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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

JÔNATAS BATISTA

(Piauí, 1885 – São Paulo, 1935)

 

Jônatas Batista nasceu em 1885 em Natal, atual Monsenhor Gil. Poeta, teatrólogo, ator e jornalista. Dominou e agitou a vida teatral de Teresina por mais de 30 anos. Pertenceu à Academia Piauiense de Letras e à Sociedade Brasileira de Autores Teatrais do Rio de Janeiro. Obras: Teresina de improviso; Cidade Feliz; Alegria de Viver; O Bicho; Astúcia de Mulher; Cincelos; Improvisos e Improvisadores; Treze de Maio; Frutos e Frutas; A Luta; A Alma Sem Rumo; As Crianças; Jovita, a Heroína. Toda a obra literária de Jonatas Batista rescende a poesia. Em vida, realizou o sonho supremo de artista. A obra do poeta já é de domínio público.
Fonte da biografia: http://www.poetasdobrasil.com.br/

 

SONETOS. v.2. Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, s.d.  151 - 310 p.  16,5 x 11  cm.  ilus. col.  Editor: Edson Guedes de Moraes. Inclui 171 sonetos de uma centena de poetas brasileiros e portugueses.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

         AOS TRISTES   

 

       Escrevo para vós, almas tristes, vencidas.
Exaustas de sofrer e de viver cansadas;
Ermas de sonho e fé, sem destino, perdidas
Num pesadelo atroz de esperanças finadas.

        São múrmuras canções, são rimas repetidas,
Pelas vozes do vento às praias atiradas...
Escrevo-as para vós, almas desiludidas,
Prisioneiras da sombra, eternas torturadas.

        Para vós, para vós, ó corações descrentes!
Os versos que escrevi nas horas de amarguras,
Os versos que eu tracei, em trínulos gementes...

        Fi-los por mim, por vós... Por todo aquele que erra,
Perdidamente, só, nas planícies escuras,
Pelas noites sem fim das vastidões da terra...

 

 

        PARA VENCER   

 

       Homem, fito de frente o roso da desgraça
E não me acurvo nunca aos embates da sorte.
Enfrento, sem temor, o temporal que passa,
Sorrindo com prazer dos esgares da morte.

        Aprumo-me no solo em destemido porte,
Sem desmentir jamais  as tradições da raça...
Arrojo-me, sem medo, ao mais rijo, ao mais forte,
Envolto o veja, embora, em rígida couraça.

         Volto agora cansado e exangue...
Para que o mal de crer duro me puna,
Rebenta-se-me o peito em fel e em sangue...

        Consola-me dos fados a demência:
— Se me encontro mais pobre de fortuna,
Muito mais rico sou de experiência.

 

 

ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por]  Félix Aires.  [Teresina: 1972.]   218 p.     Impresso no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília.                                 Ex. bibl. Antonio Miranda

 


A ARANHA

Estende o fio fino e a fina trama tece
A diligente aranha, em contínuo labor...
E, a trabalhar, assim, naturalmente esquece
A atormentada lida — o sofrimento e a dor.

E, vai e vem e volve e, em volteios, parece
Que uma dança executa, em medido rigor...
Por fim se imobiliza ou finge que adormece,
A carícia da luz, no mórbido calor...

O cérebro trabalha — o penosamente é a teia
Que se estende, se liga e prende e se enrodeia
Em torno dessa oculta e diligente aranha.

O poeta em fios de ouro, as malhas urde e tece...
No labor que o fascina, a própria mágoa esquece
E, apenas a sorrir, mosca de luz apanha....

 

*

Página ampliada e republicada em março de 2023

 Página publicada em dezembro de 2019


 


 

 

 
 
 
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