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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

AFONSO MONTENEGRO LOUSADA

 

AFONSO MONTENEGRO LOUSADA nasceu no Distrito Federai, no ano de 1904. Bacharel em Direito, secretário da Associação Tutelar de Menores e Comissário-Chefe do Juízo de Menores. Poeta, crítico e ensaísta, colabora em vários periódicos do Brasil e das Repúblicas do Prata. Pertence à Sociedade de Homens de Letras do Brasil e ao Ins­tituto  Brasileiro de Cultura.

 

Bibliografia: "Peço a Palavra" (fábulas, prêmio da "Revista Americana" de Buenos Aires), 2.a ed. de 1934; "La Fontaine" (ensaios sôbre a fábula), 1937; "Quando os Bichos Falavam" (fábulas); "Templo Abandonado", 1945, e "Noturnos", Rio, 1947. Ainda: "Melo Matos, o Apóstolo da Infância", 3,a ed. de 1938; "O Cinema e a Literatura na Educação da Criança", 1939; "O Problema da Criança", 1940; "Delinquência Infantil", 1941; "A Ação do Juízo de Menores", 1944, e "Notas Sôbre a Assistência a Menores", 1945. 

 

REZENDE, Edgar.  O Brasil que os poetas cantam.  2ª ed. revista e comentada.  Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1958.  460 p.  15 x 23 cm. Capa dura.   Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

O AMAZONAS

 

 

Impávido a romper ínvias florestas,
O rio caudaloso, fundo e arcano,
Dirige-se, orgulhoso, para o oceano
Roncando a inúbia das guerreiras festas.

 

Não há vencê-lo: nem o vento insano,
Nem mesmo outras torrentes mais funestas
Que se lhe arrojam túmidas, congestas,
Para morrer no rio soberano.

 

E, assim, rugindo, vai adiante, como

Se pressentisse, acaso, um inimigo

Cuja presença o ameaça, o oprime, o choca.

 

O oceano imenso o espera. .. Em louco assomo,
O rio o ataca e o leva, além, consigo,
Erguendo para o céu a pororoca.

 

("Templo Abandonado")

 

 

 

 

OS RETIRANTES

 

 

Pelo deserto hostil da caatinga incendida,
Sob o sol escaldante a calcinar a terra
Candente, incinerada, adusta, ressequida
— A trágica legião dos retirantes erra.

 

E vai deixando pela estrada comburida
Rastros do imenso horror que todo se descerra
Na apoteose da luz, onde vibrou a vida!
Na morte universal, onde passou a guerra!

 

No incêndio pavoroso e imenso das queimadas,
Ferem-se o homem e a sêca um desigual duelo,
O sol flameja a pino, a iluminar destroços.

 

E a multidão se vai ao léu das retiradas,
Sob o raio mortal do implacável flagelo
Como anéis de jibóia a triturar-lhe os ossos.

 

("Noturnos")

 

 

 

Página publicada em dezembro de 2019


 

 

 
 
 
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