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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte da imagem e da biografia:
 https://bndigital.bn.gov.br/dossies/periodicos-literatura/personagens-periodicos-literatura/aurea-pires/

 

 

AUREA PIRES DA GAMA

 

Áurea Pires da Gama nasceu em Angra dos Reis, RJ, em 2 de fevereiro de 1876, e morreu no Rio de Janeiro, em 10 de outubro de 1949. Poetisa e professora, seus primeiros estudos aconteceram em Minas Gerais, terminando-os no Rio de Janeiro. Filha do poeta e autor teatral Trajano Augusto Pires e de Dionísia Maria da Fonseca Pires. Escreveu aos 14 anos o poema Impossível, publicado no jornal O Astro da cidade de Barbacena, MG. Foi casada com o escritor Antônio Chichorro da Gama. Escreveu Flocos de neve, em 1898, que foi prefaciado por Inês Sabino. Publicou ainda Indiana (1902), Pétalas (1908) e Entre o mar e a floresta (1922), todos livros de versos. Colaborou com a revista A Mensageira publicando alguns dos seus versos. Foi biografada por Elmo Elton, com o livro Áurea Pires da Gama: perfil de uma poetisa angrense, publicado em 1974.

 

Contraste

 

Talvez nest’hora em que a chorar suspiro

Lembrando-me de ti, saudosa e afflicta,

Bem junto estejas da mulher bonita

Que te escravisa o coração que aspiro.

 

E emquanto eu soffro aqui no meu retiro

O ciúme atroz que no meu peito excita

Cada vez mais essa paixão maldita,

E de raiva e de dor quase deliro;

Em paragem risonha, enflorecida,

Talvez tu`alma esteja n`um transporte

Toda inteira em su`alma transfundida!

 

Bem diversa da tua é minha sorte:

No seio de outra encontras tu a vida,

ância encontro a morte!

 

 

Em: A Mensageira, ano 1, n. 1, out. 1897.

 

 

 

A MENSAGEIRA – Revista literária dedicada à mulher brasileira. VOLUME II.  São Paulo. SP: Imprensa Oficial do Estado S.A. IMESP.   Edição fac-similar.  246 p.    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

         De Manhã

(Fragmento de um poema)

Manhã de primavera: o sol vem despontando
Nas grimpas da montanha e a luz vae-se espalhando
Por toda a parte.   Além, na florida campina
Em bando alviçareiro a passarada trina!

Suspira docemente a viração fagueira
Do arvoredo afagando a verde cabelleira.
Lá vão pela quebrada as brancas ovelhinhas
Em busca do regato, emquanto as andorinhas
Recruzam-se no azul tranquillo e immaculado.
Escuta-se o cantar monótono e maguado
De um tropeiro que passa ao longe no caminho
Do remoto sertão.   Mais alvas do que o arminho
Ondeiam pelo valle as névoas matutinas,
Desabrocham na relva as cândidas boninas,
E em formosura iguala o verde da montanha
Ao meigo azul do ceu de uma belleza estranha!

Meu querido Brazil!   Quanta grandeza encerras
Nos teus bosques gentis, nas tuas lindas serras,
Nos thesouros que tens no seio abençoado,
Thezouros de um valor talvez nunca sonhado!
Que magestade, o'Deus! nos rios caudalosos,
Nas mattas colossaes, nos valles mysteriosos!..
Minha'alma se extasia ao ver tanta opulência!
Tanta luz!..   Tanta vida e tanta independência!
Quanta graça e poesia apresenta este ninho!
Esta linda casinha á beira do caminho!

 

E' alli que mora Indiana, a mais formosa filha

Das montanhas do sul!   A estrella que mais brilha

Sob este céu mineiro illuminado e puro!

Desde as ondas do seu lindo cabello escuro

Ao pésinho ideal, mimoso, assetinado

Toda ella é perfeição!   Conjuncto immaculado

De belleza e candura e graça e juventude!

E em sua alma de archanjo a rosa da virtude,

Rosa branca do céu, quanto perfume exhala!

 

Sonho meigo e gentil que a mocidade embala
No regaço divino!   Oh nunca em tua vida
Tu conheças a dor de uma illusão perdida!

 

Nest' hora matinal, sentada no seu leito
Mais alvo que a neblina, ella, offegante o peito,
Resplandecente o olhar e a fronte enrubecida,
Relia ainda uma vez a trova tão sentida
Que o terno Juvenal, seu noivo apaixonado,
Declarando-lhe o amor profundo, illimitado,
Commovido, a seus pés, baixinho, quasi a medo,
Recitava-lhe um dia á sombra do arvoredo.

 

 

Riso pungente

Ali!   Não te rias, que teu riso abala
Todas as flores de minh´alma ardente!
Ella se estorce convulsivamente,
}Das grandes maguas percorrendo a escala!

Como o violino que soluça e falia
E geme e grita apaixonadamente,
Sob os dedos do artista intelligente,
Enthusiasmado n'um salão de gala!...

Se ouve a risada limpida e sonora
Dos lábios teus, ella estremece e chora,
Como o violino sob as mãos do artista!

Minh'alma é fraca, timida e sensível!...
Cesse o teu riso — este martyrio incrível!
Que outra mais forte talvez não resista!

 

28 — 3 — 1899.

Áurea Pires

 

 

Martyrio incrível

 

 

Foges! Bem vejo! E que amargura a minha

Vendo apagar-se neste olhar querido

A centelha do amor indefinido,

Que de tua alma límpida provinha!

 

Eu também fujo!... E sinto que definha

Dia a dia meu ser triste e abatido

E também no teu rosto emmagrecido

Prolongado martyrio se adivinha!

 

Oh! Que supplicio !... Que horrorosa magua...

Chorando foges-me... e eu também te fujo!...

E de longe, vagando pelos montes,

 

Então volvo-te os olhos rasos d'agua,

Como os olhos saudosos do marujo,

Que se afasta dos pátrios horizontes!

 

 

4—7—1899. Áurea Pires

 

 

Página publicada em julho de 2019


 

 

 
 
 
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