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ADRIANO LOBÃO ARAGÃO
Adriano Lobão Aragão (Teresina, 28 de janeiro de 1977) é um poeta piauiense, autor de Uns Poemas (1999), Entrega a Própria Lança na Rude Batalha em que Morra (2005) e "Yone de Safo" (2007).
Formado em Letras pela UESPI, leciona língua portuguesa e literatura na rede particular de ensino de Teresina. Fundador da revista Amálgama, publicação dedicada à literatura. Em 1998, através do Concurso Novos Autores, recebeu o Prêmio Cidade de Teresina pelo livro Uns Poemas, publicado no ano seguinte pela Fundação Cultural Monsenhor Chaves. Em 2005 publicou Entrega a Própria Lança na Rude Batalha em que Morra, pela Fundac. Seu livro Yone de Safo (2006) foi agraciado com prêmio Torquato Neto instituído pela Fundação Cultural do Piauí e publicado pela Amálgama em 2008. Participou das coletâneas Versos Diversos (Passos/MG), Poetas do Brasil 2000 (Porto Alegre/RS) e Estas Flores de Lascivo Arabesco, poemas eróticos piauienses (Teresina/PI).
No ano de 2009 publica seu livro de poemas intitulado As cinzas as palavras. Em 2011, Ave Eva e no ano de 2012 lança seu primeiro romance Os intrépidos andarilhos e outras margens. Biografia: Wikipedia
POESIA SEMPRE - Número 33 – Ano 17 / 2010. Hungria e Índice Geral.
Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2010. 320 p; 17,5 x 25,5 cm.
Editor: Marco Lucchesi. ISSN 9770104062006 Ex. bibl. Antonio Miranda.
então
em perene forma permanece em idade e fortuna
tudo que no tempo não muda nem tempos nem vontades
nem mentira nem verdade penetra a forma profunda
somente em mim depositou-se irrelevante mudança
talvez desnecessária dança que o cair das folhas trouxe
talvez inseto da noite que de seu brilho descansa
quem sabe silêncio de outrora agora outra hora propaga
antes de ilusão inata à matéria apurar sua volta
em perene forma precisa mas dispersa inexata
somente em mim depositou-se irrelevante reverso
de não mais crer nos versos dessa inútil lira agridoce
são jose
estes que talvez aqui não mais se encontram abrigados
em respectivos jazigos que dos herdeiros herdaram
nesta terra se revestem de lembrança e esquecimento
sob a sombra de antigas árvores silêncio tardio
sob o passo lento de transeuntes e de abandonados
gatos leves passos sob céu chuva e nuvem se resguardam
apenas o ponto e o porto em que seus corpos decompostos
inertes se reencontram dispersos nesta mesma terra
semente perene como a noite que lhes protege
sob a sombra destes túmulos nas linhas desta lápide
talvez aqui se revestem de esquecimento e lembrança
os semáforos os centavos
assim estende o homem no asfalto seu pasto de esmolas
em segundos ao publico entrega a dança dos centavos
e desarmado de adornos seu palco entre faixas se arma
um que nestas postiças pernas trôpegas se equilibra
um que entre as mãos lança em chamas de querosene seu risco
outro exposto em malposto corpo ensejo de compaixão
este escambo estas mãos este instante entre o tráfego parado
pelos vidros seus gestos estendidos em doação
outros absortos somente na luz indicando a espera
para passageiros e condutores que apenas aguardam
que o tempo ainda lhes conceda algum possível alento
Página publicada em julho de 2019
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