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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte da imagem: http://arteseanp.blogspot.com.br

ALBERTO PUCHEU

Alberto Pucheu (Rio de Janeiro, 1966) é um escritor brasileiro e professor de Teoria Literária da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

http://www.albertopucheu.com.br/

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS   -   TEXTOS EN ESPAÑOL

 

 

PALAVRAS

Extraído de

 

POESIA VISUAL – organização Alberto Saraiva.   Rio de Janeiro: F10 Editora: Oi Futuro, 2013.   191 p.   (Coleção & tecnologia, 73)  ISBN 9787-85-64609-03-7   -   ISBN 978-85-99247-31-0    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

A partir do registro fotográfico de pichações, o poeta Alberto Pucheu utiliza diversos suportes envolvendo projeções de vídeo e Backlights. Foto de Paulo Rodrigues. 

 



 

 

PUCHEU, Alberto.  A vida é assim.   Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2001.  64 p.  12x18             cm.  Col. A.M.

 

AUTOBIOGRAFIA LITERÁRIA

 

Se das águas que correm do chamado Rio,

armazenam pedras, semáforos, blitz, informações estagnadas,

coito interrompido, por outro lado,

palavras líquidas

me encharcam de marés, correntezas,

rodovias desimpedidas, gozo de frases fluindo em direção

às que transbordam do submerso, com suas sirenes,

indetidas. Rio, lago, lagoa, baía... tantos nomes... tantos

janeiros... na língua que falo, tudo é um só movimento de

águas e trânsitos,

o primeiro tempo inundando o último segundo,

o murmúrio do mundo no discurso,

a suja rasura da dúvida e da pergunta,

na língua que falo, fala o percurso do primeiro susto, o

sussurro da comunhão de tudo o que é raso com o fundo.

Trago a nudez de nervos na língua de mil sons agenciados. E

o que a língua não fala, falam os braços, pernas, buzinas,

ondas, engrenagens... Não tenho leis, dizem,

nem religião ou trabalho, dizem

que, por isso, sou estranho,

sim, sou estranho, abro palavras pelas ruas, ao lado de

buracos, pelas farmácias, ao lado de remédios, pêlos bancos,

ao lado de cofres, pela vida,

ao lado de vantagens, sim, sou estranho,

recolho do mundo uns tiros de espanto,

balas ferindo para fazer viver.

Uma certa inquietude me conforma com esta estranheza,

uma inquietude áspera, de instintos

entrelaçados ao pensamento, de começos coexistindo por

todos os cantos,

de errância permissiva de gerações, de construir o que,

para ser habitado, tem de ser logo abandonado.

 

 

 

DE PRêMIOS, ARMADILHAS

E OUTRAS COISAS, N. 2

 

E não adianta pensar em se entregar ainda mais à vida, largar

o emprego medonho, realizar o antigo sonho

de ser o que se acredita ser,

achando resolvido todo e qualquer problema. Não,

não adianta: não somos a solução embolsada,

mas isso de que jamais escapamos

na busca do impossível horizonte. Somos a vida

estendida entre o chão e o abismo,

as variações aleatórias que ela mesma, a vida,

nos distribui em prémios e armadilhas, a velocidade com a

qual, aturdidos, nunca nos acostumamos.

Não, não adianta pensar em se entregar ainda mais à vida

supondo baixo o preço a ser pago,

mas de receber o que nos é a nossa revelia.

Desconhecemos a salvação. Acabamos

nos lançando, sim, a uma intensidade maior,

e, desprotegidos, sob o risco constante

de você só tomará as coisas piores,

sob o risco constante do malogro,

não vivemos da melhor maneira: mas da maneira possível.

 

 

 

PUCHEU, Alberto.  Ecometria do silêncio.  Rio de Janeiro: Sette Letras, 1999.  57 p.  14x21 cm.   ISBN  85-7388-171-2  Capa: Tatiana Brasil. 

 

 

BREVE HISTÓRIA TRÁGICO-MARÍTIMA

 

a Fernando Ferrem de Luanda

 

 

ï

 

Nem para todos destino de sedas,

ouros, nobres madeiras, lucros.

O do náufrago, pior que o dos outros:

de água intragável, pregos, fome (

a pimenta do perigo ardendo

em seus olhos). O sol o aflige sem sono.

O lombo cansado esturrica no azul.

Com o tombo do mastro por dentro

da nau, zumbindo em sua envergadura,

com o fazer água ou água abrir sem que nunca se saiba por onde,

o destino do náufrago é afogar-se no mar... e, na terra, os sinos do

além estalando mais lentos, as cortinas de urubus se abrindo ao

último olhar.

