Foto: http://www.uespi.br
WANDERSON LIMA
(Valença, Piauí, 1975)
José Wanderson Lima Torres
É professor Adjunto II da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) - Campus Clóvis Moura -Teresina. Possui Mestrado em Letras pela UFPI (2004-2005) e Doutorado em Estudos da Linguagem pela UFRN (2008-2012). Professor do Mestrado Acadêmico em Letras da UESPI, possui experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura, atuando principalmente nas seguintes linhas: Teoria Literária (estudos da mímesis) e Literatura Comparada (literatura e cinema; diálogos entre as literaturas brasileira e hispano-americana; Jorge Luis Borges; literatura e religiosidade; literatura e mito). É editor da revista eletrônica dEsEnrEdoS (ISSN 2175-3903). Coordenador voluntário do Programa Residência Pedagógica - Subprojeto Letras - Português.
POESIA SEMPRE - Número 33 – Ano 17 / 2010. Hungria e Índice Geral. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2010. 320 p; 17,5 x 25,5 cm. Editor: Marco Lucchesi. ISSN 9770104062006 Ex. bibl. Antonio Miranda.
Fábula do velhinho feliz
Entre um chá
e uma pescada
desponta
o amor maduro:
a espera pelo sêmen.
- A máquina de triturar leão
Urzes. Esferas. Desfiladeiros.
Ah, que o saber seja proscrito:
a Máquina se deixa, o ventre livre
e os provérbios oxidados
à beira do Jordão.
(À memória de E. Cioran)
Lá na Romênia
o príncipe e a fada Clio
aceleram a Máquina
e ensaiam um tango.
Epitalâneo (2ª. versão)
“Devo achar a palavra
companheira do grito.”
— Hilda Hilst —
I
A lira. O tombo. O tacape.
Ó forças que escapam —
Verbos a mancheias!
Devo achar a palavra
a palavra
companheira do grito —
a felina
que levita:
II
Doze luas. Doze verbos.
Lira e tombo:
a voz da fera no limbo:
Rodopiam
rodopiam
urzes e gritos não gritados —
Rodopiam
verrumes
e desejos mal sarados —
Rodopiam
estas chagas,
sob a insensatez das mãos
estas chagas —
onde se lê
os urros os murros
do desejo.
III
Meneios de leopardos. Muxoxos de mambas.
(Eu vejo uma vagina ressonando).
Ó morada, ó verbo, ó útero —
Devo achar a palavra
a palavra
companheira do grito.
Eu vejo uma vagina ressonando —
Ó sacrossanta casa
a de minha infância —
Não dissolve, Verbo —
Ó mangueira de minha infância.
Ó mulher, ó palavra, ó árvore.
(Eu vejo uma vagina ressonando)
IV
Túnel-vagina, vinde:
moradas, palavra e útero.
Não dissolve, Verbo —
Acorda o que dormiu
redevora o ser que não era
suja da luz de tuas tetas
o que já é.
Este verbo Te diz
porque te devora:
Hímen, húmus. Asas, lábios.
Não dissolve, Verbo —
Devo nomear barcos, frutas, vaginas.
Onde estais, palavras, catedrais?
Túnel-vagina, vinde.
Página publicada em julho de 2019
|