Ilustração: Jorge Lopes
SERGIO LEANDRO
Nasceu no Recife no dia 14 de março de 1978. Filho de pais paraibanos. Começou aos quinze anos quinze de idade a se interessar por poesia entrando em contato com as obras de Manuel Bandeira, Augusto do Anjos, Álvares de Azevedo, entre outros. São dessa época seus primeiros textos poéticos regados a muitos goles de café em noites de muita cumplicidade entre o poeta e o silêncio que precede
o tremular da bandeira em chamas da poesia. Fundou o Movimento cultural Mandu, o Grupo Arautos da Poesia e atualmente é um dos coordenadores do Movimento cultural Invenção de Poesia, que atua na Biblioteca Popular de Casa Amarela com um recital permanente entre outras ações culturais envolvendo alunos do ensino fundamental e médio de escolas da região.
De
MARGINAL RECIFE
Organizadores: Valmir Jordão e Lara
Recife: Prefeitura do Recife, Secretaria de Cultura,
Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 2007
92 p ( Coletânea poética 5 )
Gentilmente cedido por Silvio Hansen
Yasmim
Teus olhos de silêncio
e sombras
macularam as manhãs
do meu domingo.
A chama muda dos teus lábios
chamuscou
as cercanias do meu corpo...
Só o que não revelo
me faz verdade e encontro
na terra dos perdidos...
Se calo, sou grito,
quando grito, nada falo,
porque estalo no prelúdio da canção.
A raiz desse mal em mim,
a raiz desse amor e ódio que me comem os cabelos
cresce ao toque azul de tuas mãos.
Outras palavras
Eram blocos antigos de gelo
as novas pedras do meu pavimento
eram de ferro maciço e cimento a lua e as nuvens
no céu.
Heróis de papel não me servem
que outras palavras farão o mundo deixar de ser
triste?
Só a dor edifica o homem
e o sorriso sobeja e some
porque nos come o verme da esperança que cansa
e dança fora do tom o que antes da luta alcança
Eram blocos antigos de gelo
as fornalhas do meu passamento.
Coração de poeta
Eu caso meu coração de poeta
com o cheiro de café
da manhã que nasce.
Eu caso meu coração de poeta
com os caminhos do esquecimento,
com as bandeiras sem pátria,
e com a cor sem nome que enche teus olhos tristes.
Com anjos do presente
E fantasmas do passado
Eu caso meu coração de poeta.
Vejo homens acenando adeus.
Quando eles me saúdam sorridentes pelas ruas,
Uma lágrima despenca de seus sorrisos.
Alguém plantou inquietação no coração dos homens.
Página publicada em janeiro de 2011 |