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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



LUIZ FILHO DE OLIVEIRA

 

 

nasceu em Campo Maior, Piauí, em 1968. Formado em Licenciatura Plena em Letras, pela Universidade Federal do Piauí – UFPI, professor de Língua Portuguesa na rede particular de ensino.

 

Premiado em vários concursos de poesia. Ganhou o segundo lugar no Concurso Literário de Piauí de 2000, cuja obra BARDOAMAR saiu publicada, com os demais premiados, na coletânea CONCURSOS LITERÁRIOS DO PIAUÌ. (Teresina: Fundação Cultural do Piauí, 2005. p. 99-166) de onde extraímos os seguintes versos.

 

“... os versos de Luiz Filho de Oliveira são assinalados pela ousadia de criar uma marca pessoal, um modo particular de falar de si mesmo e das relações com os lugares em que transitamos (os espaço do prazer, da busca, da dor, da utopia humana), inscrevendo-se poeticamente no mundo. Esse gesto diz respeito ao espírito inventivo de que se aventura nesse labirinto de palavras chamado poesia, haja vista existirem aqueles que  acreditam que nos tornamos mais originais e criativos quando ultrapassamos o medo de imitar os modelos de obras já consagradas. Um poeta jovem não precisa se limitar ao cânon. Destarte, nenhuma linguagem ou forma sacralizada de fazer versos basta a ele, que acredita na força do seu poema, no poder que a Palavra ou o Verbo possuem de construir realidades, transformar o mundo.”  Elio Ferreira

 

 

 

BardoAmar

 

velhos  personagens

vinha  esse  verbo  velho

tinto  em  cenas  líqüidas

 

brinde  pois  conosco

enquanto imóveis a  senso

corpemente  excetos

 

onde  estes  chãos  marem-se  em

música  vinho poemas

caminho  a  tormentas

 

por  risco  você

em  linhas  fie  sentidos

aqui  dentro  eus  nós

 

 

velozesamarras

velas  a  mar  a  velarem-se

no  que  o  verso  encerra.

 

 

sedentro

 

enquanto

pelo  teu  corpo

espasmo  encontro

 

em – be – ber – te – em – vi – nho

os – go – les – se – cre – tos

te – tra – go – os

 

 

vi  cio

 

tua  alegria  minha

droga  bem  vinda  viva

a  me – tragar

 

a  espasmos  o  sensível

no  quando – líqüido – me – pescas

se  ondas  vinho

 

 

estiagem  no  poema

 

o  sol  traga

a  vinha  alma  do  poeta

que  espera

 

versiflorem

sulcos  as  brancaragens

destas páginas

 

 

68  flores  de  maio

 

o  tempo  de  contribuir  com  uns  versos

vomito  teu  vinho  em  poemas  malinos

onde  o  mal  dito,  bem,  digo,  o  segredo

 

 

churrasco  o  a-mor

 

espeto  fogo  garfo

a  amórfagos

os  ped  acin  hos  da

 

cerebral  emoção  corpumana

mais  ninguém  há  de  comer  o  sem

tido  todo:  todos

 

 

próprio  de  casal

 

amar: quando intenso

a esparsar o quanto exceto

de nós: móveis certos

 

 

de  esparso  a  espaço

 

graças  à  perspectiva

num  horizonte  em  linha

tocamos  a  estrela  que  vigia

 

 

 

fenixmente

 

com  a  convicção  do  pássaro  divino

te – semento  me  este  amar (ave!)

onde  ardo  quando  chamas

 

a  vingar  a  vida  o  humano  momento

com  estes  vôos  vinho  no  cinza

de  sempres

 

 

atirado  (não  à  balada)

 

eu  olhar

a  me – estilhaçar

eu  retalhos

 

teu  corpo

campo  minado

onde  me – atiro

 

seu  medo  de

em  cada  avanço:  de  frente

explodir  teu  o  sexo  alvo

 

 

 

De
Luiz Filho de Oliveira
ONDE HUMANO
Teresina: Nova Aliança, 2009.  114 p.

 

dos quintais do humano há poemas tais vindos

 

 

por registro nas telas páginas

aqui gravadas escritas terrenas

o humano sentido assim está poema

 

e gravemente o desbravar vales de imagens

sonidos odores gostos toques (sumos cimos!)

vida tudo isso nesses tons cerebrinos grafemas

 

onde dadas as palavras guardadas

estão a mil as sensações percorridas

neste sítio literal arquivo em corpo vivas

 

 

(Em Pedro II, num salto gritador até S. Raimundo Nonato primitivo.)

