Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


FRANCISCO BANDEIRA DE MELLO

FRANCISCO BANDEIRA DE MELLO

 

 

Poeta, jornalista, advogado, nasceu no Recife em 29 de abril de 1936. E,m 1955: prêmio de Poesia do Estado de Pernambuco, com o livro "O pássaro narciso". Redator do Jornal do Comércio do Recife. Publicou, entre outros, o livro de poemas "A máquina de Orfeu".) Membro  da Academia Pernambucana de Letras.

 

 

O HOMEM DE PEDRA

 

Hoje deu-me náuseas

a arte: força é cantar

os ritmos do escuro

as rosas sepulcrais

o nosso barro imóvel?

 

O mundo: caos e ordem.

E os nossos olhos flamam

de sonhos, no sal longínquo

dos lagos da espera.

 

Apagam-se as rosas

belas e verdes, na noite.

Ficamos sós embebidos

de esperanças e cinzas.

 

Quem estamos nós

quando estamos sozinhos?

que sol corrói nossa alma

perfumada e escura?

 

Prisioneiros, um dia

vestimos nossa mão de luta

de roxas desilusões

e pálidos abismos.

 

Prisioneiros, um dia

vestimos nossa mão

de luta, comícios de pedra.

 

          (A máquina de Orpheu)

 

 

VELHO TEMA

 

Só eu sinto o que sinto

e mais ninguém

(e isto me consola também).

 

Quando eu vou pelas nuvens

          de acanto

solitário e tranquilo

que coisas pergunto

além do meu brilho?

 

Porque bebo tanta cinza

se já sou maior

se já tenho patente

de ser o que sou?

 

Vou pela estrada sem brilho

sozinho sem ninguém

como se das trevas extrair

          pudesse

a lembrança de alguém.

 

Depois eu sei que sou um quarto

do que poderia ser

uma estrela que brilha

com tal estribilho

que não sei viver.

 

          (A máquina de Orpheu)

 

(Extraído da antologia A NOVÍSSIMA POESIA BRASILEIRA. Seleção  de Valmir Ayala. Rio de Janeiro: 1962. (Série Cadernos Brasileiros, 2)

 

 

 

O EQUILIBRISTA

 

Tocávamos clarinete na corda bamba

subíamos às altas torres do Egito

passeávamos de pára-quedas

no sol sem fim dos dias de fogo

subíamos à capota do avião

por cima das nuvens

recitávamos poemas à lua

tocando nela.

 

Andávamos nos parapeitos dos edifícios

de um pé só na balaustrada dos abismos

não caíamos dos fios metálicos do circo

andando de cabeça para baixo

nem do alto da torre Eiffel correndo

sonâmbulo.

Só na vida é que não nos equilibrávamos.

 

 ================================================================================

 

 

PERGUNTAS

 

o que vale Duvalier?

vale um vale de lágrimas

 

o que vale Stroessner?

o stress de um povo

 

e o general Ogania?

a agonia geral

 

e René Barrientos?

pouco mais que o barro

 

e Richard Nixon?

não vale nem isso

 

e o general Alvarado?

eu não sei o que vale

 

e o generalíssimo Franco?

menos do que o peso

 

e o Perez Jimenez?

nada bom se espere

 

e Fidel? e Fidel

vale um povo castrado

 

e Arthur Costa e Silva?

uma selva sem nada

 

(o que vale essa gente?

é o que me pergunto).



Francisco Bandeira de Mello.
Eztraído da revista poesia postal N. 5 INVENÇÃO DE POESIA Junho 2005, Org. Silvio Hansen, patrocinio Prefeitura do Recife.  (folhas soltas em envelope para postagem).

 

 

Página publicada em fevereiro de 2009. ampliada e republicada em dezembro 2010

Voltar para o topo da página Voltar para a página de Pernambuco

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar