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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MÁRIO HÉLIO

MÁRIO HÉLIO

 

Mário Hélio foi o vencedor,  em 1982, do Concurso Literário Cidade do Recife, na categoria poesia, com lívrório/opuszero, publicado em 1985, como separata da revista Arrecifes, do Conselho Municipal de Cultura,que lhe concedeu o PrÊmio Eugênio Coimbra Júnior pela obra. É jornalista e editor. Publicou, além do livrórió, O Recife melhor do que Paris, O Brasil de Gilberto Freyre e Cícero Dias - uma vida pela pintura. Foi o criador e ex-editor da revista Continente, da Companhia Editora de Pernambuco, e também criou e edita a revista Massangana, da Fundação Joaquim Nabuco. Foi editor do Suplemento Cultural do Diário Oficial de Pernambuco, repórter e editor do Suplemento JC Cultural, do Jornal do Commercio e repóter especial e colunista do Diario de Pernambuco.  Atualmente, é o coordenador-geral da Editora Massangana da Fundação Joaquim Nabuco.

 

                   FOLHA E FLOR

 

espétala iridesce a face quieta

da manhã, como flama a folha espoca

os milagres da luz, o risco, a seta

que aviva o lume livre à flor da boca

da noite em arco alvo a flor secreta.

 

secreta ou mais exposta a flor escolha

boca que bebe as letras, como vinho

seta de chuva e sol que rega, molha

espoca verso a verso, em desalinho

quieta face a luz que lambe a folha

 

folha banhada em chuva, uma floresta

desalinho de fauna e flora, a chuva

molha árvore a árvore e desembesta

vinho talvez demais, incêndio de uva

escolha a língua, a boca, para festa.

 

festa e dança da chuva incendiada

uva brasa que ardendo essa torrente

desembesta a floresta na enxurrada

chuva, sim, folha, flor, caule, semente

floresta, mato, planta, flor aguada

 

aguada ou água forte, ou aquarela

semente de água-viva, urtiga brava

enxurrada que fechabre janela

torrente arroio rosto ardente lava

incendiada toca, acende, mela

 

mela a casa de terra e de água sândalo

lava a casa depois, abre a cortina,

janela escancarada por ar vândalo

brava planta penetra a casa e assina

aquarela tão luz que quase escândalo

 

escândalo de flor quando se alteia

assina a espuma nimbo, alísio, grito

vândalo beijo assim quando colméia

cortina brisa aroma, incenso, rito,

sândalo, rosa, loto, um corpo: almeia.

 

almeia ou gueixa, huri ou hetaíra

rito o mesmo: domar, tomar a selva,

colméia acesa sempre, como pira

grito de fogo rente à flor de relva

alteia cada folha e se retira

retira cada folha ao sol exposto

relva rente na mão, e a terra nua,

pira acesa de mel ou malte ou mosto

selva espessa banhada pela lua

hetaíra de tanto amor e rosto

 

rosto banhado em leite de almatéia

lua embebida em vinho, ingirtu, mel

mosto, moli, ambrósia, a mesma ceia

nua de um deus embebe este papel

exposto letra a letra e a quem mais leia

 

leia o que está escrito, e o que se oculta

papel ou via-láctea, o mesmo ta(n)to

ceia onde acabe a flor e cabe a fruta

mel para o rosto, e mão para esse ma(n)to

almatéia, hélicon, floresta e gruta...

 

 

 

 

Poemas extraídos de  STEREO INVENÇÃO RECIFE coletânea poética 2.  Recife: Prefeitura do Recife, Secretaria de Cultura, Fundação de Cultura,  2004.

 

Página publicada em agosto de 2010

 

 

 

 

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