 

 

II

 

 HOMENAGEM A JORGE DE LIMA

 

Ainda que com as cargas

mal dispostas por porões

mais sombrios impossíveis,

tempestades impiedosas,

cobiça de navegantes

como de contratadores,

imperícia de piloto,

furo de prego deixado

aberto e oculto por breu, madeira de árvore podre... muitas naus

não naufragaram nem voltaram a Lisboa: perderam-se e, então

perdidas, vagaram na imensidão incontrolável do mar.

 

 

 

À MÍNGUA

 

Caminho há quinze horas pela cidade do Rio de Janeiro e não

sinto vontade de parar, apesar da fome

solapando as pernas e o pensamento.

Sou despejado de num feito inquilino com contrato expirado, sem

dinheiro para renová-lo. Meu desespero é pelo agora.

Não, não voltarei para o trabalho. Não serei como os outros. Não

serei como sou, eu que sou como qualquer um e como todos os

outros. Continuarei a caminhar

por quantas horas forem necessárias

até expirar o derradeiro resquício de incómodo, até secar a última

gota do medo,

até que o grito não venha do desajuste, mas

do inumano explícito em cada paisagem.

Vou por onde não preciso de portas.

Quinze horas caminharei, e depois mais quinze,

e, ainda, depois... Esquecido de mim

e de todos os outros.

 

 

 

ANTOLOGÍA DE POESÍA BRASILEÑA, edición de Jaime B. Rosa. Organización Floriano Martins y José Geraldo Neres.  Muestra gráfica y portada Hélio Rôla. Edición bilingüe  Português - Español.   Valencia, España: Huerga & Fierro editores, 2006.  247 p   13,5x21,5 cm.  

 

 

NASCIDO NA SEGUNDA METADE DOS ANOS 60

 

Na melhor das hipóteses, ser salvo por uma certa

corrosão no fígado. Um gosto de ferrugem

na boca- conseguir saboreá-lo. Um travo de trabalho

entalado na garganta - conseguir engoli-lo,

depois defecá-lo. Não me importar com a vazante

do dinheiro pelo nervo cidadão, é o que dizem. Nem

com o destino de antigos amigos: um em Santa Catarina

numa clínica para drogados; outro cria canários

em seu quarto na casa dos pais; um terceiro

pede dinheiro emprestado: a mulher que tirou do puteiro

para se casar com ela tem de fazer um aborto

do que seria o quarto filho; aquele morreu afogado

em dia de ressaca, horas depois de demitido

e meses após a vasectomia. Escrevo o poema

de uma nova geração, dizendo que, se possível, faria

como querem. Iria mais longe: participaria dos escân-

dalos políticos, da violência econômica, esqueceria o

preço do aluguel e do condomínio, a inadaptação

social... Mas intimidade só consigo quando me

esqueço de mim pela cidade; quando subo ao cume e

a visto - paisagem; quando abraço as noites de

lençóis e álcool com a mulher amada; quando encon-

tro, ao mijar nas pedras da baía, a concha imensa e

          ensolarada de um molusco há muito desaparecido.

 

 

 

SEBASTIANOPOLIS

 

Há um tanque de ferrugem afundado no esquecimento

          azul das marés,

um avião riscando uma linha de espuma no mar tran-

          quilo do céu,

uma baleia encalhando seu prédio em fumaça nas
          praias de ontem do centro da cidade,

o braço póstumo e amputado de S, Sebastião andando
          cinza em nossa língua,

enfiando sua mão sem peso no bolso veloz e moreno das
          manhãs,   

bebendo um trago elétrico nos bares assaltados por delí-
          rios,

precipitando carros do desespero para curvas com oitis
          traiçoeiros,

talhando, com machado, cutelo, foice, um corpo de
          madeira e carne, de galhos aflorando no lugar do
         pensamento, de joelhos pendurados no tronco, expos-
          tos para a fome passageira,

desgrenhando a cidade,

plasmando ruas, distribuindo águas,

unindo e separando homens para guerrearem entre si
          por espaços, comida, dinheiro, praias, carros, por
         qualquer supérfluo que lhes agradar,

há paredes da perturbação, astrolábio, bucetas, crisipo,
          fomes de marisco,

um corpo estendido sobre o tapume,

morto,

a frase incomparável de um acusado na boca dos jor-
          nais,

há satélites que, parados, subitamente se deslocam velo-
          zes, sem barulho, cruzando o céu de ponta a ponta
          como aquele corpo desabando perdido pelo espaço e
          resgatado por entre os astros, planando nas garras
          metálicas de uma nave cravada na história e nos
          devaneios de qualquer solidão,

há buzinas expressando outras inquietudes das que con-
          seguem as palavras,

há o capim cobrindo as sílabas dos paralelepípedos,

desvios, atalhos, parapeitos,

casais de namorados combinando todas possibilidades
          sexuais,

travestis, telefones, tomates, tíquetes, tamborins, tacos de
          sinuca espalhados pelos bairros,

há próteses involuntárias acoplando uma cabeça equina
          ao gabinete de um computador, uma esquadria de

alumínio a chumaços de algodão, um caderno emper-
          rado à grade patinada de um berço,

há a suspensão da gravidade,

um cheiro de explosão e maresia por onde quer que
          passo,

um gosto de asfalto quente no suor de feira livre a cada
          dia da semana exalado pelas guelras pálidas dos pei-
          xes,                                              

há reticências por todos os lados

 

 

POEMA DA CONSTATAÇÃO RETORNANTE

 

Uma máquina de carne caminha por entre carros.

