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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

PAULO GUSTAVO

 

 

            Paulo Gustavo de Oliveira [Recife, 1957- ] é mestre em teoria da literatura. Suas obras mais recentes são O que te trai, o que te cala (1992); Aleluia no caos (1995) e O poder da noite (2004)

 

 

 

Extraído da revista POESIA SEMPRE, Número 29, Ano 15, 2008, edição Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.

 

 

Coisas que não se quebram

        Coisas que não se quebram
         Sem febre sem dor
         A hora no relógio a torneira
         O amor o braço o osso no jazigo da família
         A fechadura que abre para o sonho
         A onda a grande onda que se despede do mar.

         Coisas que se quebram
         O teu dente que morde o desgosto
         As cordas os motores que param
         Na madrugada quebrada pelo sol
         A mala que fez a última viagem
         O fêmur que te fez caminhar

         Coisas que se quebram
         Sem consolo sem desdém pelo que somos
         Sem o sal da névoa que somos
         Sem as mães gritarem
         Em busca do filho morto
         Sem sujeito oculto, sem reticências

         Coisas que se quebram
         Tão nuas no seu pequeno féretro
         Límpidas no invisível
         Coisas que dormirão sem respirar
         Na ternura do inútil, no brusco leito
         De uma nova metáfora,
         Nas conchas marinhas
         Que os deuses espalham
         — Tão belas que até as esquecemos.

 

         E como o mundo se sustenta?

        E como o mundo se sustenta?
         Perguntaria o próprio céu,
         Não fosse eu a longa nuvem
         Que se assombra com a luz!

         Sobre que pilares invisíveis
         Se assenta o espetáculo, o turbilhão das vozes,
         A sucessão das faces que despertam sobre o mar?
         Que outro nome tem o Sol
         Para que a montanha o retenha no vale?

         Como se sustenta o mundo?
         Pergunta a argila dos meus ossos que definham.
         Perguntam os olhos que levantam os muros da insônia,
         Pergunta a própria insônia dos astros
         E a cruz de Cristo emudecida nos alturas.

 

Não te direi amanhã

 

Não te direi amanhã

O que  hoje não te disse

E não te direi por alto

O que julgo ser planície.

 

Não te direi em voz baixa

A rouquidão dos desejos

Não te direi como água

O que é a sede dos beijos.

 

Não te direi algum dia

O que os dias me calaram

Nem as sombras da alegria

Que só em mim se exilaram.

 

Não te direi com palavras

O que com gestos existo.

Se tudo que falo é mágoa,

O amor é sol imprevisto.

 

Extraído de

 

ALBUM DE POESIAS.  Supplemento d´O MALHO.   RJ: s.d.  R$ 26,  117 p.  ilus. col.  Ex. Antonio Miranda


 

 

Página publicada em novembro de 2009; ampliada em julho de 2018; ampliada em março de 2019

 


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