HIDERALDO MONTENEGRO
Nasceu em 26 de novembro de 1957 em Moreno, Pernambuco. Aos 18 anos foi morar em São Paulo, onde viveu durante 10 anos. Neste período, trabalhou na Editora Abril (no setor de quadrinhos). Publicou charges e cartuns em vários jornais e revistas. Participou do VII e VIII Salões Internacionais de Humor de Piracicaba. Ganhou menção honrosa no I Salão Nacional de Humor de Goiânia. Trabalhou durante curto tempo, desenhando vinhetas e caricaturas, no jornal O Estado de São Paulo. É casado com Maria Castro (Mariinha) e tem 3 filhos, Danuza, Flávio e Vagner. Como desenhista ilustrou o livro do jornalista Sérgio Augusto da Silveira, Reportagem e Resistência. Também ilustrou os livros das peças teatrais do escritor Cícero Belmar, A Flor e o Sol e A Floresta Encantada. Criou a capa e ilustrou o livro A Morte Trágica da Patinha do escritor Paulo Fernando Farias. Atualmente colabora esporadicamente com artigos sobre misticismo com uma revista do gênero. Hoje, além da poesia, se dedica principalmente dos estudos místicos e, neste campo, fez algumas palestras e publicou dois livros sobre o assunto. Concomitantemente sempre desenhou e escreveu.
Em 1984 começou a publicar poemas em alguns jornais e revistas. Publicou dois livros de crônicas pela livrorápido A Eternidade do Ser e A Ponte Cósmica. No ano de 2010 publicou os livros de poesias Alquimia das Águas, O Pássaro e Humano Canto, respectivamente, pela Artexpressa Editora. e-mail: hideraldo2007@yahoo.com.br
A seguir, as capas do livros:
Vea también: TEXTOS EN ESPAÑOL Y PORTUGUÊS
ESPELHO
Escrever com água
é permitir a fluidez das idéias
que se somam e modificam
o curso das palavras
Escrever com água
é matar a sede
dos que procuram contemplar-se
a si mesmos
Escrever com água
é se adaptar a todos os recipientes
e refletir o que todos sentem
IDENTIDADE
Que povo eu sou
que senta comigo no sofá
e que assiste a TV embasbacado?
Que povo eu sou
se não sou um
mas muitos nós?
Que povo eu sou
que vai à missa
e pede perdão e pede clemência
e salvação pelos erros
que cometem conosco comigo?
Que povo eu sou
incompleto e perdido?
Que povo eu sou
que vivo olhando
para o meu próprio umbigo
e não me encontro em mim
mesmo nos outros eus?
Que povo eu sou
se não sou eu?
INSPIRAÇÃO
A poesia só acontece
quando me deixo
quando me deito
quando me vejo
quando me mexo
POEMA
A poesia é rima,
palavra e esgrima?
A poesia é artifício,
metro e vício?
A poesia é construção,
arquitetura sem paixão?
A poesia é luxo acadêmico,
que evita da pele o endêmico?
A poesia é esqueleto, carne, corpo
ou idéia, mente que sustenta o dorso?
O POMBO
Um homem sentado numa praça
de Curitiba, São Paulo, Recife, Londres...
Aquele homem é o mesmo
em todas as praças do mundo?
Um homem pousa num banco
e seus pensamentos voam igualmente
como o pensamento de todos os homens
sentados numa praça qualquer
Eis um homem pousado voando
pelo mundo
Esse homem é um pombo
Esse homem é a paz
Será por isso que existem praças
para os homens pousarem
e soltarem as suas asas?
