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CANDIDA FORTES
Cândida Fortes Brandão. Filha de Fidêncio Pereira Fortes (natural do Rio de Janeiro) e de Clarinda de Oliveira Fortes (natural de Santa Catarina), Cândida de Oliveira Fortes nasceu a 23/4/1862. Em 1885, diplomou-se professora pública pela Escola Normal de Porto Alegre. Em Cachoeira, lecionava em uma aula pública mista. Também dava aulas particulares. (...)
O livro escrito por Cândida e que João Neves refere foi assinado com o pseudônimo de Canolifor, ou seja, as primeiras sílabas de seu nome. Há um exemplar da obra no Museu Municipal, assim como está em exposição a palmatória que ela utilizava para castigar os alunos que não se comportavam. ..(...)
Segundo o próprio João Neves, “havia na autora espontaneidade para versejar, mas de maneira medíocre, no tom da época e sem nada que lhe desse a duradoura marca da criação literária.” De fato perdurou para a história a imagem de Cândida professora, ficando a carreira literária em segundo plano. (...)
Por ocasião da morte do Barão do Rio Branco, em 1912, houve um concurso nacional para produção de texto ressaltando as qualidades do estadista. Cândida venceu o concurso e seu texto foi lido junto ao túmulo do Barão em ocasião de homenagem. (...) Cândida Fortes Brandão faleceu em 4/11/1922. Contava 60 anos.
A MENSAGEIRA – Revista literária dedicada à mulher brasileira. VOLUME II. São Paulo. SP: Imprensa Oficial do Estado S.A. IMESP. Edição fac-similar. 246 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
A Mensageira
D'entre o arvoredo marginal, esguia,
subtil, avança indigena canoa...
A' sombra, no juncal, nympheas á toa,
que a liquida esmeralda acaricia...
E' no Tietê formoso. Um claro dia
primaveril á scena abre e coroa...
Bando festivo do occidente voa
para o levante ao longe em romaria...
Perfeita allegoria ! Olha, aqui trago-a . . .
O vulto gracil espelhando n'agua,
plumoso par nos ares se aligeira,
azas pandas, aquém . .
Vê si adivinhas
qual destas duas bellas andorinhas
symbolisa a galharda “Mensageira" ?
Cândida Fortes
Cachoeira (R. G. Sul), outubro, 98
Volta aos pagos
A' Perpetua do Valle
Noite. Sobre a coxilha uma luz pestaneja,
A promissora luz de hospitaleiro pouso.
Arqueia-se na altura o estelario formoso
Do céo e na cumpina outro estelario adeja...
Em baixo, um fio de prata esplandece flexuoso
Ao sopé da colina onde o matto negreja...
A lua vem surgindo e toda a sertaneja
Plaga surprehende em livre e plácido repouso...
Um cavalleiro agora emerge da espessura,
Na estrada a galopar da luz na direcção,
Que o suspirado colmo ao tino lhe assegura.
O ladrido de cães já denuncia a estancia...
E ao relincho, no vai, do impaciente alazão
Outro relincho acorda os echos na distancia...
(Das Alluvianas)
Página publicada em julho de 2019
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