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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JOSÉ LAURENIO DE MELO

 

Além de poeta, José Laurenio de Melo foi importante tradutor e editor. Foi um dos fundadores do Gráfico Amador, que tornou-se um marco na história do design gráfico brasileiro, produzindo pequenas tiragens experimentais de grande apuro visual e qualidade gráfica. 

De

AS CONVERSAÇÕES NOTURNAS
& OUTROS POEMAS

Seleção e organização de José Alexandre Barbosa
Prefácio de Ariano Suassuna
ISBN: 978-85-7480-363-0

 

 

AS CONVERSAÇÕES NOTURNAS (1950)


3

Breve procura delineada

neste ser imperfeito.

A pena, o silêncio, a agonia

e algo que, não pressentido,

resvala na triste espessura,

desvairam em secreta solidão.

Solvem-se os ígneos sinais

detidos na fronte do penedo

nascido de extinto pântano.

 

 

4

 

Não só a planta, o frenesi

do cedro e do linho triunfantes,

também os frutos me pertencem.

Não os ouvi nascer, é certo,

como dizem que nas campinas

os animais ouvem nascer o pasto.

E como os ouviria, com estes sentidos

enlouquecidos, como se tivessem bebido

mortais canções e luz desfeita?

Pudessem os frutos, provados, ensinar

a terrível lucidez dos animais,

e eu já não seria o que era antes.

 

 

ANOTAÇÔES DE AGOSTO (B)

 

Tudo ficou por fazer.

A poesia, nenhuma.

As palavras não me configuram.

Me abandono a elas

para continuar o mínimo de mim mesmo.

Tudo o que você viu não fui eu.

Não foi o meu peito, porque

todo eu sou necessidade de comunicação.

Só que não posso pedir-lhe que me ouça.

Você pode não querer.

Você às vezes é fechado,

embora seja multidão incontida

e brade justiça.

Mas seus movimentos são os meus.

Por deficiência minha é que não nos entendemos.

Olhe: colho o tumulto e guardo-o comigo.

Vontade de explodir, eu tenho.

Anulo-me sem estilhaços, porém.

 

(1948)

 

 

PRELUDIO À TREVA

 

Minha viagem é densa:

conduzo sementes, pus

e uma vaga superstição.

Como é tempo de Carnaval,

visto-me de dinheiro velho

e preparo-me para o nojo.

Meus irmãos me dispensaram,

pediram vinagre, beberam,

sopraram os fusos horários

e se dispersaram.

Por isso aqui estou

perdido e farto de memórias.

Letra e verbo já não existem,

mesmo como frutos.

 

(1948)

 

 

Página publicada em outubro de 2009


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