 

 

 

sobre o realismo plástico artista: um homem em sua obra*

 

de tinta de sangue

fez-se teu nome – Fernando –

personalíssimo & transferível ao poema

 

pelo bendito ódio à vida

que se-gerou imagem sangüenta

de tanta pintura & quanta violência!

 

ah... quadro profundo!

teus punhos teu ventre teu grito teu estilo

compunham tua mais crua obra prima & derradeira

 

 

(No Primavera; próxima, a praça que tem, sim, seu nome próprio.)


*Em memória de Fernando, um artista plástico do meu bairro, nessa rota pela Costa de suas artes piauienses.

 

 

 

reinscreve um poeta a seu passo a nova capital & a passada capitania de Piaguí *

 

 

tristeresina15: um quê de semelhante

estás ao que era nosso antigo estado

(rico de nativos mortos por gados)

em este mote alheio & cambiante

 

se a ti tocou-te a máquina mercado

esse ouro que apaga muito brilhante

a nós todos aqui tem-nos-tratado

com os dous ff dum poema dantes

 

deste estado – a quem não deste por renques

as carnes como o-fez à gente ruda

de Bahia Pernambuco Minas (mortes!) –

 

há quem alegoricamente tente

fazer ainda uma vaca bojuda

para carnes & poemas de corte

 

 

(De Oeiras, Salvador; Ouro Preto, Recife a Teresina, em estados de Brasil.)

 

 

*A Cineas, homem com letras, de cimos Sãos & Santos.

Piaguí (p.48) Ludwig Schwennhagem, em Os Fenícios no Brasil: Antiga História do Brasil – de 1.100 a.C a 1.500 d.C., ao explicar a etimologia dessa palavra, disse: “A chave para compreender a fundação das ‘Sete Cidades’ dá-nos o antigo nome de Piauhy, que era ‘Piaguí’. Nos documentos históricos que juntou F. A. Pereira da Costa na sua excelente ‘Cronologia’ [Cronologia História do Estado do Piauí, 1909], encontramos as formas: Piaguí, Piaguhy, Piagoy e Piagohi, mas nunca Piauhy, que apareceu pela primeira vez em 1739 (...) e ignorantes explicam esse nome como ‘riode peixe piau’. Piaguí – portanto – não pode ter outro significado do que ‘casa, respectivamente terra dos piagas’

 

Tristeresina (p. 48) Neologismo criado por Torquato Neto em seu poema Todos cantam sua terra, também vou cantar a minha, cujo título são versos de Casimiro de Abreu no poema Minha Terra.

 

negócios negócios

 

acordoBrasil

do lar ... cor da ... dá-la: acorda!

acórdão superfaturado dólar

dão de cor e então a cor dobra

verdes laranjas pardos & gatunos

(todos os ratos disfarçam seus colarinhos)

decoro em coro o povo cobra

e encara o agente publicamente

a amar o elo das mil minas brasis

e o banco a mil para poucos por certo

e por centos milhares milhões

no ônus do país ao mês

há anos

nós nus

 

 

(Sentado num banco central duma praça, em Brasília.)

 

 

  

 

Poemas do livro
 
“DAS BOCADAS INFERNÉTICAS”

 

 

Desbocada Poética das Bocadas a Poesia Infernética

 

"Das Bocadas Infernéticas", meu terceiro livro, editado pela Editora Penalux (Guaratinguetá, 2016. 146p.) é um livro de poesia satírica, cujo título faz um trocadilho-homenagem ao primeiro poeta satírico brasileiro, Gregório de Matos, o "pai da matéria" por estas plagas, e, por extensão, à poesia satírica brasileira, do Boca do Inferno a Glauco Mattoso, passando por Tomás Antônio Gonzaga, Luiz Gama, Juó Bananere, Oswald de Andrade, Cuíca de Santo Amaro, Millôr Fernandes, Chacal...

 

 

I. A poetastros ou estrelas metidos a donos da Poesia

 

Estazinha Poesia é o que
quiser, o que o-for: que redun-

dante-se cômica, divina,

 

confessioral, se subjetiva

o lírico de eu-satíricos

na Rede, o escambau!

