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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
NUVEM CIGANA*
BERNARDO VILHENA

 

BERNARDO VILHENA

 

 

Nasceu em 10 de janeiro de 2009 Depois de participar do movimento NUVEM CIGANA, nos anos 70, tornou-se o principal letrista dos discos iniciais do Lobão e do  Ritchie, logo dedicando-se à produção de programas musicais na televisão carioca e de selos musicais.  

 

 

 

De
POEMAS DISPERSOS (1975-1987)

 

 

vida bandida

 

chutou a cara do cara caído

traiu o melhor amigo
corrente soco inglês e canivete
o jornal não poupou elogios
sangue & porrada na madrugada
É preciso viver malandro
não dá para se segurar
a cana tá brava a vida tá dura
mas um tiro só não dá para derrubar
correr com lágrimas nos olhos
não é pra qualquer um
mas o riso corre fácil
quando a grana corre solta
precisa ver os olhos da mina
na subida da barra
aí é só de brincadeira
ainda não inventaram dinheiro
que eu não pudesse ganhar

 

 

 

revanche

 

eu sei que já faz muito tempo

que a gente volta aos princípios

tentando acertar o passo

usando mil artifícios

mas sempre alguém tenta um salto

e a gente é que paga por isso

 

fugimos pras grandes cidades

bichos do mato em busca do mito

de uma nova sociedade

escravos de um novo rito

mas se tudo deu errado,

quem é que vai pagar por isso?

 

a favela é a nova senzala

correntes da velha tribo

e a sala é a nova cela

prisioneiros nas grades do vídeo

e se o sol ainda nasce quadrado

quem é que vai pagar por isso?

 

o café, um cigarro, um trago,

tudo isso não é vício

são companheiros da solidão,

mas isso só foi no início

hoje em dia somos todos escravos

e quem é que vai pagar por isso

 

eu não quero mais nenhuma chance

eu não quero mais revanche

 

 

ATUALIDADES ATLÂNTICAS

 

é preciso viver

atualidades

reconhecer códigos

revirar noites

ser todas as raças

todas as épocas

entrar em todas

as barras

e não sujar

em nenhuma

falando o que querendo

ouvindo o que não querendo

perseguindo a realidade

e a fantasia aí

 

poesia é momento

em que a gente se encontra

sendo

não por dom

pelo entorpecente trabalho

de pensar no tempo
nos contemporâneos

obstinadamente

feito um tubarão

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

 

ONCE POETAS BRASILEROS. Edición bilíngue.  Selección y prólogo Sergio Cohn. Traducción John Galán Casanova.  Bogotá: Alcaldía Mayor de Bogotá, Secretaría Distrital de Cultura, Recreación y Deport, Instituto Distrital de las Artes, 2013.  125 p.  (Libro al viento. Circulación gratuita)  12,5x16,5 cm.  ISBN 978-958-57736-7-7  Apoio: Embajada deBrasil en Colombia. 
Inclui o prefácio “Cincuenta anos de poesía brasileña”, por Sergio Cohn e textos dos poetas Roberto Piva, Leonardo Fróes, Chacal, Bernardo Villena, Paulo Leminski, Alice Ruiz, Paulo Henriques Britto. Alberto Pucheu, Ricardo Aleixo, Ana Martins Marques, Angélica Freiras.  Ex. bibl. Antonio Miranda


Vida bandida

Pateó la cara del tipo caído
traicionó al mejor amigo
corriente manopla y navaja
el diário no ahorró elogios
sangre & porrada en la madrugada
hay que vivir, malandro
no aguanta contenerse
la cana está brava la vida está dura
un sólo tiro da para derribar
correr con lágrimas en los ojos
no es para cualquiera
pero la risa corre fácil
cuando la plata corre suelta
hay que ver los ojos de la chica
a la orilla de la playa
ahí es pura gozadera
a[um no inventan el dinero
que yo no pueda ganhar

 

Actualidades atlánticas

hay que vivir
la actualidad
reconocer códigos
repasar noches
ser todas las razas
todas las épocas
entrar em todas
las barras
y no ensuciarse en
ninguna
hablando de lo que se quiere
oyendo lo que no se quiere
persiguiendo la realidade
y la fantasia

poesía es el momento
en que nos encontramos
siendo
no por un don
sino por el trabajo embrutecedor
de pensar en el tempo
en los contemporâneos
obstinadamente
como un tiburón
 

 

Revancha

sé que hace ya mucho tempo
retomamos los princípios
intentando ajustar el passo
usando mil artifícios
pero siempre alguien intenta un salto
y todos pagamos por eso

huimos hacia las grandes ciudades
bichos de monte en busca del mito
de una nueva sociedade
esclavos de un nuevo rito
pero si todo falló
¿quién va a pagar por eso?

la favela es la nueva masmorra
cadenas de la vieja tribu
y la sala es la nueva celda
prisioneiros en las rejas del vídeo
y si el sol aún nace cuadrado
¿y quién va a pagar por eso?

no quiero ningún otro chance
no quiero más revanchas.

 

*“Nuvem Cigana foi um dos raros coletivos que alterou toda a cultura de seu
1 tempo, e deixou rastros visíveis até hoje. Se não tivesse existido, em meados da década de 1970, certamente não teriam surgido, ou ao menos com tanto impacto, algumas das principais manifestações culturais dos últimos trinta e poucos anos: a poesia falada, o teatro de besteirol, o rock brasileiro da década de 1980, a renovação do carnaval de rua carioca, entre outros. Por isso, surpreende que pouco se saiba sobre o grupo.” Sergio Cohn

SÉRGIO COHN, poeta e editor, organizou e publicou a obra NUVEM CIGANA – POESIA & DELÍRIO NO RIO DOS ANOS 70 (azougue editorial, 2009)), com todo o historial do grupo e suas descendências. Mais informações em WWW.azougue.com.br

 

 

Extraído de:

BRIC A BRAC    21 ANOS   MAIOR IDADE.  Brasília: Caixa Cultura, 2007.  112 p. ilus. col.  23x21 cm.. Exposição comemorativa . Curadoria e projeto expositivo: Marilia Panitz.   Coordenação Geral: Luis Turiba.  Inclui poemas visuais e arte gráfica.  Inclui poemas visuais de Luis Turiba, Manoel de Barros, Paulo Leminski, Zuca Sardanga, Nanico, Franciso Kaque, Wagner Barja, Paulo Andrade, Antonio Miranda, Bernardo Vilhena, Paulo Cac, Ariosto Teixeira, Elizabeth Hazin, José Paulo Cunha, Fred Maia, Nicolas Behr, Claudius Portugal, Ronaldo Cagiano, TT Catalão, Francine Amarante, Adeilton Lima, Maria Maia, Ronaldo Augusto, Augusto de Campos, Arnaldo Antunes, José Rangel Farias Neto, Menezes e Morais, Cristiane Sobral, Eduardo Mamcasz, Vicente Sá, Nance Las-Casas, Bic Prado, Angélica Torres Lima, Flavio Maia, Ronaldo Santos, Joanyr de Oliveira, Sylvia Cyntrão, Carlos Roberto Lacerda, Carlos Henrique, Fernanda Barreto,  José Edson, Vera Americano, Alice Ruiz, André Luiz Oliveira, Carlos Silva, Charles Peixoto, José Roberto Aguilar, Estrela Ruiz, Renato Riella, Chico César, Francisco Alvim, José Robert o da Silva, Eudoro Augusto, Amneres, Gustavo Dourado, Alexandre Marino, e ilustradores: Resa, e fotógrafos, etc. 

 

Página ampliada em julho de 2017.

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