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PAULO CALDAS

 

Paulo Caldas escritor, mentor da oficina literária que leva meu nome, no Recife, Pernambuco.


CÍRCULO AMOROSO

Vou estar em ti
E nos ouvidos, minha voz
Entoará todas as canções.
Ao teu sentimento, meus versos
Comporão todos os poemas,
E sentirás meu beijo no desejo
De todos os casais.

Os meus olhos te verão pelos de Vênus
Presentes no céu de tuas noites
E cada gota de neblina a te molhar
Serão meus dedos riscando tua pele,
Meus lábios tocando a tua face.

Cada raio de sol dessas manhãs
Te dará o calor do meu abraço
E quando assim pouco jeitoso
O vento enroscara os teus cabelos
Ou afagar o teu rosto
Serei eu quem estará contigo

Vou estar em ti
E transpirando a ternura dos risos infantis
Vou te espreitar nas areias do litoral
Te acordar ao apito das embarcações
Umedecer teus pés na grama dos parques

Vou estar em ti
Na indiferença do estranho que passa em tua rua
No incômodo das lâmpadas acesas
Na indiscrição dos homens que te olham
No balanço da folhagem tropical
No pingar intermitente da neblina
Na corola de flores mais comuns
No horizonte do mar em tua frente
Nos becos, nos copos, nos bêbados, nos bares
Nos orelhões, nos soldados, nos muros, nos vídeos,
Nos alimentos, nos líquidos, no asfalto, nos livros,
Nos quintais, nos hospitais e nos velórios
Na mão das criança, no voo dos morcegos,
No suor da tua fronte
Vou estar em ti.

 

 

46 POETAS, SEMPRE.  Organização: Almir Castro Barros.  Recife: Edições Bagaço, 2002.  145 p.  20x21 cm.  ISBN 85-7409374-2  Poetas pernambucanos contemporâneos, poesia pernambucana.  Col. A.M. 

 

 

Barroso

 

Barroso boneco de barro

Rebento de um pai vitalino

Sereno

Observa o destino

De estátua pra si reservado

Sisudo

Quieto

Calado      

Dançando ou tocando seu pife

A tudo

A todos assiste

Barroso

Boneco de barro

Fechado em si mesmo é um triste

Escultura de pobres mercados

Às marcas do tempo resiste

 

 

Santinha

Santinha pequena mulata

Da corte retinta d'Angola

Tamancos tiaras argolas

Mantilhas colares de prata

Tambores ganzás e maracas

Espadas bonecas de cera

Descendo e subindo ladeiras

Da Sé, Boa Hora, Mandu

Santinha menina faceira

Rainha do maracatu

 

VEJA E LEIA outros poetas de PERNAMBUCO em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/pernambuco/pernambuco.html

 

 Página republicada em maio de 2022

 

 

 

Página publicada em dezembro de 2013


 

 

 
 
 
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