LAURA LIMEIRA
é pernambucana de Recife, nasceu em 28 de dezembro e escreve desde os quatorze anos de idade. Por convicção, procura manter o seguimento às temáticas com tendências ao romântico-erótico-sensual, praticando-o em suas criações com a liberdade que o modernismo proporciona à inovação dessa forma literária. Com isso, consegue em seus textos aliar criatividade, romantismo, sensualidade, erotismo, e acima de tudo legitimidade no estilo, optando por uma linguagem poética que impressione no sentido verdadeiro da emoção. Lançou vários e-books na web, com poemas de sua autoria e participou de duas Antologias impressas intituladas “POESIA SÓ POESIA”, pela Editora Novas Letras, e “RODA MUNDO, RODA GIGANTE 2004”, pela Ottoni Editora.
SENTIMENTO AGONIZANTE
Hoje, diante do espelho busquei-me no reflexo...
Olhei dentro dos meus olhos e os encontrei agonizantes
Afogando-se nas lágrimas que escorriam pela minha face
Procurei minha alegria, meu sonho, minha poesia
Encontrei só ruína pelos cantos do meu dia
Lá do céu as estrelas enfeitavam a noite, e a lua em silêncio
Caminhava entre as nuvens fazendo-lhes companhia...
O meu corpo já cansado serenou com a madrugada
Lá fora, os gatos com seus miados gemiam fazendo amor
Os cães vira-latas esfomeados pelas ruas latiam tanto
Como se em vez de fome, também sentissem dor...
Lá se foi mais uma madrugada de solidão e tristeza
Foi de fato um dia lindo, só o sol não tinha luz
O horizonte cobriu-se de nuvem-cinza aos quatro cantos
Enquanto ao longe, na estrada, via-se o afastar d’um ônibus
Hoje o dia não foi muito diferente...
Busquei-me na rua, na lua, no jardim...
Tudo em vão, não me achei em lugar algum
Só encontrei você, inteiro dentro de mim!
INQUIETUDE
Passeio nas ruas, atravesso avenidas
Dobro esquinas, caminho nas calçadas
O tempo claro tornou-se escuro
E a chuva miúda vai espalhando
Um cheiro agradável de terra molhada...
O tempo nublado e a melancolia
Faz-me sentir triste, vazia...
Na rua, o barulho é tremendo!
Caminho apressada, com medo de tudo
Tomo um café na esquina
Arrumo o casaco, e sigo em frente...
Entro na loja e te busco entre aromas
Colônias, sabonetes, loções...
Volto para casa, escrevo um poema
Escuto aquela nossa música
Você está tão longe...
Escuto o telefone, quem dera fosse você...
Abro a caixa dos correios e não há nada lá
Tomo um banho, coloco o nosso perfume
Entro no quarto e deito-me à relaxar
Mas tua foto sorri na cabeceira da cama
Deixando-me nervosa a me desequilibrar...
A noite adentrou na madrugada
E a cidade lá fora continua nublada
Há muito a saudade só atormenta
Roubando-me a paz, deixando-me insone
Fazendo-me zanzar para lá e para cá
Deixando-me inquieta pelos cantos da casa
Nos recantos que há...
Insisto em escrever, tento ler
Aquietar-me...desisto!
Retorno às ruas, passeio, atravesso avenidas
Dobro esquinas, caminho nas calçadas...
VEJO-TE
Vejo-te no ontem
No hoje, no amanhã
No dia a amanhecer
No entardecer a surgir
Adentrando o anoitecer
E na madrugada a nascer
Vejo-te em meus sonhos
Na solidão e na saudade
No suspiro dos amantes
Na mais simples amizade
Vejo-te também nos trejeitos
De toda a gente passante
Tu és minha obsessão
Perseguindo-me aonde vou
Na terra, no céu, no mar
Vejo-te em qualquer lugar
Seja dia, tarde, ou noite
Estás sempre em meu olhar
Vejo-te no domingo e na segunda
Da terça à sexta, também
Já no sábado, que alegria
Reservo-o bem guardado
Somente para ficar em casa
Vendo-te nas fotografias
Vejo-te tanto, e em tantos lugares
Nos dias, meses e anos
Que nem dá para sentir saudade
Mas quando sonho contigo
Vejo-te ao meu lado, lá longe
No horizonte da minha mocidade!
LÁPIS DE COR
Enquanto risco e rabisco
Vou multicolorindo minha dor
Acariciando-a com palavras
E sentimentos de amor
Gosto de rabiscar com o preto
E depois riscar sobre o bordô
Assim, sem desconfiar
Vou expondo minha dor
Um multicor de sentires
Dispostos igual um leque
Rediviva, a lembrança volta
Daquele menino-moleque
Na caixa dos lápis de cor
Vieram todos encantados
E quando testei, um a um
Surgiu o arco-íris dourado
Na ponta desse tal arco-íris
Vislumbrei algo se mexendo
Reconheci um anjo-de-sol
Sorrindo e cheio de dengo
Deslumbrada, fiquei a olhar
Àquela imagem no céu
Mas, de repente despertei
Foi só um sonho de papel...
Página publicada em dezembro de 2007.
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