O mar da cidade não protege essa máquina.

Ela vai por entre o trânsito de outras máquinas,

sem pensar que está sozinha,

que pode ser esmagada por um leve susto

de outra máquina. Essa máquina

não pensa em nada- não precisa pensar em nada-,

mistura-se aferros, vidros, borrachas

e parece aguentar qualquer rojão.

Às vezes, penso que a máquina entre máquinas não pre-

cisa de proteção, desde que o motor de carne pegue

pelas manhãs e funcione ao longo de todo o dia.

Se é verdade o que às vezes penso,

se é verdade que essa máquina não precisa de proteção,

se é verdade que, custe o que custar, essa máquina não
          pode parar, tanto faz agora ser essa

a cidade ou outra qualquer ou aquela ainda mais longe,
          tanto faz, se o mar não protege essa máquina,

se essa máquina vai por entre o trânsito de outras máquinas.

Essa máquina vai por entre o trânsito de outras máquinas,
          de qualquer cidade. Essa máquina,

que já não pode parar, que parece aguentar qualquer
          rojão,

que às vezes penso não precisar de proteção, essa máquina
          paga um preço

sem lembrar-se que paga. Mesmo as máquinas que não
          querem pagá-lo, as que fogem por novas ruas abertas
          na fuga,

as que sabem que habitam essa cidade com seus mares
          (e não outra), acabam pagando, mais cedo ou mais
          tarde, um preço - lembram-se, entretanto, que o
          pagam... Inquietamente,

aceitam o adentrar de cada uma em seu quinhão.

 

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

 

ANTOLOGÍA DE POESÍA BRASILEÑA, edición de Jaime B. Rosa. Organización Floriano Martins y José Geraldo Neres.  Muestra gráfica y portada Hélio Rôla. Edición bilingüe  Português - Español.   Valencia, España: Huerga & Fierro editores, 2006.  247 p   13,5x21,5 cm.   Poetas: Lucila Nogueira, Glauco Mattoso, Adriano Espínola, Beth Brait Alvim, Contador Borges, Donizete Galvão, Floriano Martins, Nicolas Behr, Jorge Lúcio de Campos, Vera Lúcia de Oliveira, Rubens Zárate, Ademir Demarchi, Ademir Assunção, Leontino Filho, Marco Lucchesi, Weydson Barros Leal, António Moura, Maria Esther Maciel, Rodrigo Garcia Lopes, José Geraldo Neres, Viviane de Santana Paulo, Alberto Pucheu, Fabrício Carpinejar, Salgado Maranhão, Sérgio Cohn, Rodrigo Petronio, Konrad Zeller, Pedro Cesarino, Mariana lanelli. Traductores: Adalberto Arrunátegui, Alfonso Pena, Aníbal Cristobo, António Alfeca, Benjamin Valdivia, Carlos Osório, Eduardo Langagne, Floriano Martins, Gladis Basagoitia Dazza, Luciana di Leone, Margarito Cuéllar, Marta Spagnuolo, Paulo Octaviano Terra, Reynaldo Jiménez e Tomás Saraví. Ex. bibl. Antonio Miranda. 

 

NACIDO EN LA SEGUNDA MITAD DE LOS AÑOS SESENTA

 

En la mejor de las hipótesis, salvarse por cierta

corrosión en el hígado. Un sabor a óxido

en la boca -conseguir saborearlo—. Un sabor a trabajo

atravesado en la garganta -consigue tragarlo,

después defécalo. No me importa con la salida

del dinero por el nervio ciudadano, es lo que dicen.
          Tampoco

el destino de viejos amigos: uno en Santa Catarina

en una clínica para drogadictos; otro cría canarios

en su cuarto en casa de sus padres; un tercero

pide dinero prestado: la mujer que sacó del putero

para casarse con ella teme abortar    '   '

al que sería su cuarto hijo; el que murió ahogado

en día de resaca, horas después de exonerado

y meses después de la vasectomia. Escribo un poema

de una nueva generación, diciendo que, es posible,

haría como quieren. Iría más lejos: participaría en los

escándalos políticos por la violencia económica, olvi-

daría el precio del alquiler y del condominio, la ina-

daptación social... Pero sólo consigo la intimidad

cuando me olvido de mí por la ciudad; cuando subo

a la cumbre y veo el paisaje; cuando abrazo las

noches de cubrecamas y alcohol con la mujer amada;

cuando encuentro, al orinar las piedras de la bahía,

la concha inmensa y asoleada de un molusco desa-

parecido hace mucho.