 

Nem mesmo um Poeta-astro

ou essoutros sem verve (verbos fracos!)

vão-se-meter nela, senão para poemaltratá-los.

 

 

II. Outro poemaldizente para desbocar essa poética

 

– Soo Poeta no pixel das telas,
sou digital papel líquido à Terra,

às redes dessas histórias de merdas!

 

Voo dígitos, Eus nas páginas e
vou a outras telas em vômito,

que quase nada tem de cômico.

 

 

III. Núltimo poema a teclar aliterações na poética de seu blog

 

Abre, Poeta, a porra desse Windows (uma das portas!)

e perspectiva um eu-satírico em estado bem puto,

a quem nada apraz senão o teclar o seu prumo.

 

 

 

Descreve o Poeta o que era naquele tempo os cliques em br de Brasília

 

Em cada sítio, um foda de um blogueiro
que a vida desses picaretas inferniza,
e a cada postagem dá ao mundo inteiro
o que pras leis não é considerado lícito!

 

Aquele hacker, bem orientado, o vídeo,

os sítios pessoais e o e-mail da Presidanta

captura, com informações ao estrangeiro.

 

Muitos sítios tão bem-avergonhados

exibem aos cliques o caralho desses da elite,

que riem a cair na Infernet, deslavados!

 

Todos os que não postam, muito fodas.com, e

dos de Brasília as postagens compartilham!

 

 

 

 

Eu inscrito à pele em fala ao poético de Hughes à Infernet

 

– Eu sou negro mesmo,

como os meus antepassados todos,

passados na África, antes da Diáspora trágica!

 

Eu estudo no Brasil, numa escola pública;

aqui se-comemorou a Abolição da Escravatura,

mas só se-falava na tal da canetada no gabinete da princesa!

 

Eu escuto umas histórias,

cantadas por minha velha vó negra,

e ela fala dos sofrimentos de uma raça caçada!

 

Eu leio uns escritores negros;

com eles, eu aprendo a ser eu mesmo,

fragmento reunido a outros em continente novo!

 

Eu canto umas canções antigas,

respostas de bocas sabidas magistas;

a fazer o trabalho virar em cigarra a formiga!

Eu escrevo uns poemas negro!

 

Eu construo um futuro, agoraqui, passado

no alho, nos olhos, nos atos, nas positivas palavras ,

atitudes de afirmação de orgulho dos que são da cor da noite!

 

Eu jogo capoeira na América brasileira,

arte-manha das armas do meu corpo musculoso;

Ginga, que, Rainha, vinga luta contra a opressão do meu povo!

Eu danço, livre mente, mesmo;

marcando, com passos alegres, a tristeza do meu canto,

tradição traduzida para as raízes do blues, jazz, reggae, samba!

 

Eu ensino numa escola,

superior àquela que em ontens me-deram,

para ministrar o caminho que o mundo africane (creio)!

 

 

 

Depois do leiteiro morto foi o padeiro após o concurso de biscoitos finos

 

Estoutro poeta creu

em estar bem classificado,

assado, e – crau! – assim

comeu-ele um grupo

de crus jurados, osquais,

escrutando seu trabalho,

à mesa, sentados, para

o bardo-padeiro, receitaram:

 

“Mais atenção ao preparo;

crua, ainda, a massa;

procure mais amaciá-la;

o povo dela só provará

quando ela, descansada!”

 

 

 

Assalto à mão teclada

 

Com a tela toda encoberta

por um tecido de códigos,

cobrindo o rosto de propósito,

um hacker le-assaltou há

segundos atrás num chat,

quando le-apontou um mouse velho

e levou do bolso do poeta o quanto

ele teclou texto em sua conta.

– Copylantra!

 

 

 

FAKE IN BRAZIL

 

Há água na água de coco engarrafada;

milho, no café e na cerveja de casa;

no leite, não só água, soda cáustica!

As bebidas (do uísque à cachaça!), batizadas;

as camisas (muitas marcas!), piratas;

a justiça, a política, de nelson, de nada.

Há povo há muito tempo enganado

por muitas gentes e anos de trapaça;

é o que por muitos aquis ainda grassa.

 

 

Página publicada em fevereiro de 2008; página ampliada e republicada em setembro de 2010; página ampliada em julho de 2020

 

 



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