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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

ANGELA MELIM

Poeta e tradutora.  Nasceu em Porto Alegre em 1952. Vive no Rio de Janeiro.

Obra poética: As mulheres gostam muito (1970), O vidro e o nome (1974), Das tripas coração (1978), Vale o escrito (1981), Poemas (1987), Mais dia menos dia (1996).

Mais poemas da autora em: http://www.germinaliteratura.com.br/amelim.htm

 

                MAIS DIA MENOS DIA

 

                Ela fazia versos rimando hífens

                — de tomara-que-cai azul-marinho —

                mas me disse que não sabia onde acabava o poema.

                Mais dia menos dia

                dependendo da luz

                transformado em cheiro um feixe me atravessa

                (ou raio de outra coisa — montanha antiga, peixe,

                que é fio

                ou meada, idéia)

                e a medalha apara

                — Nossa Senhora do Loreto

                protetora dos aviadores

                no peito

                ponto exato

                que desata um rio

                falso leito fofo

                folhas decompostas

                em poeirentas nuvens submarinas

                morno em cima

                em baixo frio.

                Aí se pode morrer, é mole — um sino

                fino, um dobre

                um morro verde

                o que não tenho

                todo o ar do mundo.

                Começa-se a morrer e um dia se termina.

 

 

                1992

 

                                Para Mário

 

                Ronca um motor:

                uma viagem a céu aberto

                estampa coqueirais

                e azul.

                Um inseto no sol —

                asas —

                bate o calor

                DE Havana,

                Aracaju.

 

                É o verão que se abre.

 

                Tarde, sorvete, amor, varanda

                em taças de passado

                a derreter.

 

                               (9.10.1986)

 

De
Angela Melim
DAS TRIPAS CORAÇÃO
Florianópolis: Editora Noa Noa, 1978
118 p.  formato 15X21 cm

COISAS ASSIM PARDAS

         Para Eduardo

Canário-da-terra, marreco, chinfrim
coisas assim, nomes — Rita
coisas assim pardas, mestiças
de pequeno porte
coisas de fibra
embora os jeitos desvalidos
coisas pardas vivas
pulsantes
um poema assim.


MANIA DE LIMPEZA

Raspa de limão
cheira seco:
assim
a lua limpa
alto relevo
que a letra afixa
no papel novo.

 

CICA

Com sal
ou com limão
fazem-se versos
precisos.
Arde
a ferida
e cura.

MELIM, Angela. Poemas. Florianópolis, SC: Editora Noa Noa, 1987. Florianópolis, SC, 1987. 20 p. 16x23 cm. Composto e impresso manualmente na oficina da Noa Noa. Capa de Cleber Teixeira (utilizando desenho de Goethe). Tiragem: 250 exemplares. 

 

DAS DUAS UMA

 

Para Ana C.

 

Uma das suas.

Suave lembrança ensina. Não vou morrer até o fim.

Der e vier de garras afiadas, dentes na mão.

Seu livro solta folhas enquanto leio um poema chupado -

você disse isso.

Mais doce na manga o coração: duas antigas.

Antigamente, eu me sentia mais nova do que sou.

Isto me faz lembrar outra frase à porta da igreja.

Esta casa qualquer coisa assim .

aqui está para todos os homens.

To see, to rest, to pray.

E eu também nem nada.

Morri sem saber quem são os 3.

Mas os outros grandes... descobri! São reticentes.

É você

que está ali de roupa clara sorrindo ou fingindo ouvir?

Alguns estão dormindo de tarde.

Coisa ínfima,

quero ficar perto de ti.

 

 

 

 

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ANGELA MELIN

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS   /   TEXTOS EM ESPAÑOL 

 

De
 Heloisa Buarque de Hollanda

Otra línea de fuego - Quince poetas brasileñas         ultracontemporáneas.
Traducción de Teresa Arijón. Edición bilingüe.
Málaga:  Maremoto;  Servicio de Publicaciones, Centro de Edciones de la Diputación de Málaga, 2009.  291 p

ISBN  978-84-7785-8

 

 

Coisas assim pardas

 

Canário-da-terra, marreco, chinfrim

coisas assim, nomes — Rita

coisas assim pardas, mestiças

de pequeno porte

coisas de fibra

embora os jeitos desvalidos

coisas pardas vivas

pulsantes

um poema assim.

 

~

 

O trigo do joio

não se separa:

a união faz

o mistério —tremendo—

terra trigo joio boi

eumtoodo.

 

~

 

negócio é ir fazendo, coisa bonita, de prazer e não, como der e

puder, com palavras posso melhor, pensar no T, pensar em vírgulas,

no A, chocado com o último poema, disse que é forte, escrever ao léu

e mandar pra alguém receber, que eu conheça, que não conheço, pegar

endereço no catálogo, o que aparecer, pelo correio, coisa pública,

circulando, Copacabana, Méier, Água Branca, lendo: mandar pelo

correio, mostre se gostar.

 

 

Cosas así, pardas

 

Canário, pato, chucherías

cosas así, nombres — Rita

cosas así, pardas, mestizas

de pequeno porte

cosas de fibra

aunque de aspecto desvalido

cosas pardas vivas

pulsantes

un poema así.

 

~

 

La paja dei trigo

no se separa:

 

la unión hace

ai mistério —tremendo—

tierra trigo paja buey

yountodo.

 

~

 

la cosa es ir haciendo, algo bonito, por placer y no, como salga,

como sea, mejor con palabras, puedo, pensar en I, pensar en comas,

en A, shockeado con el último poema, dice que es fuerte, escribir al tun tun

y mandar para que alguien, que yo conozca, que no conozco, lo reciba,

sacar Ia dirección de Ia guia, Io que venga, por correo, algo público,

circulando, Copacabana, Méier, Água Branca, leyendo; mandar por

correo, muestra si gustas.

 

 

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A forma da boca é a alegria

 

De dentro vêm o ar limpo, a alma e a claridade

Os corpos têm cheiro

A montanha azul

O capim.

 

 

Assim uma linha verde da janela —um dia

átimo, repente—

                                                                  correndo

paralela ao que é veloz

 

                                               colina
                                               planície

 

                                               estilete fino de metal

 

no fundo.

 

~

 

Minha terra

 

Da minha terra ficou

o fosso

estas raízes no ar

desarvoradas

o tremor

buscando em vão.

Um tanque

 

frio

folhas escuras.

Rua sem praia
rio sem porto.


Surra de cinta
crista baixa.
O olho — azul da minha terra?
Os vôo
da Varig. Cidades:
uniões, desenlaces.

Palavra na ponta da língua.
Nada é natal.

 

 

La forma de la boca es la alegria

 

De adentro vienen el aire limpio, el alma y la claridad

Los cuerpos tienen olor

La montaña azul

La grama.

 

~

 

Así una línea verde de la ventana — un día

instante, ímpetu —

                                                                                     corriendo

 

paralela a lo que es veloz

 

                                                        colina

                                                        llano

 

                                                        fino estilete de metal

a fondo.

 

~

 

Mi tierra

 

De mi tierra quedó

el foso

estas raíces al aire

desarboladas

el temblor

buscando en vano.

Un estanque

 

frío

hojas oscuras.

Calle sin playa
río sin pueto.

Tunda de cinto
cresta baja.
El ojo — ¿azul de mi tierra?
Los vuelos
de Varig.  Ciudades:
uniones, desenlaces.

Palabra en la punta de la lengua.
Nada es natal.

 

 

 

 

Páfgina ampliada e republicada em dezembro de 2010




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