DA COSTA ANDRADE
(José Severiano da Costa Andrade)
Poeta/DF - Nasceu em Simplício Mendes (PI), no dia 12 de dezembro de 1906, filho de Severiano Francisco Carneiro de Andrade e de Odorica Benício Costa. Nasceu órfão de pai (Severiano Francisco faleceu três meses antes do nascimento de seu único filho). Foi na estrada do Paracatuá para Simplício Mendes que o menino, aos sete anos, escreveu sua primeira poesia.
Poeta lírico, advogado, professor e jornalista. Da Costa Andrade estudou na Escola Agrícola da Bahia, tendo na época, juntamente com Jorge Amado, Dias da Costa, Sosígenes Costa e Edson Carneiro e sob inspiração de Pinheiro Viegas, fundado a "Academia dos Rebeldes", que se tornaria um movimento literário da maior relevância na História da Literatura Brasileira. Segundo depoimento de Jorge Amado, Da Costa Andrade era o seu "poeta", tendo sido o primeiro do grupo a publicar um livro: o Rosal da Vida. Todos desenvolveram uma intensa atividade cultural em Salvador, editou o jornal O Momento e dirigindo o jornal A Semana, que marcariam época. Aos 19 anos, ganhou o 1º. Prémio do Concurso promovido pela revista "O Século", como o Soneto "A Dor". Participou da composição do "Cenáculo Piauiense de Letras", fundado em Teresina, por escritores piauienses. Retornando ao Piauí, Da Costa Andrade exerceu a advocacia, foi Promotor em várias Comarcas e foi Deputado Estadual no Estado do Piauí. Como Prefeito de Simplício Mendes, fundou a Escola de Música e a Banda Sinfónica Municipal. Publicou a Monografia Histórico-Geográfica do Município de Simplício Mendes - Prémio IBGE, 1943.
Escreveu a letra do "Hino Esportivo de Simplício Mendes", com música de Jonas Moura. Consta como verbete nos livros: "Dicionário dos Escritores de Brasília", Napoleão Valladares (1ª e 2"a. edições 1996 e 2003); "Dicionário Histórico e Geográfico do Estado do Piauí", de Cláudio Bastos (Teresina, 1995), dentre outros. Foi muito homenageado no Estado do Piauí, dando nomes a rua, ginásio e biblioteca.
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FERREIRA, Sônia. Chuva de poesias, cores e notas no Brasil Central – história através da arte. 2ª. edição revista e melhorada. Goiânia: Kelps, 2007. 294 p. ilus. col. (antologia de poemas de autores do CECULCO – Centro de Cultura da Região do Centro-Oeste) Ex. bibl. Antonio Miranda
N O I T E
Vejo o crepúsculo distender-se, lento,
como um negro lençol, pela cidade...
É noite: — geme e turbilhona o vento
enquanto eu cismo, em minha soledade...
Só nesta hora vêm-me ao pensamento
os quadros de perdida e tenra idade...
Pensar na vida é rude sofrimento,
é aguçar os espinhos da saudade!
Um sino dobra, além, triste e pausado;
e o coração de quem sofrendo vive,
pulsa de dor, saudoso e amargurado...
Ó Deus! com o teu poder, por caridade,
dá-me de novo bens que outrora tive,
— Faz-me voltar à minha tenra idade!
ANTOLOGIA DE SONETOS PIAUIENSES [por] Félix Aires. [Teresina: 1972.] 218 p. Impresso no Senado Federal Centro Gráfico, Brasília. Ex. bibl. Antonio Miranda
FRIA
Cinjo-a, — corpo de jambo aromal e perfeito, —
Em teus braços de ferro. E ela treme, e os repele,
Fria. A fria Sibéria enrejela-lhe a pele
E o ardente Senegal encandece-me o peito.
Há silêncio, entre nós: — o rosto, contrafeito,
Lhe diz com que furor felino me compele
O amo, — cujo poder não há força que o vele —
A desnudar-lhe o corpo esgalgo sobre o leito.
E ela tenta fugir: — bloco inerte de gelo,
Teme e trema, ao sentir que ameaça dissolvê-lo
O calor tropical, que meu peito dimana.
Enfim, quando desprendo os braços fatigados,
Vejo-a bela, a sorrir, de olhos semi-cerrados,
— Morna estátua de carne, estátua morna e humana.
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Página ampliada e republicada em março de 2023.
Página publicada em dezembro de 2019
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