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JOSE EDUARDO MARTINS DE BARROS MELO
José Eduardo Martins de Barros Melo Nasceu em Recife-PE, em 1962. Ao lado de Francisco Espinhara, iniciou o Movimento dos Escritores Independentes de Pernambuco e teve ativa participação na vida cultural nos anos 80. É estudioso da obra de Manuel Bandeira e sobre ele, além de diversos artigos, publicou os livros “Bandeira: uma poética de múltiplos espaços” e “Os caminhos Movediços de Bandeira. É professor do PPGMEL/UNIR, membro do Grupo de pesquisa em Poética Brasileira Contemporânea da Universidade Federal de Rondônia e da Diretoria executiva da revista do Centro de Estudos da Linguagem Re-UNIR.
Publicou os livros de poemas Restos do fim (em parceria com Cida Pedrosa), A batalha pelo poema (Com Francisco Espinhara e Pedro do Amaral Costa), Eczema no lírico, Procissão da palavra, O lado Aberto, A palavra falta, Este livro não existe e outras inexistências, Retalhos de água” e o livro “Movimento dos Escritores Independentes (História e produção Literária) com Maria Elizabete Sanches, além do folheto intitulado NU-UN.
Atualmente é consultor das revistas acadêmicas Reunir e Igarapé e atua como Coordenador do Curso de Letras à distância na Universidade Aberta do Brasil, na UNIR/Campus de Porto Velho (Rondônia).
Extraído de:
REVISTA PIXÉ - Cuiabá - Mato Grossol
EDIÇÃO NO. 5 – ANO 1 – AGOSTO/2019
OCEANOGRAFIA DO ROSTO
transparente, o rosto
também é água
fora de seus domínios
tenta ser olho apenas
para evadir-se
como parte de rio
em seu templo sereno
as ondas são inimigas
deste mar equilibrado
como concha, ainda
revela-se o rosto
Pacífico e Atlântico
Índico, em seu idílio
de remontar outro mar
Ártico, em desejo
de querer-se íntimo
Glacial, Antártico,
em desejo de se revelar.
A palavra zero
Eduardo Martins
Todo redondo do mundo
Só cabe de ser profundo
No fundo palavra zero
Porque em seu centro dorme
Esta oração que comove
E se planta de desertos
No vazio que renova
Outro mundo que, se forma,
É centro palavra zero
Todo redondo do mundo
No centro de outro fundo
É fundo quase deserto
O ceramista
Eduardo Martins
Uma peça quando outra
Sempre diz mais que de atrito
E se une lado a nova
Pelas mãos do ceramista
Peça que outro sermão
De ser discurso de riscos
Ou de outro corpo encosta
Tanto mais cor do que brilhe
Ser invento em solo firme
Ou cerâmica de novo
Colada quase sentido
De cacos de piso posto
Pois rejunte há de ser risco
Que se gruda pelo outro
Ou que outro há de atrito
Que atrito não se ouve.
Oceanografia do rosto
Transparente, o rosto
Também é água
Fora de seus domínios
Tenta ser olho apenas
Para evadir-se
Como parte de rio
Em seu templo sereno
As ondas são inimigas
Deste mar equilibrado
Como concha, ainda
Revela-se o rosto
Pacífico e atlântico
Índico, em seu idílio
De remontar outro mar
Ártico, em desejo
De querer-se íntimo
Glacial, Antártico,
Em desejo de se revelar.
GEOGRAFIA DO MAL
Recife, diluidora
Dos meus sonhos
Tens água suficiente
Para afogar-me.
Tuas lâminas de vento
Ensaiam o corte
De minhas pontes
Respiratórias.
Em ti, sou ilha,
Cercado de males
Por todos os lados.
[Poemas extraídos de http://versudiveersus.blogspot.com/ ]
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Página publicada em agosto de 2019
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