Ilustração: Jorge Lopes
LUIS CARLOS DIAS
Nasceu no Recife em 05 de janeiro de 1960. É filiado à União Brasileira de Escitores - UBE/PE. Publicou três livros de poesia: Universos (1997), Iluminados (1999) e Luzes do quotidiano (2005), este último transcrito para o Braille em 2006.
De
MARGINAL RECIFE
Organizadores: Valmir Jordão e Lara
Recife: Prefeitura do Recife, Secretaria de Cultura,
Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 2007
92 p ( Coletânea poética 5 )
Gentilmente cedido por Silvio Hansen
Medo
Tenho medo das mãos humanas,
mãos imprevisíveis nos gestos:
hábeis no sentido da amabilidade,
ágeis instrumentos de atrocidades.
Tenho medo da inconstância do ser,
insensato ser no agir impulsivamente,
raro animal, racional, intelectual,
mau animal que mata o ser sem fome ter.
De que serão as minhas mãos capazes,
se o meu coração não mais consentir
comandá-las... adestrá-las?
Não são castas as minhas mãos,
porém, são mãos que escrevem sonhos —
a ficção ausente de medo: poesia.
Poema das cores
a Sérgio Leandro
Vejo-te colorido de luzes
nas cores da noite estrelada
a recitar amarelo verso de outono,
Vejo-me de luzes coloridas
na relva que deito e amanheço
na Poe-Leandra cantante.
Nas luzes de ardente alvorada
passo o pão com as mãos-servas
às mãos-cores que o poema enaltece.
Página publicada em janeiro de 2011 |