 

 

 

SEBASTIANÓPOLIS

 

Hay un tanque de ignorancia sumergido en el olvido
          azul de los mares,

un avión trazando una línea de espuma en el tranquilo
          mar del cielo,

una ballena encallando su casa entre el humo de las pla-
          yas de ayer en el centro de la ciudad,

un brazo postumo y amputado de S. Sebastián anidan-
          do ceniza en nuestra lengua,

afilando su mano sin peso en el bolsillo veloz y moreno
          de las mañanas,

bebiendo un trago eléctrico en los bares asaltados por
          delirios,

acelerando autos desesperados por curvas con árboles (24)
          traicioneros

talando, con hacha, cuchillo, foice,(25) un cuerpo de made-
          ra y carne, de gajos aflorando en

el lugar del pensamiento, de juegos suspendidos en el
          tronco, expuestos al hambre pasajera,

despeinando la ciudad,

modelando calles, distribuyendo aguas,

uniendo y separando hombres para pelear entre sí por
          espacios, comida, dinero, playas,

autos, por cualquier banalidad que les agrade,

Hay paredes de perturbación, astrolabios, bucetas,(26)
          arrugas, avidez de marisco,

un cuerpo extendido sobre un cercado,
          muerto,

la frase incomparable de un acusado en la boca de los
          diarios,

hay satélites que, suspendidos, súbitamente se dislocan
          veloces, sin ruido, cruzando el cielo

de punta a punta como un cuerpo desbandado perdido

en el espacio y rescatado entre los astros, planeando

en las garras metálicas de una nave clavada en la his-
toria y en las quimeras de cualquier soledad,

hay bocinas expresando otras inquietudes que las que
          consiguen las palabras,

hay una hoja cubriendo las sílabas de los paralelepípedos,

desvíos, atajos, parapetos,

casas de enamorados combinando todas las posibilida-
          des sexuales,

travestís, teléfonos, tomates, tíkets, tambores, trozos de
          sinuca (27) esparcidos por los barrios,

hay prótesis involuntarias acoplando una cabeza equina
          al escritorio de una computadora,

una escuadra de aluminio a hombreras de algodón, um
          cuaderno varado en la verja patinada de un barco,

hay la suspensión de la gravedad,

un olor a explosión y marejada por donde quiera que
          paso,

un sabor a asfalto caliente en el sudor del mercado libre
          cada día de la semana exhalado por

las branquias pálidas de los peces,

hay reticencias por todos lados.

 

 

24 El autor utiliza la palabra "oitis", plural de un árbol del NE del Bra-

sil. [N. del T.]

 

25 Instrumento cortante. [N. del T.]

 

26 Medio de transporte utilizado en algunos países de Sudamérica.

[N. del T.]

 

       27 Especie de juego de billar. [N. del T.]

 

 

 

POEMA DE LA CONSTATACIÓN RETORNANTE

 

Una máquina de carne camina entre los autos.

El mar de la ciudad no protege a esa máquina.

Va entre el tránsito de otras máquinas,

sin pensar que está sola,

que puede ser aplastada por un leve susto

de otra máquina. Esa máquina

no piensa en nada —no necesita pensar en nada—,

se mezcla en fierros, vidrios, gomas

y parece resistir cualquier ruido.

A veces, pienso que la máquina entre máquinas no
          necesita protección, desde que su motor

de carne arranca por las mañanas y funciona a lo largo
          del día.

Si es verdad lo que algunas veces pienso,

si en verdad esa máquina no necesita protección,

si es verdad que, cueste lo que cueste, esa máquina no
          puede parar, tanto hace ahora ser

esa la ciudad u otra cualquiera o aquella todavía más
          lejos, tanto hace, si el mar no protege esa máquina,

si esa máquina va entre el tránsito de otras máquinas.

Esa máquina va entre el tránsito de otras máquinas

de cualquier ciudad. Esa máquina,

que ya no puede parar, que parece aguantar cualquier
          ruido,

que a veces pienso no necesita protección, esa máquina

paga un precio

sin acordarse de qué paga. Lo mismo las máquinas que
          no quieren pagarlo, las que huyen

por nuevas calles abiertas en fuga,

las que saben que habitan esa ciudad con sus mares (y
          no otra), acaban pagando, pero temprano o más
          tarde, un precio -recuérdese, mientras tanto, que lo
          pagan...

Inquietamente,

aceptan el entrar cada una en su suerte. 

 

 

 

Página publicada em dezembro de 2012 , ampliada e republicada em julho de 2014.

 

 

 

 

 

 

 
 
 
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