, falecendo em janeiro de 1935, recebendo homenagem acadêmica em sessão realizada a 7 de fevereiro do mesmo ano, sendo orador o acadêmico Álvaro Machado.

 

          XÁCARA

          Em seu castelo à beira mar
          Dona Áurea cisma à luz do luar.

          O dia morre. Ascende no ar
          A unção da luz crepuscular.

          Tão moça e bela, a definhar
          Por uma forma singular...

          O seu marido, velho e alvar,
          Está na guerra, a pelejar.

           E ela, tão só, no ermo solar
          Sofre saudades de o beijar.

          Deseja alguém, que em seu lugar
          Venha o desejo lhe aplacar.

          “Virgem — exclama, a soluçar —
          Acode, acode a me amparar!”

          Súbito o acento modular
          Ouve do pajem, a cantar...

          Voz que lhe vem apressurar
          O termo ao sórdido desar.

          Voz que lhe acende, a seu pesar,
          Uma insofrida ânsia de amar!

          Não se detém. De par em par
          Abre-lhe as portas de seu lar...

          Ness´hora mesma, a batalhar,
          Morre dom Fuas de Aguilar,

          Que um dardo fundo, a sibilar,
          No peito se lhe foi cravar!

          E harto, sombrio, à luz do luar,
          Sonha o castelo à beira-mar...

                    De Espelhos, 1924.

         

          MÍSTICA                 

          Rezas, postas as mãos em súplice postura.
          Pedes a Deus perdão das faltas que deploras,
          E Ele, em quem lacrimosa o fito olhar demoras,
          Sorri, por te saber acrisolada e pura.

          Há na tua atitude mística doçura
          De quem contempla o albor de célicas auroras,
          — O olhar vago de quem se impregna e se satura
          De toda a contrição que exala o Livro de Horas...

          Volves agora o olhar à imagem de Maria,
          E Maria, de cima, a unção prodigaliza
          De outro olhar, onde a graça esplêndida irradia!

          Nem sequer o cansaço as fibras te quebranta...
          E, arroubada, não vês que assim se imobiliza
          Genuflexa uma santa em face de outra Santa...

                    Ibidem.

 

SANTOS, Diva Ruas.  Antologia da Poesia Mineira.  Belo Horizonte: Ed. Cuatiara, 1992.        192 p.  Capa e montagem Maxs Portes. Editora: Diva Ruas Santos    - Apresentação: Alberto Barroca. 
Ex. bibl. Antonio Miranda 

 

O DESTINO

Dês que dobro de vida a atra vereda escura
vem comigo um fantasma a me rondar os passos;
— Abantesma de torva e hedionda catadura
Com santelmos de luz a arder nos olhos baços.

A quando e quando o espectro estreita-me em seus braços
E sinto-lhe da boca o visgos e a baba impura;
Olha-me cara a cara, e por meus membros lassos
Corre o fluído letal de sua getatura.

E a Deus clamo e pergunto: "Ó céus que tempo e exalço,
Dizei quem seja a estranha aparição sompra
Que de horrível pavor a alma me transe e assombra".

E eu que debalde a Deus contrito recorria,
Sei hoje que o fantasma a me seguir no encalço
É (supremo infortúnio!) a minha própria sombra...

 

*



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Página ampliada e republicada em agosto de 2022

Página publicada em agosto de 2015


 

 

 
 
 
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