PATRICIA TENÓRIO
Patricia Tenório é escritora desde 2004. Escreve poesias, romances, contos. Tem oito livros publicados: O major – eterno é o espírito, 2005, biografia romanceada, Menção Honrosa no Prêmios Literários Cidade do Recife (2005); As joaninhas não mentem, 2006, fábula, Melhor Romance Estrangeiro da Accademia Internazionale Il Convivio, Itália (2008); Grãos, 2007, contos, poemas e crônicas, Prêmio Dicéa Ferraz – UBE-RJ (2008); A mulher pela metade, 2009, ficção; Diálogos, contos, e D´Agostinho, poemas, 2010; Como se Ícaro falasse, ficção, Prêmio Vânia Souto Carvalho – APL-PE (2011), lançado em novembro de 2012. Acaba de receber o Prêmio Marly Mota, da União Brasileira dos Escritores – RJ, pelo conjunto de sua obra, e lançar em Paris Fără nume/Sans nom, poemas, contos e crônicas em francês e romeno, pela editora romena Ars Longa (outubro de 2013). Mantém o blog www.patriciatenorio.com.br, no qual dialoga com diversos artistas, em diversas linguagens. Atualmente (2014) se prepara para cursar o mestrado em Teoria da Literatura, linha de pesquisa Intersemiose, na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE com o projeto O retrato de Dorian Gray: um romance indicial, agostiniano e prefigural. Fonte: http://www.patriciatenorio.com.br/
TEXTO EM FRANCÊS – FRANÇAIS - TEXTO EM PORTUGUÊS
MUTIRÃO # 2 – Maestro de Obras: O Poeta de Meia Tigela /pseudônimo de Alves de Aquino/. Fortaleza, CE: Expressão Gráfica e Editora, 2016. ISBN 978-85-420-0764-0 Ex. bibl. Antonio Miranda
Casse-tête
Perdre la manière Pour dire le mot Faites-moi savoir L´experience de la faim La plus extreme pauvreté De sens De raison
Avoir raison C´est avoir dans une vie entière Un mannequin de bois Dans les mains Et jamais être Un vrai garçon
Je pars pour le mond Je vais oublier le passé Et me faire de nouveau Chaque pièce en place
Quebra-cabeça
Perder a via Por dizer a palavra Me fez saber A experiência da fome A mais extrema pobreza De sentido De razão
Ter razão É ter a vida inteira Um boneco de madeira Nas mãos E nunca ser Um menino de verdade
Vou sair para o mundo Vou esquecer o passado E fazer-me novamente Cada peça em seu lugar
TENÓRIO, Patrícia. D´Agostinho. Rio de Janeiro: Calibán, 2010. 98 p. 14x18,5 cm. ISBN 978-85-87025-53-1 Projeto gráfico: Márcio-André. Col. A.M.
PALAVRA
O silêncio diz
Eu te respeito Eu te saúdo Por favor Me ajude
Não Sim Talvez
Pode seguir caminhos tortos Pode levar à beira da escuridão Por mais que diga O silêncio cala Por mais que cale O silêncio expande
O silêncio diz
O que deveria ser escondido E por trás da cortina de veludo Provar a essência Do que é Palavra
GOLCONDA
A fração do meu pensamento Não é pensamento Nem ao menos meu Cada segundo vivido Não é presente Não é passado Não é o futuro que se toca É instante E vazio É claro-escuro do lampejo Grão de areia Átomo cristal Que no maior dos devaneios Assusta o que não sei dizer Mas sinto
METAFÍSICA
A voz cristalina Ressoa nas paredes Encobertas Do meu ser maduro Quebra as correntes Que remetem A um corpo jovem Vibrante de luz E cores vivas
Ausculto o sibilar Da língua Que entrelaça as sílabas Em palavras Em signos Em pontos de interrogação Que me desafiam A abandonar o ser maduro E voltar a ser criança Vibrante de luz E cores vivas
NO SILENCIO DA PEDRA
A pedra fala
A pedra canta
O que não se quer ouvir
O rouxinol se espanta
Quando de pedra
Me faço
E o estilhaço
Num coração partido
Vem o silêncio
Diz mais à pedra
Que as palavras
Esculpidas
Transgredidas
Esvaídas no tempo
Para saber o laço
Que se tece
E cresce
Entre mim e o outro
Que fala
Canta
E se quer ouvir
Página publicada em janeiro de 2014; ampliada em fevereiro de 2018
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