LAERT WANDERLEY NAVARRO LINS
Nasceu no Recife e mudou-se, com a família, ainda pequeno, para Santa Catarina, onde seu pai, o Desembargador Antonio Wanderley Navarro Pereira Lima, exerceu a magistratura.
Exerceu funções públicas como delegado do Tribunal de Conta da União em Santa Catarina, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Maranhão e Mato Grosso. Escreveu poemas desde a tenra idade mas só teria se convencido da vocação quando, por ocasião do falecimento de seu pai, escreveu o soneto “Meu Pai”, publicado no “Correio da Manhã”. De Ocaso”, de 1944, reúne as primeiras criações poéticas. Toda a obra do autor foi reunida em “Das Primeiras às Últimas Poesias”, em 1961, pela Livraria São José, do Rio de Janeiro.
MEU PAI
Partiste um dia e nos deixaste ao lado,
Tristes, chorando a tua longa ausência,
E implorando ao Senhor graça e clemência,
Se na vida tiveste algum pecado!
Tu, que sofreste tanto na existência,
Que, sempre, o bem fizeste, Pai amado,
Quem sabe se por Deus foste chamado,
Para viver em doce convivência?
Quem sabe? Este consolo é que nos resta:
Pensar que a morte par ti foi festa,
Inspirada por Deus — Nosso Senhor!
Se assim o foi, que a ti não chegue o pranto,
Desta saudade que amargura tanto,
No desespero atroz da nossa dor!
EU
Eu, talqualmente, todos os mortais,
Vivo algemado à leis da Natureza;
Se tenho em mim blandícias sensuais,
Sinto, às vezes, assomos de maleza.
Tudo, na vida, é instável e fugaz;
E eu, plenamente certo da certeza,
De que todos os homens são iguais,
De mim afasto a idéia de grandeza.
Quero, mesmo, ser como toda a gente,
Que, neste Mundo mísero e inclemente,
Suporta as contingências da matéria!
É insano aquele que, visando a glória,
Trabalha para se inscrever na História,
De um Mundo de maldade e de miséria!
Página publicada em setembro de 2009
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