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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



FRED MAIA 


Piauiense de Oeiras, jornalista.  Poeta, letrista, intelectual que atua no cenário da alta formulação e administração das políticas públicas da cultura nacional. Nasceu no Piauí e agora vive em Brasília.  Como diz Chico César, “sempre com poesia e um sorriso no lábio...”

Publicou “Um Rock por Nada” (São Paulo: Ed.Arte Pau Brasil), “eupor” (São Paulo: Ed.Nômades); “Mais que Imperfeito” (Porto Alegre: Poema Editora, 2004) e o ensaio “Plinio Marques – a crônica dos que não têm voz” (São Paulo: Ed.Boitempo), em parceria com Vinicius Pinheiro e Javier Contreras.

Mais que Imperfeito” tem letras, tem haikai, tem poesia e até prosa. NO “Mais que Imperfeito” de todo jeito se goza.”  ALICE RUIZ

“Fred Maia chegou perto da perfeição nesse “Mais que Imperfeito”. Seja na precisão dos hai-kais, nos poemas mais extensos ou nas letras de música, ele esbanja lirismo e alma. Fred é um poeta comovente. Como os bons.”  ZECA BALEIRO

“A densidade poética de Fred Maia é aplicada, verso a verso, sobre a base do inconformismo estético e da economia verbal. Sua poesia investiga e investe na invenção e na reflexão, que são exigências básicas para qualquer produção de linguagem moderna. A opção pelo poema curto, filiado à tradição do Hai-Kai, imprime à poesia de Fred Maia um lirismo essencial, sem adiposidades, convocando o leitor a retirar-se da comodidade discursiva, da compulsão verborrágica, tão comuns na tradição lírica brasileira.”  FELICIANO BEZERRA

 

 

Extraído de:

BRIC A BRAC    21 ANOS   MAIOR IDADE.  Brasília: Caixa Cultura, 2007.  112 p. ilus. col.  23x21 cm.. Exposição comemorativa . Curadoria e projeto expositivo: Marilia Panitz.   Coordenação Geral: Luis Turiba.  Inclui poemas visuais e arte gráfica.  Inclui poemas visuais de Luis Turiba, Manoel de Barros, Paulo Leminski, Zuca Sardanga, Nanico, Franciso Kaque, Wagner Barja, Paulo Andrade, Antonio Miranda, Bernardo Vilhena, Paulo Cac, Ariosto Teixeira, Elizabeth Hazin, José Paulo Cunha, Fred Maia, Nicolas Behr, Claudius Portugal, Ronaldo Cagiano, TT Catalão, Francine Amarante, Adeilton Lima, Maria Maia, Ronaldo Augusto, Augusto de Campos, Arnaldo Antunes, José Rangel Farias Neto, Menezes e Morais, Cristiane Sobral, Eduardo Mamcasz, Vicente Sá, Nance Las-Casas, Bic Prado, Angélica Torres Lima, Flavio Maia, Ronaldo Santos, Joanyr de Oliveira, Sylvia Cyntrão, Carlos Roberto Lacerda, Carlos Henrique, Fernanda Barreto,  José Edson, Vera Americano, Alice Ruiz, André Luiz Oliveira, Carlos Silva, Charles Peixoto, José Roberto Aguilar, Estrela Ruiz, Renato Riella, Chico César, Francisco Alvim, José Robert o da Silva, Eudoro Augusto, Amneres, Gustavo Dourado, Alexandre Marino, e ilustradores: Resa, e fotógrafos, etc. 

  ******************

 

barato custa caro

na tua conta sobra zero

na minha falta

 

         *

 

a justiça é cega

a injustiça cega

 

*

 

um dia fará sentido

o lado bom da vida

por outro lado

tudo fará sentido

 

o que é bom dura pouco

diz o ditado

mas nada estará perdido

do mal restará saber

quanto foi doído

 

e que tudo passa

como é sabido

para quem faz da dor

antídoto

 

         *

 

contra o azul

nuvens rasantes

ascendentes urubus

 

         *

 

o pássaro voa do galho

a árvore vai junto

num ato falho

 

         *

 

biblioteca

primeiras leituras de menina

olhos de boneca

 

         *

 

algo que diga

numa música arrasa

na chuva abriga

no amor abrasa

algo que faça

o silêncio grita

a noite abranda

o dia acata

se escreve

coisas impossíveis acontecem

pernas “pra que te lero”

a voz canta boleros

o coração pira, desembesta

histórias de amor

tocam pela vida

o espírito do cantor

abrem a janela

da amada

tanto esforço

por nada

incorrigível

o poeta perdeu-se

de madrugada

 

         (com música de Zeca Baleiro)

 

 

LIVRO ABERTO

 

falar de mim

nas páginas

mais secretas

— entre tuas pernas —

nas margens

dos cadernos

poesia concreta

poeta torto

pilho a gramática

mais-que-imperfeito

língua na greta

gruta que urra

minha boca na

tua boceta

 

 

 

A seguir, poema de Fred Maia, extraído da célebre revista de vanguarda BRIC-A-BRAC  VI, Brasília 1991.

o
po
ema
desce
a pá
gina
pa
rede
branca
música
cons
tante
o
po
ema
desce
um
de
grau
a
trás
cores
sem
nome
vogais
vagas
(
pinta
um
quê
pulso
aberto
)
o
po
ema
desce
mais
olha
para
dentro
sonha
real
desce
ao

re
nasce
nota
de
roda

 

 

II BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASÍLIA – Poemário. Org. Menezes y Morais.  Brasília: Biblioteca Nacional de Brasília, 2011.  s.p.  Ex. único.

 

Cabe ressaltar: a II BIP – Bienal Internacional de Poesia era para ter sido celebrada para comemorar o cinquentenário de Brasília, mas Governo do Distrito Federal impediu a sua realização. Mas decidimos divulgar os textos pela internet.

 

 

baterias contra o tédio

 

disparo baterias

contra o tédio

contra a guerra

o meu legítimo

rock n´roll

 

do outro lado

o animal contra Cabul

a fera que te espera, baby

ainda que, 

só queiras bem

 

meu amor

a brutalidade não se entrega

quando posso

jogo flores contra o front

provocando a primavera

 

tanta coisa

se passou

já rompeu a nova era

o nosso amor

o nosso amo

 

 

 

escrevo em letra de escriba

 

escrevo em letra de escriba

garranchos calígrafos

falo uma língua de escracho

ganidos onomatopaicos

 

com ela construir

lavoura arcaica que seja

em ligeira prosa

dois dedos de Ramos outros de Rosa

 

minero no idioma pedra

que o sertanejo arqueja

poética de espaçotempo

fábula que arquiteto erga

 

almejo uma escritura suja

persigo a garatuja

que escreve a lesma

sobre si mesma

 

 

 

se você tivesse acreditado

 

se você tivesse

acreditado

na minha brincadeira

de dizer verdades

 

teria ouvido

verdades

que teimo em dizer

brincando

 

falei muitas vezes

como o palhaço

mas nunca desacreditei

da plateia que sorria

 

 

Página publicada em março de 2008; ampliada e republicada em fevereiro de 2011. Ampliada em julho de 2017; ampliada em abril de 2019

 


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