VIAGEM
Esse sangue
esse poço
essa vontade
de me erguer
verticalmente
até o topo
de minha cabeça
definem o meu tamanho
dentro de mim
CRESCIMENTO
Viajo na perspectiva
—As coisas se fecham e se abrem
atrás e à minha frente
Viajo
de táxi, ônibus, navio, trem ou metrô
e tudo não passa
de uma viagem interior
SINAIS
Essa alma inscrita no tempo
marca um espaço temporário
paradoxalmente eterno
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TEXTOS EN ESPAÑOL Y PORTUGUÊS
Traducción María Cristina Ogalde, Talcahuano-Chile
RECUERDOS
colecciono palabras antiguas
y es un extraño placer
pero bordada de caminatas
de pies de avenidas puentes rios
Hago gestos anchos y dejo fluir
la risa y la lágrima con la misma intensidad
de los navios que cruzan mares,rostros,miradas
Grabo los ojos de las niñas en mi rostro
y guardo siempre abiertos recuerdos
no disfrazo mis fantasías
sigo abierto
siempre con el corazon adelante
de esta procesion de mi mismo
LEMBRANÇAS
Coleciono palavras antigas
e um gosto estranho pelo bordado da caminhada
dos pés estradas pontes rios
Estruturo gestos largos e deixo fluir
o riso e a lágrima com a mesma intensidade
dos navios que cruzam mares rostos olhares
Fixo os olhos das meninas em minha cara
e guardo sempre abertas lembranças
Não disfarço minhas fantasias
Sigo aberto
sempre com o coração à frente
desta procissão de mim mesmo
INSOFISMÁVEL
Este cuerpo que cruza la vida, la garganta, la época
cruza la zanja, el foso,
el viento alcanzable como el ganado y el heno.
Este cuerpo, nesesario instrumento, inevitablemente afinado con el tiempo
lucha por mantenerse atento, pulsante y, a veces, dormido
como puerta, concha, molino,veleta
Atraviesa la noche, el sueño, los sueños, la estación, el tren,
la frente, el pelo, el peine.
Viste caras, amores, rencores,bocas,dientes,
abrazos, miedos, pájaros, serpientes.
Atraviesa el gozo, el abrazo y el aguardiente
y aún asi despierta pesado,
y solo no logra traspasar la oscuridad, el cuchillo, el dolor de dientes.
INSOFISMÁVEL
Este corpo que atravessa a vida, a garganta, o tempo
atravessa o fosso, a fossa, o vento
sempre mensurável como o gado e o feno
Este corpo, irrecusável instrumento, indissoluvelmente afinado com o tempo
luta para se manter atento, pulsante e, às vezes, dormente
como porta, concha, moinho, cata-vento
Atravessa a noite, o sono, o sonho, a estação, o trem
a fronha, o cabelo, o pente
Veste caras, amores, rancores, bocas, dentes
abraços, espantos, pássaros, serpentes.
Atravessa o gozo, o abraço e a aguardente
Contudo, acorda pesado
e só não consegue atravessar a cova, a faca, a dor de dente.
CERTEZA
Lo que de esta mano queda
luz, oscuridad,abertura?
Que suelo puso a la memoria
por donde anda el vuelo,
la semilla,el grano?
Y el mundo en vueltas
vuelve al comienzo
de todo
todo es apenas recuerdos
puso amplificados
y el suelo nos espera
en caminos ya trazados
-líneas de la mano
CERTEZA
O que desta mão resta
luz, escuridão, fresta?
Que chão pouso a memória
por onde anda o vôo
a semente, o grão?
E o mundo em volta,
volta ao começo
de tudo
tudo é apenas recordação
pouso amplidão
E o chão nos espera
em estradas já traçadas
-linhas da mão
DESPEDIDA
No me esperen para la cena
No me esperen en las esquinas
sigan adelante
sacudan los pies,
escobillen los dientes
hagan la fiesta
canten , bailen
y liberen todos sus fantasmas
de mi
y vela no necesitan encender
Digan solamente adiós
y me dejan en paz
que no soy mas de aquí
-Al final, este silencio mío
no es convincente?
DESPEDIDA
Não me esperem para o jantar
Não me esperem nas esquinas
Não sejam bestas em me esperar
Sigam em frente
Escovem os pés penteiem os dentes
Façam a festa
Cantem dancem
e soltem todos os seus fantasmas
de mim
e vela não precisam acender
Digam apenas adeus
e me deixem em paz
que daqui não saio mais
-Afinal, este meu silêncio
não é convincente?
TRINCHERA
Que vengan las cigueñas
que vengan los abrazos abiertos
que venga la sonrisa leve, segura, cierta
que vengan las mentiras,
las verdades, las verguenzas
que venga el vuelo, el aterrizaje y los nietos
que vengan todos los aeropuertos
que vengan y pasen todos
que necesito continuar en campo abierto
vivo o muerto.
TRINCHEIRA
Que venham as cegonhas
Que venham os abraços abertos
Que venha o sorriso leve fixo certo
Que venham as mentiras as verdades e as vergonhas
Que venham o vôo e o pouso e os netos
Que venham todos os aeroportos
Que venham e passem todos
que preciso continuar em campo aberto
vivo ou morto
Página ampliada e republicada em agosto de 2010.
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